O Comitê Cidadão e o trajeto participativo da pesquisa GAM

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22456/2238-152X.104150

Palavras-chave:

pesquisa participativa, saúde mental, participação cidadã, gestão autônoma da medicação (GAM)

Resumo

O artigo aborda duas questões centrais no desenvolvimento contemporâneo da pesquisa em Saúde Mental: a inclusão dos saberes comunitários, ou da experiência, e a participação direta das pessoas na construção dos conhecimentos. Para isso, analisa a experiência de participação cidadã no projeto que traduziu e adaptou um instrumento que prevê um lugar central aos usuários na tomada de decisões do tratamento farmacológico em psiquiatria, o guia GAM (Gestão Autônoma da Medicação). Mais especificamente, procura-se compreender se a metodologia participativa permite transformar as relações de saber-poder e quais são suas implicações. Nossa conclusão é que, através de uma metodologia científica que inclui e valoriza os sujeitos em suas diferenças, a participação pôde tensionar posições hierárquicas pré-estabelecidas, favorecendo um contexto em que os cidadãos, mais empoderados e autônomos, ampliam a capacidade de atuação nas práticas da rede de pesquisa, contribuindo para a desconstrução de condições sócio-históricas de exclusão.

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Publicado

2020-07-10

Como Citar

de Carvalho Otanari, T. M., & Rodriguez del Barrio, M. L. (2020). O Comitê Cidadão e o trajeto participativo da pesquisa GAM. Revista Polis E Psique, 10(2), 9–32. https://doi.org/10.22456/2238-152X.104150

Edição

Seção

Artigos