Silenciamento, visibilidade controlada ou representatividade? Que “negro” é esse em Guilhermina e Candelário?
DOI:
https://doi.org/10.19132/1807-8583202050.222-242Palavras-chave:
Representatividade. Raça e etnia. TV aberta brasileira. Guilhermina e Candelário. Significado da narrativa.Resumo
O modelo de representação social em voga nos produtos audiovisuais televisivos, em especial naqueles produzidos e veiculados no Brasil, tem suscitado estudos e debates. Apesar da crítica ao padrão hegemônico alicerçado em raça e etnia, caracterizado mais por ausências do que presenças, que historicamente compõe esta suposta representatividade, ainda predomina a invisibilidade que, em alguma medida, tem sido substituída por uma visibilidade controlada. Na contramão desta conjuntura, a animação colombiana “Guilhermina e Candelário”, exibida no Brasil pela TVE / TV Brasil, apresenta uma série de histórias vivenciadas por personagens negros. Considerando sua excepcionalidade na TV aberta brasileira, propomos analisar de que forma aspectos sociais estão ali retratados. Nessa trajetória empírica, focamos na análise dos quatro protagonistas desta animação, na busca dos significados da narrativa, propostos por Bordwell e Thompson (2008). Como resultado, salientamos que a trama, mais do que problematizar questões raciais, naturaliza os personagens de modo que a sua relevância não se baseia no fato de serem negros. Aspectos étnicos são apresentados de forma bastante sutil e não estão no cerne da narrativa. Ademais, observamos uma ruptura da hegemonia no que concerne à estrutura de gênero que alicerça a sociedade, também de forma natural, porém com maior centralidade, ainda que alguns aspectos dos personagens analisados contribuam para a manutenção de padrões culturalmente naturalizados.
Downloads
Referências
BARBOSA, Karina; SOUZA, Francielle. A solidão das meninas negras: apagamento do racismo e negação de experiências nas representações de animações infantis. Revista Eco Pós, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 75-96, 2018.
BORDWELL, David; THOMPSON, Kristin. Film Art: an introduction. New York: McGraw-Hill, 2008.
BUCKINGHAM, David. Crescer na era das mídias eletrônicas. São Paulo: Edições Loyola, 2007.
CAMPOS, Luiz; CANDIDO, Marcia; FERES JUNIOR, João. A Raça e o Gênero nas Novelas dos Últimos 20 Anos. Rio de Janeiro: UERJ, 2018.
COLLINS, Patricia Hill. Aprendendo com a outsider within: a significação sociológica do pensamento feminista negro. Sociedade e Estado, Brasília, v. 31, n. 1, p. 99-127, dez. 2016.
DENIS, Sébastien. O cinema de animação. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2010.
GILROY, Paul. O Atlântico Negro. Modernidade e dupla consciência, São Paulo/Rio de Janeiro: 34/Universidade Cândido Mendes – Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2001.
HALL, Stuart. Cultura e representação. 1.ed. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2016.
HALL, Stuart. Da diáspora: identidade e mediações culturais. Belo Horizonte/Brasília: Editora UFMG/Representação da UNESCO no Brasil, 2003.
LOPES, Ruy. SOCICOM Debate: a comunicação pública em questão: crise na EBC. 2. Ed. São Paulo: Socicom, 2016.
MALTA, Renata Barreto; SANTOS, Ruhan Victor Oliveira dos; REIS, Ana Alinny Cruz. Close de garota: a representação da mulher transexual em campanhas de beleza. Comunicação & Informação, Goiânia, v. 20, n. 17, p. 73-91, 2017.
MOORE, Carlos. Racismo e sociedade:novas bases epistemológicas para a compreensão do racismo na história. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007.
NASCIMENTO, Elisa Larkin. O sortilégio da cor: identidade, raça e gênero no Brasil. São Paulo: Summus, 2003.
NASCIMENTO, Gisêlda. Grandes mães, reais senhoras. In: NASCIMENTO, Elisa Larkin (org.). Guerreiras da natureza: mulher negra, religiosidade e ambiente. São Paulo: Selo Negro, 2008.
QUINTÃO, Adriana. O que elas têm na cabeça?: o alisamento e o relaxamento de cabelo como performance identitária de mulheres cariocas brancas e negras. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA, 29., 2014. Natal. Anais [...]. Natal: Associação Brasileira de Antropologia, 2014.
SARMENTO, Manuel. Gerações e alteridade: interrogações a partir da sociologia da Infância. Revista de Ciência da Educação/Centro de Estudos Educação e Sociedade, Campinas, v. 26, n. 91, p. 361-78, 2005.
SÉRIE infantil destaca na TV o empoderamento do negro nos meios de comunicação. Governo do Brasil, Brasília, v. 11, 15 nov. 2015. Caderno Cidadania e Justiça. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/11/serie-infantil-destaca-na-tv-o-empoderamento-negro-nos-meios-de-comunicacao. Acesso em: 01 set. 2018.
TV BRASIL. Guilhermina e Candelário: conheça os personagens do desenho. Portal EBC, Brasília, 06 out. 2015. Caderno Infantil. Disponível em: http://www.ebc.com.br/infantil/2015/10/guilhermina-e-candelario-conheca-os-personagens-do-desenho. Acesso em: 01 set. 2018.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2019 Renata Barreto Malta, Roseli Pereira Nunes Bastos, Cândida Santos de Oliveira

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os Direitos Autorais dos artigos publicados neste periódico pertencem aos autores, e os direitos da primeira publicação são garantidos à revista. Por serem publicados em uma revista de acesso livre, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em atividades educacionais e não-comerciais.
A revista utiliza a Licença de Atribuição Creative Commons (CC BY-NC 4.0), que permite o compartilhamento de trabalhos com reconhecimento de autoria.
Auto-arquivamento (política de repositórios): autores têm permissão para depositar todas as versões de seus trabalhos em repositórios institucionais ou temáticos, sem embargo. Solicita-se, sempre que possível, que a referência bibliográfica completa da versão publicada na Intexto (incluindo o link DOI) seja adicionada ao texto arquivado.
A Intexto não cobra qualquer taxa de processamento de artigos (article processing charge).