Mídia, criminalização da juventude e adesão subjetiva à barbárie

Authors

DOI:

https://doi.org/10.22456/2238-152X.117185

Keywords:

Mídia, Criminalização, Juventude, Violência

Abstract

A partir das representações midiáticas, é possível notar a apresentação de uma suposta crise de segurança pública. Protagonizando as reportagens, a juventude oriunda de classes subalternas é compreendida como responsável por essa realidade. Enquanto isso, a população clama por medidas punitivas. A presente revisão narrativa propõe uma discussão sobre a possível relação entre mídia hegemônica, as representações sobre a violência urbana e a criminalização desta faceta da juventude, sustentando práticas sociais que compõem a adesão subjetiva à barbárie. Primeiramente é apresentado o debate a respeito das mídias e o cenário brasileiro. Em seguida, é discutida a imagem do “jovem bandido” através do olhar da criminologia crítica. Por fim, apresenta-se a discussão sobre a construção de consensos a partir da mídia brasileira. Através de estratégias de desumanização dos sujeitos, as práticas midiáticas hegemônicas contribuem para que estejamos aderidos à barbárie que violenta principalmente os jovens inseridos no âmbito das periferias brasileiras. 

 

 

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Author Biographies

Camila Marques Silva Daher, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutoranda em Psicologia, linha de Processos Psicossociais em Saúde na UFJF.

Fernando Santana de Paiva, Universidade Federal de Juiz de Fora

Professor do Departamento de Psicologia - UFJF.

Luciana Ferreira Barcellos, UNESP

Professor substituto do departamento de psicologia social e educacional da UNESP.

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Published

2022-05-03

How to Cite

Daher, C. M. S., Paiva, F. S. de, & Barcellos, L. F. (2022). Mídia, criminalização da juventude e adesão subjetiva à barbárie. Revista Polis E Psique, 12(1), 239–266. https://doi.org/10.22456/2238-152X.117185

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Artigos