TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO: UMA TRAMA SUTIL EM PRÁTICAS DE AUTORIA E SUBJETIVAÇÃO NA ALFABETIZAÇÃO ESCOLAR

Autores

  • Maria de Fátima de Lima das Chagas UNISC - Universidade de Santa Cruz do Sul http://orcid.org/0000-0002-7979-678X
  • Nize Maria Campos Pellanda Professora da pós-graduação (Doutorado e Mestrado) em Educação e Letras da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC

DOI:

https://doi.org/10.22456/2238-152X.84810

Palavras-chave:

Pedagogia da esperança, Autoria, Tecnologias Digitais. Narrativas de si. Aprendizagens.

Resumo

Este texto trata de uma experiência vivida com estudantes do 5º ano de uma escola pública localizada no interior do Rio Grande do Norte em uma área de periferia. A experiência aconteceu em 2016, e, teve como objetivo viver práticas de alfabetização com 26 estudantes não-alfabetizados na faixa etária de 10 a 16 anos, considerando a subjetividade dos educandos, seus percursos de vida em interação com tecnologias digitais.  O contexto escolar dessa vivência é desenhado a partir de limitações estruturais e materiais. Tessitura com autores como: Freire (2008; 2001; 1992); Levy (2001); Simondon (2007); Emília Ferreiro (1999), Maturana e Varela (2011) e Ortega y Gasset (1963), Eizirik (2007), contribuíram com a discussão teórica deste fazer. A discussão é ancorada no paradigma da complexidade, ou seja, em uma abordagem que não separa as diferentes dimensões da realidade humana, tratando a realidade como fluxo, como devir. Na metodologia, utilizamos a cartografia como método de pesquisa que possibilitou acompanhar os processos vividos na experiência da pesquisa e organizarmos o percurso com os estudantes em oficinas; rodas de conversas; narrativas de si em exercícios de autoria e subjetivação. Como resultados, os 26 estudantes conseguiram produzir com autonomia seu percurso de alfabetização. Para compreender os resultados e as mudanças nas coordenações de ações dos estudantes, as narrativas de si foram o ponto de partida. Essas narrativas constituídas na experiência favoreceram pensamentos e reflexões sobre a importância de constituir redes subjetivas de autoria e afeto no contexto da escola / sala de aula. E, neste exercício de autoria coletiva e de subjetivação, com a inserção de tecnologias, incluindo as digitais nas práticas de leitura e escrita dos educandos, as aprendizagens foram sendo potencializadas. No final, foi possível perceber que em autoria, utilizando ferramentas tecnológicas como dispositivos de cognição e subjetivação, a produção de conhecimento não serviu apenas para favorecer o ato de ler, mas para a vida, para a potência de viver-conhecer.

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Biografia do Autor

Maria de Fátima de Lima das Chagas, UNISC - Universidade de Santa Cruz do Sul

Doutorado em Educação pela Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC (cursando)Professora, Pedagoga.Mestrado em Ambiente, Tecnologia e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA).Especialista em Educação e Tecnologia pela PUC-Rio

Nize Maria Campos Pellanda, Professora da pós-graduação (Doutorado e Mestrado) em Educação e Letras da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC

Pós-doutoramento e Estágio Senior na Universidade do Minho. Doutorado em Educação (UFRGS) com doutorado-sanduiche na M.U. (OHIO-USA) sob a orientação do Dr. Peter McLaren. Realizou estágio de Pós-doutoramento na Universidade do Minho (PORTUGAL) onde atuou como pesquisadora convidada atuando no CEHUM no projeto "Educação, saúde e sofrimento". Atualmente faz Estágio Sênior de pesquisa na Universidade do Minho onde está desenvolvendo uma plataforma digital para sujeitos diagnosticados com TEA (Transtornos do Espectro Autista) baseada em pressupostos da complexidade sob a supervisão da Dra, Lia Oliveira. Como desdobramento dos trabalhos do estágio se constituiu um grupo de investigação, o TEACOMPLEX, que terá atividades presenciais e à distância. É docente e pesquisadora da UNISC onde atua nos Programas de Pós-Graduação - MESTRADO e DOUTORADO- em Educação e em MESTRADO e DOUTORADO em Letras. É coordenadora do GAIA (Grupo de Ações e Intervenções Autopoiéticas) cujo eixo de convergência é Educação e Complexidade.

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Publicado

2020-10-26

Como Citar

Chagas, M. de F. de L. das, & Pellanda, N. M. C. (2020). TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO: UMA TRAMA SUTIL EM PRÁTICAS DE AUTORIA E SUBJETIVAÇÃO NA ALFABETIZAÇÃO ESCOLAR. Revista Polis E Psique, 10(3), 7–30. https://doi.org/10.22456/2238-152X.84810

Edição

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Artigos