Androcentrismo e racismo na ciência

análise do quadro docente das universidades federais do Brasil por sexo e cor/raça

Autores

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583.56.134076

Palavras-chave:

ciência, docência, interseccionalidade, raça, gênero

Resumo

A partir de um aporte teórico relacionado às críticas feministas à ciência e ao feminismo negro, o estudo visa traçar o perfil do quadro docente das universidades federais no Brasil em termos de cor/raça e sexo. Isso permite dimensionar a participação de mulheres pretas nas atividades acadêmico-científico. Para isso, trabalha-se os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira dos anos 2019 e 2021. Conclui-se que as mulheres pretas, assim como as amarelas e indígenas (essas mais à margem) são minoria na docência em universidades públicas federais. Os dados reforçam algumas conclusões de outros estudos sobre ciência e gênero que afirmam que a ciência brasileira permanece masculina e branca.

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Biografia do Autor

Tuane Pacheco da Silva, Universidade Federal de Goiás

Mestranda em Comunicação na linha de Mídia e Informação no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Relações Públicas pela FIC/UFG (2013-2016). Tem estudos na área de Comunicação, atuando principalmente nos seguintes temas: preconceito, raça, mídias sociais, gênero, feminismo e ciência.

Suely Henrique de Aquino Gomes, Universidade Federal de Goiás

Professora titular aposentada da Universidade Federal de Goiás. Doutorado em Ciências da Informação pela Universidade de Brasília (1999); mestrado em Automação de Biblioteca - University College London (1991) e graduação em Biblioteconomia pela Universidade de Brasília (1987), Professora do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Comunicação, Cidadania e Cultura (PPGCOM/FIC), atuando nas linhas de pesquisas Midia e cultura e Mídia e Informação. As pesquisas conduzidas orbitam nos seguintes temas: comunicação científica; popularização da ciência; ciência e gênero; ciência inclusiva; ciência aberta, corpo, ciência e subjetividade; cibercultura, competência informacional; letramento informacional, biopolítica. Coordenou o Curso de especialização na modalidade EAD em Letramento Informacional: a educação para a informação. Fez parte gestão da ABECIN - representante da região Centro-Oeste, em 2016. Coordenadora do curso de Biblioteconomia (2006-2010; 2016- 2018). Foi editora da Revista Comunicação e Informação, mantida pelo PPGCOM/FIC (2016--2018). Coordena desde 2009 o GT - Corpo, Gênero e Subjetividade do Seminário Nacional Mídia, Cultura e Cidadania, organizado pelo PPCGCOM/FIC. Lider do grupo de pesquisa Olhares - Corpo, subjetividade, ciência.

Roberta de Castro Basile, Universidade Federal de Goiás

Mestranda em Comunicação, Cultura e Cidadania - linha Mídia e Informação (FIC/UFG). Especialista em Comunicação e Marketing (FARA/2008). Graduada em Comunicação Social - habilitação em Relações Públicas (UFG/2004). É servidora técnico-administrativa da Secretaria de Comunicação da Universidade Federal de Goiás. Possui experiência em organização de eventos, cerimonial público, comunicação interna, clipping de notícias, auditoria de imagem na mídia e monitoramento de redes sociais. Integrou os projetos de extensão Jornal UFG (2013), Dia C da Ciência (2017) e projeto de pesquisa Programa de Pesquisa e Diagnóstico da Comunicação Institucional da UFG/Secom (2014 e 2015). Colaborou com a implantação da Reitoria Digital UFG/Projeto de Pesquisa Atuação Institucional em Redes Sociais na Internet (2019-2020). Dedica-se, no momento, ao Projeto Visibilidade UFG, voltado ao relacionamento com a mídia e popularização da produção científica da universidade.

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Publicado

2024-03-07

Como Citar

Silva, T. P. da, S. H. de A. Gomes, e R. de C. Basile. “Androcentrismo E Racismo Na Ciência: análise Do Quadro Docente Das Universidades Federais Do Brasil Por Sexo E cor/Raça”. Intexto, nº 56, março de 2024, doi:10.19132/1807-8583.56.134076.

Edição

Seção

Artigos