Assessoria de imprensa, narrativas midiáticas e saúde: simbiose de fontes, jornalistas, leitores, personagens e afetos
DOI:
https://doi.org/10.19132/1807-8583201738.197-224Palavras-chave:
Narrativas midiáticas. Assessoria de Imprensa. Análise de Conteúdo. Brasil. Portugal.Resumo
As notícias não são um espelho do real, mas resultado de uma construção social e cultural com base em múltiplas fontes. Este estudo discute a influência da assessoria de imprensa na mídia contemporânea, por meio da análise de narrativas de dois press releases da área da saúde (um brasileiro e um português), selecionados no período de 19 de junho a 19 de julho de 2014, e da respectiva cobertura feita por dois jornais de grande circulação (um brasileiro e um português). A análise se faz por meio dos elementos narrativos, a fim de verificar se há a intenção de contar uma história no press release, com destaque para a construção de personagens, como formas expressivas de persuasão do aproveitamento do material pelo jornalista. O resultado aponta para a sugestão de histórias cujo eixo gravita em torno da função dos personagens e de sua capacidade de incitar empatia, compaixão e identificação. Entende-se as narrativas como formas de mediação, interpretação e transformação da experiência. Assim, como narradores contemporâneos que são, destaca-se a importância do critério desempenhado por jornalistas e assessores na composição de seus personagens.
Downloads
Referências
ABDALA JUNIOR, Benjamin. Introdução à análise da narrativa. São Paulo: Scipione, 1995.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.
BARTHES, Roland et al. Análise estrutural da narrativa. Petrópolis: Vozes, 1971.
BECKER, Howard S. Whose side are we on? Social Problems, Berkeley, v. 14, n. 3, p. 239-247, 1967.
BERLO, David K. The process of communication: an introduction to theory and practice. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1960.
BLUMLER, Jay G.; GUREVITCH, Michael. The crisis of public communication. London: Routledge, 1995.
BUENO, Wilson da Costa. A cobertura de saúde na mídia brasileira: os sintomas de uma doença anunciada. Comunicação & Sociedade, São Bernardo do Campo, v. 22, n. 35, p. 187-210, 2001.
CAMERON, Glen T.; SALLOT, Lynne M.; CURTIN, Patricia A. Public relations and the production of news: a critical review and theoretical framework. Annals of the International Communication Association, [S.l.], v. 20, n. 1, p. 111-155, 1997.
CAMPBELL, Joseph. As máscaras de Deus: mitologia criativa. São Paulo: Palas Athena, 2010.
CENTRO HOSPITALAR DE SÃO JOÃO. Joss Stone visita crianças internadas no São João. Porto, 2014. Disponível em: <http://portal-chsj.min-saude.pt/frontoffice/pages/16?
news_id=173>. Acesso em: 17 mai. 2015.
COLLUCCI, Cláudia. “Ursinhoterapia”. Folha de S.Paulo, São Paulo, 12 abr. 2014. Caderno Saúde + Ciência. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saudeciencia/160954-ursinhoterapia.shtml>. Acesso em: 17 maio 2015.
COMPARATO, Doc. Da criação ao roteiro. São Paulo: Summus, 2009.
COOK, Timothy E. Making laws and making news: media strategies in the U.S. House of Representatives. Washington: Brookings Institution, 1989.
CURRAN, J. Culturalist perspectives of news organizations: a reappraisal and case study. In: FERGUSON, Marjorie (Ed.). Public communication: the new imperatives. London: SAGE, 1990. p. 114-134.
DAVIES, Nick. Flat earth news: an award-winning reporter exposes falsehood, distortion and propaganda in the global media. London: Chatto & Windus, 2008.
DELOITTE TOUCHE TOHMATSU. Fala, jornalista! o que pensam os profissionais de redação no Brasil. c2012. Disponível em:
<http://pt.slideshare.net/Comunique-se/ppt-fala-jornalista-final>. Acesso em: 2 fev. 2015.
DUARTE, Jorge. Release: história, técnica, usos e abusos. In: DUARTE, Jorge (Org.). Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. São Paulo: Atlas, 2002. p. 286-305.
ELDRIDGE, John (Ed.). Glasgow Media Group reader: news content, language and visuals. London: Routledge, 1995.
GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. São Paulo: Ática, 2006.
GANDY, Oscar H. Beyond agenda setting: information subsidies and public policy. Norwood: Ablex, 1982.
GANS, Herbert J. Deciding what's news: a study of CBS Evening News, NBC Nightly News, Newsweek and Time. Evanston: Northwestern University Press, 1979.
HALL, S. et al. A produção social das notícias: o mugging nos media. In: TRAQUINA, Nelson (Org.). Jornalismo: questões, teorias e "estórias". Lisboa: Vega, 1993. p. 224-248.
HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: EDUSP: Perspectiva, 1971.
JAKOBSON, Roman. Linguística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 1975.
JOSS STONE levou sorrisos ao Hospital de S. João. Jornal de Notícias, Porto, 22 jul. 2014. Disponível em: <http://www.jn.pt/PaginaInicial/Gente/Interior.aspx?
content_id=4038879>. Acesso em: 17 mai. 2015.
LIPOVETSKY, Gilles. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004.
LOPES, Felisbela; FERNANDES, Luciana. À procura de uma vibrante esfera pública da saúde através da análise da imprensa portuguesa. In: MARINHO, Sandra (Org.). Olhares cruzados sobre comunicação na saúde: relatório de um debate. Braga: Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, 2012. p. 17-30.
MANNING, Paul. News and news sources: a critical introduction. London: Sage, 2001.
MANNING, Paul. Spinning for labour: trade unions and the news media environment. Aldershot: Ashgate, 1998.
MARTINEZ, Monica. A história de vida como instância metódico-técnica no campo da comunicação. Comunicação & Inovação, São Caetano do Sul, v. 16, n. 30, p. 75-90, jan./jun. 2015.
MARTINEZ, Monica. Jornada do herói: a estrutura narrativa mítica para a construção de histórias de vida em jornalismo. São Paulo: Annablume, 2008.
MARTINEZ, Monica; PESSONI, Arquimedes. O uso da análise de conteúdo na Intercom: pesquisas feitas com o método (1996 a 2012). In: JORGE, Thaïs de Mendonça. (Org.). Notícia em fragmentos: o desafio de aplicar a análise de conteúdo ao jornalismo digital. Brasília: UnB, 2015. p. 299-315.
MEIRELLES, Delney. O ursinho que ajuda crianças no tratamento de câncer. Rio de Janeiro, 26 jun. 2014. Disponível em:
<http://pdgcomunicacao.com.br/ursinho-criancas-tratamento-cancer/comment-page-114/?hc_location=ufi>. Acesso em: 17 maio 2015.
MENCHER, Melvin. News reporting and writing. 5th ed. Dubuque: W.C. Brown, 1991.
MENEZES, José Eugenio de O. Ecologia da comunicação: a cultura como um macrossistema comunicativo. In: CHIACHIRI FILHO, Antonio Roberto; CAZELOTO, Edilson; MENEZES, José Eugenio de O. (Org.) Comunicação, tecnologia e cidadania. São Paulo: Plêiade, 2013. p. 55-72.
MESQUITA, Mário. Personagem jornalística: da narratologia à deontologia. In: MESQUITA, Mário. O quarto equívoco: o poder dos media na sociedade contemporânea. Coimbra: Minerva Coimbra, 2003.
MICHIE, David. The invisible persuaders: how britain's spin doctors manipulate the media. London: Bantam Press, 1998.
MOLOTCH, Harvey; LESTER, Marilyn. News as purposive behavior: on the strategic use of routine events, accidents, and scandals. American Sociological Review, Menasha, v. 39, n. 1, p. 101-112, Feb. 1974.
MORIN, Edgard. Introdução ao pensamento complexo. 3. ed. Porto Alegre: Sulina, 2007.
MOTTA, Luiz Gonzaga. Análise pragmática da narrativa jornalística. In: LAGO, Cláudia; BENETTI, Marcia (Org.). Metodologia de pesquisa em jornalismo. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2007. p. 143-167.
PESSONI, Arquimedes. Assessoria de imprensa em saúde: diagnóstico e prognóstico de mercado. Comunicação & Saúde, São Paulo v. 1, n. 1, dez. 2004. Disponível em: <http://www.comunicasaude.com.br/revista/01/artigos.asp>. Acesso em: 1 out. 2014.
PESSONI, Arquimedes; CARMO, Camila Eloá Barbosa do. Releases sobre saúde nas assessorias de imprensa das administrações públicas do ABC: produção e tendências. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 37., 2014, Foz do Iguaçu. Anais... São Paulo: Intercom, 2014. Disponível em:
<http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2014/resumos/R9-0191-1.pdf>. Acesso em: 1 out. 2014.
PR NEWSWIRE. Quais são as principais fontes de informação para os jornalistas brasileiros? [2013?]. Disponível em: <http://comunique-sedigital.com.br/Download/?=aX/iPjkITfYvCRRQQbutKQ==>. Acesso em: 1 out 2014.
PROPP, Vlademir I. Morfologia do conto maravilhoso. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
QUEIROZ, Eça. A relíquia: sobre a nudez forte da verdade, o manto diaphano da phantasia. Porto: A. J. da Silva Teixeira, 1887.
RIBEIRO, Vasco. Fontes sofisticadas de informação: análise do produto jornalístico político da imprensa nacional diária de 1995 a 2005. Lisboa: Formalpress, 2009.
RIBEIRO, Vasco. O campo e o triângulo operacional da assessoria de imprensa. In: GONÇALVES, Gisela; GUIMARÃES, Marcela (Org.). Fronteiras e fundamentos conceptuais das relações públicas. Covilhã: Livros LabCom, 2014. p. 65-87.
RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. Campinas: Papirus, 1994-1997. 3 v.
SANTOS, Rogério. A negociação entre fontes e jornalistas. Coimbra: Minerva, 1997.
SIGAL, Leon V. Reporters and officials: the organization and politics of newsmaking. Lexington: D.C. Heath, [1973].
SILVA, Míriam Cristina Carlos. Comunicação e cultura antropofágicas: mídia, corpo e paisagem na erótico-poética oswaldiana. Porto Alegre: Sulina; Sorocaba: Eduniso, 2007.
SILVA, Míriam Cristina Carlos. Contribuições de Iuri Lotman para a comunicação: sobre a complexidade do signo poético. In: FERREIRA, Giovandro Marcus et al. (Org.) Teorias da Comunicação. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. p. 273-291.
SILVA, Míriam Cristina Carlos; SANTOS, Tarcyanie Cajueiro. Peregrinação, experiência e sentidos: uma leitura de narrativas sobre o Caminho de Santiago de Compostela. E-Compós, Brasília, v. 18, n. 2, p. 1-15, maio/ago. 2015.
TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1970.
TUCHMAN, Gaye. Making news: a study in the construction of reality. New York: Free Press, 1978.
XAVIER, Caco. Mídia e saúde, saúde na mídia. In: SANTOS, Adriana (Org.). Caderno mídia e saúde pública. Belo Horizonte: Escola de Saúde Pública: FUNED, 2006. p. 43-56.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2017 Monica Martinez, Arquimedes Pessoni, Miriam Cristina Carlos Silva, Vasco Ribeiro

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os Direitos Autorais dos artigos publicados neste periódico pertencem aos autores, e os direitos da primeira publicação são garantidos à revista. Por serem publicados em uma revista de acesso livre, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em atividades educacionais e não-comerciais.
A revista utiliza a Licença de Atribuição Creative Commons (CC BY-NC 4.0), que permite o compartilhamento de trabalhos com reconhecimento de autoria.
Auto-arquivamento (política de repositórios): autores têm permissão para depositar todas as versões de seus trabalhos em repositórios institucionais ou temáticos, sem embargo. Solicita-se, sempre que possível, que a referência bibliográfica completa da versão publicada na Intexto (incluindo o link DOI) seja adicionada ao texto arquivado.
A Intexto não cobra qualquer taxa de processamento de artigos (article processing charge).