La Niña Ancestral: Práticas Coloniais e Dispositivos de Temporalidade

Resumo

Partindo da história de vida e morte de uma criança do povo Aché, este ensaio analisa articulações entre práticas coloniais e dispositivos de temporalidade na produção e na marcação da diferença. O arquivo desta problematização é constituído de um filme documental — em argumento de reparação política e cultural dos povos ameríndios do sul global — e de publicações médico-antropológicas da passagem do século XIX para o século XX. Produzindo arranjos ético-epistemológicos e metodológicos apoiados na crítica decolonial presente em estudos feministas interseccionais e queer, inferimos a indissociabilidade dos marcadores de gênero, idade, raça e sexualidade, tomando como eixo principal as setas de uma temporalidade linear. No avesso disso, as noções de memória e ancestralidade nos aproximam da instauração de uma temporalidade espiralada em cujas dobras pode repousar a recusa aos projetos de modernização e objetificação científica, apontando para processos de resistência em uma relação outra com a vida e a morte.