Suicídio como sintoma social: um estudo sobre os impactos do capitalismo nas subjetividades
DOI:
https://doi.org/10.22456/2238-152X.124065Resumo
O suicídio é um fenômeno multifatorial, considerado um grave problema de saúde pública que atinge, em média, cerca de 700 mil pessoas todos os anos. Diante disso, este artigo tem por objetivo analisar este fenômeno e sua relação com o capitalismo, tendo como base a determinação social da saúde e o cenário individualista deste modelo de sociedade que podem ser causadores da morte autoprovocada. Com isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica que evidenciou a precarização da vida na realidade brasileira e o sofrimento social envolto à população marginalizada, mediado pelas desigualdades do sistema capitalista, dentre elas o desemprego, precarização do trabalho, racismo, sexismo, lgbtfobia e a pobreza como alguns dos elementos envolvidos no suicídio. Verificou-se a importância de considerar os atravessamentos sociais, políticos, econômicos, históricos e culturais no debate sobre a morte voluntária e na promoção e valorização da vida, contrapondo uma visão individualista e reducionista do fenômeno.
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