Para uma tipologia da participação nas práticas artísticas comunitárias: A experiência de três grupos teatrais no Brasil e Portugal
Palavras-chave:
processos artísticos participativos, teatro, práticas artísticas comunitárias, participação cívica e políticaResumo
A presença da dimensão participativa nos processos criativos é uma característica central na criação artística contemporânea, mas a relação entre processos e resultados é complexa e merece ser aprofundada. Este artigo, sustentado na revisão da literatura e na observação de experiências de práticas artísticas comunitárias referentes a três grupos teatrais no Brasil e Portugal, tenta dar um contributo para essa discussão. A articulação da literatura sobre processos artísticos de criação coletiva e sobre participação cívica e política com os dados empíricos sustenta um exercício integrador que identifica dimensões estruturantes da qualidade das experiências de participação em processos artísticos, a saber: formas de participação das comunidades (participantes não profissionais); dinâmicas dos processos criativos; temas basilares; relação profissionais e comunidades (não profissionais); e espaços de criação e apresentação.
Downloads
Referências
AMADO, João; SILVA, Luciano. Os estudos etnográficos em contextos educativos. In: AMADO, João (Coord.). Manual de investigação qualitativa em educação. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2014. P. 145-168.
AMNA, Erik & EKMAN, Joakim. Standby citizens: diverse faces of political passivity. European Political Science Review, V.6, 261-281, 2014.
ANDRÉ, Carminda. Arte, biopolítica e resistência. Revista Brasileira de Estudos da Presença, Porto Alegre, v. 1, n. 2, p. 426-442, jul./dez. 2011.
ARDENNE, Paul. Un art contextuel. Paris: Flammarion, 2004.
ARNSTEIN, Sherry. A ladder of citizen participation. JAIP, v. 35, n. 4, p. 216-224, jul. 1969.
BAIOCCHI, Gianpaolo; BENNETT, Elizabeth; CORDNER, Alissa; KLEIN, Peter; SAVELL, Stephanie. The Civic Imagination: making a difference in American political life. Boulder: Paradigm Publishers, 2014.
BARNES, Samuel; KAASE, Max. Political action: Mass participation in five western democracies. Beverly Hills, California: Sage, 1979.
BEZELGA, Isabel; CRUZ, Hugo; AGUIAR, Ramon. La investigación en prácticas de teatro y comunidade: perspectivas desde Portugal y Brasil. Investigación Teatral, v. 6, n. 9, p. 8-26, jan./jul. 2016.
BIDEGAIN, Marcela. Teatro comunitário: Resistencia y transformación social. Buenos Aires: Atuel, 2007.
BISHOP, Claire. Participation and spectacle: Where are we now?. Lecture for Creative Time’s Living as Form. 2011. Disponível em: < http://dieklaumichshow.doragarcia.org/pdfs/Bishop.pdf>. Acesso em: 11, Jan., 2018.
BISHOP, Claire. Artificial hells: Participatory art and the politics of spectatorship. New York: Verso, 2012.
BOAL, Augusto. Técnicas Latino Americanas de teatro popular. Coimbra: Teatro Centelha, 1977.
BOAL, Augusto. A Estética do Oprimido. Rio de Janeiro: Garamond, 2009.
BOEHM, Amnon; BOEHM, Esther. Community theatre as a means of empowerment in social work: A case study of women’s community theatre. Journal of Social Work, v. 3, n. 3, p. 283-300, 2003.
BOEREN, Ad. Getting involved: communication for participatory development. Community Development Journal, v. 27, n.3, p.259-271, Jul. 1992.
BORBA, Julian. Participação política: Uma revisão dos modelos de classificação. Sociedade e Estado, v. 27, n. 2, p. 263-288, maio/ago. 2012.
BOURDIEU, Pierre. A Distinção: Uma crítica social da faculdade do juízo. Lisboa: Edições 70, 2010.
BOURRIAUD, Nicolas. Estética relacional. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
BRECHT, Bertolt. Brecht on theatre. New York: Hill and Wang, 1957/1964.
BUTLER, Judith. Cuerpos aliados y lucha politíca: Hacia una teoría performativa de la asamblea. Barcelona: Paidós, 2017.
CADETE, Maria do Rosário. Modelo de intervenção teatral para a transformação pessoal e social. Teatro: Revista de Estudios Culturales/A Journal of Cultural Studies, v. 26, n. 26, p. 199-223, 2013.
CHAFIROVITCH, Cristina Russo. Teatro social, criação artística, ação e performance na comunidade. Lisboa: Esfera do Caos Editores, 2016.
COHEN-CRUZ, Jan. Local acts: Community-based performance in the United States. London: Rutgers University Press, 2005.
CRUZ, Hugo. Arte e comunidade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2015.
DIAS, Teresa Silva. Como pensam "elas" a organização das sociedades e o exercício da cidadania? Do desenvolvimento do pensamento político à vivência da cidadania participada em contexto escolar no pré-escolar e ensino básico. Porto: Universidade do Porto, 2013, Tese (Doutorado em Ciências da Educação).
EKMAN, Joakim; AMNA, Erik. Political participation and civic engagement: towards a new typology. Human Affairs, v. 22, p. 283-300, 2012.
ERVEN, Eugene van. Community theatre: Global perspectives. London: Routledge, 2001.
FERNANDES, Sílvia. Teatro expandido em contexto brasileiro. Revista Sala Preta, v. 18, n. 1, p. 6-34, 2018.
FERREIRA, Pedro Daniel. Concepções de direitos activos de cidadania e experiências de participação na sociedade civil. Porto: Universidade do Porto, 2006, Tese (Doutorado em Psicologia).
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.
FRADIQUE, Teresa. For years, I have dreamed of a liberated Anthropology. In: GODINHO, Paula (Coord.). Antropologia e performance: Agir, atuar, exibir. Castro Verde: 100 Luz, 2014. P. 28-54.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
HAHN, Carole. Becoming Political: Comparative Perspectives on Citizenship Education. Albany: State University of New York Press, 1998.
HARVEY, David; TELES, Edson; SADER, Emir. Ocuppy: Movimentos de protesto que tomaram as ruas. São Paulo: Boitempo Editorial, 2012.
HERNÁNDEZ, Fernando Hernández. La investigación basada en las artes: Propuestas para repensar la investigación en educación. Educatio Siglo XXI, n. 26, p. 85-118, 2008.
HOPKINS, Sam. Leading global thinker of 2014. Interview in CCW Graduate School Blog. Camberwell, Chelseam Wimbledon Graduate School. 2014. Disponível em: <http://www.ccwgraduateschool.org/sam-hopkins-leading-global-thinker-of-2014/>. Acesso em: 20, Mar., 2018.
HUYBRECHTS, Liesbeth; DREESSEN, Katrien; SCHEPERS, Selina. Mapping design practices: on risk, hybridity and participation. In: PDC '12 Proceedings of the 12th Participatory Design Conference: Exploratory Papers, Workshop Descriptions, Industry Cases - Volume 2. New York: ACM, 2012. P. 29-32.
HUYBRECHTS, Liesbeth (Ed.). Participation is risky: Approaches to joint creative processes. Amesterdam: Valiz Antennae, 2014.
JORDAN, Tim. Activism!: Direct action, hacktivism and the future of society. Londres: Reaktion Books, 2002.
KAASE, Max. The challenge of “participatory revolution” in pluralistic democracies. International Political Science Review, v. 5, n. 3, p. 299-318, 1984.
KATZMAIR, Harald. Community arts: network mapping. Wien: FasResearch/Community Arts Lab, 2018.
KESTER, Grant. The one and the many: Contemporary collaborative art in a global context. Durham, NC: Duke University Press, 2011.
KRAVAGNA, Christian. Working on the Community. Models of Participatory Practice. EIPCP, European Institute for Progressive Cultural Policies. 1999. Disponível em: <http://eipcp.net/transversal/1204/kravagna/en>. Acesso em: 13, Mar., 2018.
MARCEAU, Carole; GENDRON-LANGEVIN, Maud. A Emergência de Vozes Distintas na Escola e na Comunidade: práticas singulares de ensino de teatro no Quebec. Revista Brasileira de Estudos da Presença, Porto Alegre, v. 5, n. 2, p. 287-312, maio/ago. 2015.
MATARASSO, François. (2013). All in this together: The depoliticisation of community art in Britain, 1970-2011. In: ERVEN, Eugene (Ed.). Conference ICAF Rotterdam 2013, Volume Community, Art, Power: Essays from ICAF 2011. Rotterdam: RWT, 2013. P. 214-240.
MALAFAIA, Carla. Living and doing politics: an educational travelogue through meanings, processes and effects Porto: Universidade do Porto, 2017, Tese (Doutorado em Ciências da Educação).
MATARASSO, François. A restless art: participatory art in a changing world. A Restkess Art: how participation won, and why it matter. 2017. Disponível em: <http://arestlessart.com>. Acesso em: 3, Mai., 2018.
MENEZES, Isabel. Participation experiences and civic concepts, attitudes and engagement: Implications for citizenship education projects. European Educational Research Journal, 2(3), 430-445, 2003.
MENEZES, Isabel; JESUS, Maria Fernandes; RIBEIRO, Norberto; MALAFAIA, Carla. Agência e participação cívica e política de jovens. In: MENEZES, Isabel; MALAFAIA, Carla; RIBEIRO, Noberto (Orgs.). Agência e participação cívica e política: Jovens e imigrantes na construção da democracia. Porto: LivPsic, 2012. P. 09-26.
MOTOS-TERRUEL, Tomás; BENLLIURE, Vicente Alfonso. Beneficios de hacer teatro e el desarrollo positivo en adolescentes de Valencia. Revista Investigación en Educación, v. 16, n. 1, 34-50, 2018.
MILBRATH, Lester. Political participation: How and why do people get involved in politics?. Chicago: Rand McNally College Publishing Company, 1965.
NEGRI, Antonio; HARDT, Michael. Declaração: Isto não é um manifesto. São Paulo: n-1 Edições, 2014.
NEVES, Tiago; GUEDES, Mafalda. A validação e certificação de competências pessoais e sociais. In MOTA, Maria João (Coord.). Arte e cidadania em contexto prisional: Percursos do projeto ECOAR. Porto: PELE, 2016. P. 80-90.
NOGUEIRA, Márcia Pompeo. A opção pelo teatro em comunidades: alternativas de pesquisa. Urdimento, n. 10, p. 127-136, dez. 2008.
NORRIS, Pippa. Democratic Phoenix: Reinventing political activism. Cambridge: Cambridge University Press, 2002.
PLASTOW, Jane. Practising for the revolution? The influence of Augusto Boal in Brazil and Africa. Journal of Transatlantic Studies, v. 7, n. 3, 294-303, 2009.
PRENTKI, Tim. Must the show go on? The case for Theatre For Development. Development in Practice. V. 8, 419-429, 1998.
PRENTKI, Tim; PRESTON, Sheila (Eds.). The applied theatre reader. London and New York: Routledge, 2009.
PUTNAM, Robert. Bowling Alone: The Collapse and Revival of American Community. New York: Touchstone Books, 2001.
ODDEY, Alison. Devising theatre: A practical and theoretical handbook. London: Routledge, 1994.
RAMOS, María del Carmen; SANZ, Sonia Sanz. El teatro comunitário como estratégia de desarrollo social a nível local: El caso de Patricios, Provincia de Buenos Aires. Miriada, v. 2, n. 4, p. 141-157, 2010.
RANCIÈRE, Jacques. Estética e política: A partilha do sensível. Porto: Dafne Editora, 2005.
RAPOSO, Paulo. “Artivismo”: Articulando dissidências, criando insurgências. Cadernos de Arte e Antropologia, v. 4, n. 2, p. 3-12, 2015.
RAPPAPORT, Julian. Terms of empowerment/exemplars of prevention: Toward a theory for community psychology. American Journal of Community Psychology, v. 15, n. 2, p. 121-148, 1987.
SCHININÀ, Guglielmo. Here we are: social theatre and some open questions about its developments. The Theatre Drama Review, v. 48, n. 3, 17-31, 2004.
SLOMAN, Annie. Using participatory theatre in international community development. Community Development Journal, v. 47, n. 1, p. 42-57, Jan. 2012.
TEIXEIRA, Tânia Márcia. Dimensões sócio educativas do teatro do oprimido de Augusto Boal. Revista Recre-arte, v. 4, p. 1-17, 2005.
THOMSON, Paula; JAQUE, S. Victoria. Testimonial theatre-making: Establishing or dissociating the self. Psychology of Aesthetics, Creativity, and the Arts, v. 5, n. 3, p. 229-236, 2011.
TURNER, Victor. From ritual to theatre. New York: PAJ, 1982.
TRICKETT, Edison. Community Psychology: individuals and interventions in community context. Annual Review of Psychology, v.60, p.395-419, 2009.
SULLIVAN, John; TRANSUE, John. The Psychological Underpinnings of Democracy: A Selective Review of Research on Political Tolerance, Interpersonal Trust, and Social Capital. Annual Review of Psychology, vol. 50, n. 1, p. 625-650, 1999.
WINCHESTER, Joanna. Challenges to reciprocity: Gift exchange as a theoretical framework of community arts practice. Performance Paradigm, 9. Disponível em: http://www.performanceparadigm.net/category/journal/issue-9/. Acesso em: 5, Jun., 2018.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os leitores são livres para transferir, imprimir e utilizar os artigos publicados na Revista, desde que haja sempre menção explícita ao(s) autor (es) e à Revista Brasileira de Estudos da Presença e que não haja qualquer alteração no trabalho original. Qualquer outro uso dos textos precisa ser aprovado pelo(s) autor (es) e pela Revista. Ao submeter um artigo à Revista Brasileira de Estudos da Presença e tê-lo aprovado os autores concordam em ceder, sem remuneração, os seguintes direitos à Revista: os direitos de primeira publicação e a permissão para que a Revista redistribua esse artigo e seus meta dados aos serviços de indexação e referência que seus editores julguem apropriados.
Este periódico utiliza uma Licença de Atribuição Creative Commons.