A gula de Flusser e o futuro ultratecnológico da comida: entre a ficção científica e a ciência ficcional
DOI:
https://doi.org/10.19132/1807-8583202051.280-299Palabras clave:
Comunicação. Discurso científico. Ficção filosófica. Tecnologia. Natureza.Resumen
O artigo discute representações midiáticas da tecnologia enquanto elemento estruturante da sociedade do consumo neoliberal contemporânea à luz do pensamento flusseriano. Toma, por ponto de partida, a análise do texto Da gula, publicado originalmente pelo autor no jornal O Estado de São Paulo, em 1963. O objeto empírico escolhido para esse percurso é o imaginário social sobre o futuro da comida, no âmbito do qual a tecnologia assume diferentes perspectivas, que vão desde a denúncia do seu papel na exaustão dos recursos naturais e do comprometimento da sobrevivência humana, até a superação das mazelas do capitalismo industrial pela reinvenção laboratorial de novos alimentos. O corpus é composto por matérias jornalísticas que foram capas de revista de diferentes gêneros no ano de 2019, das quais os excertos extraídos são analisados com o suporte teórico-metodológico da análise do discurso. Explorando visões da tecnociência como dispositivo autônomo e irrefreável de produção do desenvolvimento, segundo suas próprias dinâmicas e racionalidades, o artigo problematiza as possibilidades de regulação social do progresso tecnológico no âmbito de uma ética tecnológica para o futuro.
Descargas
Citas
ADAMS, Carol J. The sexual politics of meat: a feminist-vegetarian critical theory. New York: Blomsbury Academic, 2015.
ADAMS, Carol J. The pornography of meat: new and a updated edition. New York: Blomsbury Academic, 2020.
ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985.
ATWOOD, Margaret. Oryx and Crake. New York: Random House Publishing Group, 2003.
ATWOOD, Margaret. The handmaid’s tale. New York: Random House Publishing Group, 1985.
ATWOOD, Margaret. The testaments. New York: Doubleday, 2019.
BAITELLO JUNIOR, Norval. A gula de Flusser: a devoração da natureza e a dissolução da vontade. In: BAITELLO JUNIOR, Norval. A serpente, a maçã e o holograma: esboços para uma teoria da mídia. São Paulo: Paulus, 2010, p. 13-30.
BAKTHIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
BAUMAN, Zygmunt. Vida de consumo. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2008.
BRAIT, Beth. Contribuições bakhtinianas para a análise do verbo-visual. In: BASTOS, Neusa Barbosa. (Org.). Língua Portuguesa: lusofonia, memória e diversidade cultural. São Paulo: EDUC/FAPESP, 2008, p. 257-269.
CALDERÓN, Andrea Soto. Juego e imaginación em Vilém Flusser. Flusser Studies, n. 13, mai., 2012.
CASTORIADIS, Cornellius. Encruzilhadas do labirinto/1. São Paulo: Paz e Terra, 1975.
COLLINS, Patrícia Hill; BILGE, Sirma. Intersectionality. Cambridge, UK; Malden, MA: Polity Press, 2016.
COURTINE, Jean-Jacques. Análise do discurso político. O discurso comunista endereçado aos cristãos. São Carlos: Edufscar, 2009.
CRONIN, James; FITCHETT, James. Lunch of the last human: nutritionally complete food and the fantasies of market-based progress. Marketing Theory, v. 20, n. 2, abr./ 2020.
ECO, Umberto. A vertigem das listas. Rio de Janeiro: Record, 2010.
ELBEHRI, Aziz (Ed.). Cimate change and food systems: global assessments and implications for food security and trade. Rome: FAO, 2015.
EQUIPE DA REVISTA PLANETA. Os veganos vão salvar o planeta? Planeta, ano 48, n. 547, p. 30-35, mai./2019
FABRO, Nathalia. Do laboratório à mesa. Galileu, n. 338, p. 25-34, set. 2019.
FARENCENA, Gessélda; PEREIRA, Luciara. As especificidades do gênero capa de revista. Ideias, v.21, p. 68-73, 2005.
FELINTO, Erick. Zona cinzenta: imaginação e epistemologia fabulatória em Vilém Flusser. In: FELINTO, Erick; MÜLLER, Adalberto; MAIA, Alessandra (Orgs.). A vida secreta dos objetos: ecologia das mídias. Rio de Janeiro: Azougue, 2016, p. 11-27.
FILIPPE, Marina; BOMFIM, Murilo. A reinvenção da comida. Exame, ano 53, n. 17, edição 1193, p. 16-29, 18 set. /2019.
FLUSSER, Vilém. Da gula: O Estado de São Paulo, Suplemento Literário, p. 41, 7 de dezembro de 1963.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996.
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
GARATTONI, Bruno. O futuro da comida. Superinteressante, n. 402, p. 20-34, mai./2019.
GIDDENS, Anthony. A política da mudança climática. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
GORE, Albert. A Terra em balanço: ecologia e espírito humano. São Paulo: Augustus, 1993.
GREGOLIN, Maria do Rosário. Análise do discurso e mídia: a (re)produção de identidades. Comunicação, Mídia e Consumo, v. 4, n. 11, p. 11-25, nov. / 2007.
HUXLEY, Aldous. Brave new world. New York: Garden City Publishing Company, 1932.
JONAS, Hans. O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Rio de Janeiro: Contraponto; Ed. PUC-Rio, 2015.
JUNQUEIRA, Antonio Hélio. A Igreja entra no clima: comunicação, educação e consumo em “Sobre o cuidado da casa comum” – encíclica papal de Francisco. Comunicação, Mídia e Consumo, v. 15, n. 44, p. 583-599, set./dez. 2018.
KLEIN, Naomi. This changes everything: capitalism vs the climate. New York: Simon & Schuster, 2014.
LEVINOVITZ, Alan. Natural: how faith in nature's goodness leads to harmful fads, unjust laws, and flawed science. Toronto: Penguin Random House, 2020.
MANARINI, Thaís. A dieta que vai salvar você e o planeta. Saúde, n.º 448, out. 2019.
MCARTHY, Cormac. A estrada.. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.
MCEWAN, Ian. Solar. New York: Random House Publishing Group, 2010.
MOITINHO, Fábio. A era dos alimentos de laboratório. Dinheiro Rural, ano 15, n, 171, p. 40-46, jul./2019.
NIBERT, David Alan. Animal Oppression and Human Violence: domesecration, capitalism, and global conflict. New York: Columbia University Press, 2013.
ORWELL, George. Nineteen Eighty-Four. London: Secker and Warburg, 1949.
PERROTA, Ana Paula. Ciência e política no ativismo em favor do direito dos animais. Vivência – Revista de Antropologia, n. 49, p. 13-32, 2017.
PÊCHEUX, Michel. O discurso: estrutura ou acontecimento. Campinas: Pontes, 1983.
REES, Martin. Our final hour: a scientist's warning: how terror, error, and environmental disaster threaten humankind's future in this century - on earth and beyond. New York: Basic Books, 2003.
ROBINSON, Kim Stanley. New York 2140. New York: Orbit, 2017.
RORTY, Richard. Conséquences du pragmatism. Paris: Editions du Seuil, 1993.
RUDY, Kathy. Locavores, feminism, and the question of meat. The Journal of American Culture, v. 35, n.1, p. 26-36, feb./ 2012.
SFEZ, Lucien. Crítica da comunicação. São Paulo: Edições Loyola, 1994.
SFEZ, Lucien. A saúde perfeita: crítica de uma nova utopia. São Paulo: Edições Loyola, 1996.
SODRÉ, Muniz. Antropológica do espelho: uma teoria da comunicação linear e em rede. Petrópolis: Vozes, 2002.
SPRINGMANN, Marco; GODFRAY, Charles; RAYNER, Mike; SCARBOROUCH, Peter. Analysis and valuation of the heath and climate change cobenefits of dietary change. Proceedings of the National Academy of Science (PNAS), v. 113, n. 15, p. 4146-4151, April 12, 2016.
STENGERS, Isabelle. No tempo das catástrofes – resistir à barbárie que se aproxima. São Paulo: Cosac Naify, 2015.
THE LANCET COMMISIONS REPORT. Food in the Anthropocene: the EAT-Lancet Commision on healthy diets from sustainable food systems. Lancet, n. 393, p. 47-492, jan. 2019a.
THE LANCET COMMISIONS REPORT. The global syndemic of obesity, undernutrition, and climate change. , v. 393, n. 10.173, p. 791-846, 2019b. TOFFLER, Alvin. O choque do futuro. Rio de Janeiro: Editora Artenova, 1972.
VALIM, Carlos Eduardo. Sem carne, com lucro. Isto é Dinheiro, ano 20, n. 1104, p.32-37, 23 jan,/ 2019.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2020 Antonio Hélio Junqueira

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0.
Los derechos de autor de los artículos publicados en esta Revista pertenecen a los autores, y los derechos de la primera publicación están garantizados para la revista. Por estar publicados en una revista de acceso libre, los artículos son de uso gratuito, con la atribución apropiada, en las actividades educativas y no comerciales.
La revista utiliza la Licencia Creative Commons Attribution (CC BY-NC 4.0), que permite el intercambio de trabajo con el reconocimiento de la autoría.
Autoarchivo (política de repositorios): se permite a los autores depositar todas las versiones de sus trabajos en repositorios institucionales o temáticos, sin período de embargo. Se solicita, siempre que sea posible, que se agregue la referencia bibliográfica completa de la versión publicada en Intexto (incluido el enlace DOI) al texto archivado.
Intexto no cobra ninguna tarifa por el procesamiento de artículos (article processing charge).