Corpos femininos negros na escrevivência e interrogações à universidade
DOI:
https://doi.org/10.22456/2238-152X.141092Resumo
O encontro entre uma mulher negra pesquisadora da universidade e uma mulher negra moradora de rua, durante um processo de pesquisa, provoca uma inversão do foco de nosso fazer acadêmico: coloca em questão nossos corpos, territórios e políticas de pesquisa e escrita. Essa inversão situa como corpos-políticos produzem, necessariamente, saberes-políticos. Neste ensaio-teórico, as questões emergentes deste encontro são abordadas ao passo em que trazemos as ferramentas epistemológicas, éticas e políticas que têm nos permitido sustentar uma pesquisa encarnada. Abordamos em especial a corporeidade, a escrevivência e a interseccionalidade, como respostas à estrutura universalizante, classista, racista e sexista da universidade. Ao longo das reflexões apresentadas, persiste a pergunta: no transitar entre rua e universidade, quais são as violências que aproximam e/ou distanciam nossos corpos? Tal questão interroga nossas práticas, corpos e saberes, demarcando uma aposta na intelectualidade de mulheres negras que, mesmo quando violentadas, produzem conhecimento sobre si, sobre a universidade e sobre o mundo.
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