Crônicas de dois tempos
a representação LGBT nas décadas de 1990 e 2010 nas minisséries Crônicas de San Francisco
DOI:
https://doi.org/10.19132/1807-8583.57.141162Palavras-chave:
representação, LGBT, história, audiovisual, estudos culturaisResumo
O artigo tem como objetivo analisar a representação da comunidade LGBT na primeira e na quarta minisséries do universo Crônicas de San Francisco, ambas baseadas nos escritos do autor Armistead Maupin e lançadas, respectivamente, em 1993 e 2019. O sujeito de ambos os microuniversos aqui estudados é Mary Ann Singleton, uma jovem branca e hétero, de Cleveland, que lida com uma São Francisco repleta de pessoas LGBTs e feministas, todas num espectro progressista de liberdade dos corpos. Também é comum nas narrativas a presença de cenas de choque cultural entre protagonista e coadjuvantes. Para realizar esta análise foi utilizado o método de leitura crítica dos textos midiáticos proposto por Kellner tendo como escopo teórico os Estudos Culturais, os Estudos Queer e os Estudos de Gênero. A análise do universo narrativo Crônicas de San Francisco nos possibilitou compreender a mudança representacional que aconteceu num intervalo de quase 25 anos. A partir desta análise, constatou-se que, se na primeira minissérie retratar homens gays brancos e uma personagem central trans parecia ser suficientemente disruptivo, nos anos 2010, para evocar diversidade foi necessário não apenas multiplicar as identidades desviantes como também pensar em um quase infinito número de interseccionalidades para que se pudesse dizer que o programa é diverso – com pessoas com deficiência, casais interraciais, pessoas vivendo com HIV e pessoas de diferentes localidades, cores e corpos.
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