O cinema-lagarta dos Tikmũ’ũn: teoria-prática das imagens xamânicas

Autores

  • André Brasil Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583202048.157-175

Palavras-chave:

Tatakox. Tikmũ’ũn. Xamanismo. Filme-ritual.

Resumo

Neste texto, abordo os filmes Tatakox (2007); Tatakox Vila Nova (2009) e Kakxop pit hãmkoxuk xop te yũmũgãhã (Iniciação dos filhos dos espíritos da terra, 2015), dirigidos por coletivos Tikmũ’ũn, buscando apontar nessa série de trabalhos sobre o ritual de iniciação das crianças, traços precários de um “xamanismo múltiplo”. Trata-se de pensar o encontro entre o cinema – tecnologia de ĩnmõxa? – e o povo-espírito da lagarta (tatakox), que, com seus aerofones, perfuram sua pele, nela abrindo passagens.

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Biografia do Autor

André Brasil, Universidade Federal de Minas Gerais

Professor do Departamento de Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais, integra o corpo docente permanente do Programa de PósGraduação. Pesquisadordo CNPq, participa do Grupo Poéticas da Experiência (CNPq/UFMG) e da equipe de editores da Revista Devires Cinema e Humanidades. Atualmente, integra o Comitê Pedagógico de Formação Transversal em Saberes Tradicionais na UFMG. Desenvolve pesquisas no domínio do cinema e do cinema documentário, com atenção à produção de filmes por diretores e coletivos indígenas.

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Publicado

2020-01-01

Como Citar

Brasil, A. “O Cinema-Lagarta Dos Tikmũ’ũn: Teoria-prática Das Imagens xamânicas”. Intexto, nº 48, janeiro de 2020, p. 157-75, doi:10.19132/1807-8583202048.157-175.

Edição

Seção

Dossiê Teoria dos cineastas