Uma paisagem abstrata: Fargo, o erro e a imagem-mental
DOI:
https://doi.org/10.19132/1807-8583202152.99882Palavras-chave:
Imagem-mental, Irmãos Coen, DeleuzeResumo
Analisa-se Fargo, filme de Joel e Ehan Coen, na expectativa de interpretá-lo a partir do conceito de Deleuze de imagem-mental. A despeito de seu formato aparentemente convencional de comédia de crime, a obra é aqui entendida como exemplo de um trabalho localizado na fronteira do cinema clássico, sem nunca romper com seus limites. Compreende-se o filme como indício de um deslocamento na imagem-ação, recorrendo menos ao synsigno/binômio, recurso intrínseco à segundidade. Em Fargo, torna-se dispensável a contraposição entre os eventos e os atos que os guiariam de uma situação a outra. Ao se subordinar os gestos a uma ideia, faz-se com que tal filme opere segundo uma terceiridade, introduzindo pensamento na imagem e conferindo centralidade a um conceito que se define pelo erro, do qual a obra se torna sua ilustração. Fargo explora essa mecânica, em gestos fadados a conduzirem à destruição de tudo que compõe a trama.
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