Corpos femininos negros na escrevivência e interrogações à universidade

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DOI:

https://doi.org/10.22456/2238-152X.141092

Resumo

O encontro entre uma mulher negra pesquisadora da universidade e uma mulher negra moradora de rua, durante um processo de pesquisa, provoca uma inversão do foco de nosso fazer acadêmico: coloca em questão nossos corpos, territórios e políticas de pesquisa e escrita. Essa inversão situa como corpos-políticos produzem, necessariamente, saberes-políticos. Neste ensaio-teórico, as questões emergentes deste encontro são abordadas ao passo em que trazemos as ferramentas epistemológicas, éticas e políticas que têm nos permitido sustentar uma pesquisa encarnada. Abordamos em especial a corporeidade, a escrevivência e a interseccionalidade, como respostas à estrutura universalizante, classista, racista e sexista da universidade. Ao longo das reflexões apresentadas, persiste a pergunta: no transitar entre rua e universidade, quais são as violências que aproximam e/ou distanciam nossos corpos? Tal questão interroga nossas práticas, corpos e saberes, demarcando uma aposta na intelectualidade de mulheres negras que, mesmo quando violentadas, produzem conhecimento sobre si, sobre a universidade e sobre o mundo.

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Biografia do Autor

Rosângela Jacinto Cabral, Psicóloga clínica

Psicóloga clínica, Maceió-Alagoas, Brasil.

Aline Kelly da Silva, Centro Universitário de Maceió

Graduação, mestrado e doutorado em Psicologia.

Simone Huning, Universidade Federal de Alagoas

Docente e Pesquisadora dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Alagoas. Líder do Grupo de Pesquisa Processos Culturais, Políticas e Modos de Subjetivação

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Publicado

2024-10-12

Como Citar

Jacinto Cabral, R., da Silva, A. K., & Huning, S. (2024). Corpos femininos negros na escrevivência e interrogações à universidade. Revista Polis E Psique, 14, e024011. https://doi.org/10.22456/2238-152X.141092

Edição

Seção

Dossiê: Corpos, violências e algumas obstinações feministas

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