Em nome da proteção: crianças, adolescentes e seus direitos violados

Autores/as

  • Priscilla Costa Correia Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro http://orcid.org/0000-0002-0422-2976
  • Maria Helena Rodrigues Navas Zamora Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
  • Pedro Paulo Bicalho Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.22456/2238-152X.78822

Palabras clave:

práticas e discursos, crianças e adolescentes, violações de direito e Análise Institucional.

Resumen

O presente artigo pretende colocar em análise a problematização das práticas e discursos que atravessam o fazer dos profissionais do sistema de justiça que, em nome da proteção e do cuidado, governam e culpabilizam a vida das crianças, dos adolescentes e de suas famílias empobrecidas. Através do método da pesquisa-intervenção e da experiência como psicóloga em uma Vara da Infância e da Juventude, utilizamos a técnica do diário de campo para analisarmos partes do caso de uma família que teve seus direitos amplamente violados, por membros do próprio núcleo familiar, e pelo Estado. Importante considerar para esta análise os conceitos da Análise Institucional, das obras de Michel Foucault e dos demais autores implicados com a garantia de direitos de crianças e adolescentes, para que possamos verificar os discursos e práticas, que surgem na justiça e podem promover sutis ou devastadoras violações de direitos frente ao grupo familiar.

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Biografía del autor/a

Priscilla Costa Correia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Graduada pelo Centro Universitário Hermínio da Silveira - Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação (Uni-IBMR), Pós-graduada em Psicologia Jurídica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO) com orientação da professora e Doutora Maria Helena Rodrigues Navas Zamora. Desde o ano de 2009 é Perita Judicial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro cadastrada pelo Serviço de Periciais Judiciais (SEJUD/TJRJ) atuante em processos de gratuidade judiciária. Atua desde 2013 como psicóloga clínica no atendimento a crianças, adolescentes e adultos.Facilitadora do Curso Perícia Judicial para capacitação e cadastro de psicólogos e áreas afins como perito do Serviço de Pericias Judiciais (SEJUD/TJRJ). Atuou como colaboradora da Comissão de Psicologia e Justiça do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, no período de 2008 a julho de 2016.Trabalhou no Núcleo de Atenção a Criança e Adolescente Vítima de Maus-tratos (NACA- Niterói) pelo Movimento de Mulheres em São Gonçalo e no Programa Raízes Locais no Complexo Comunitário da Mangueirinha em Duque de Caxias pela Associação Brasileira Terra dos Homens. Ampla experiência na área de Psicologia Jurídica e social, especificamente nas temáticas da adoção, habilitação para adoção, guarda, tutela e maus-tratos de crianças e adolescentes.

Maria Helena Rodrigues Navas Zamora, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

doutora em Psicologia Clínica pela PUC-Rio. É professora da graduação em Psicologia da PUC-Rio desde 2000 e da Pós-Graduação a partir de 2012. Pesquisadora associada do Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente (NIREMA) da PUC-Rio, a convite, em 2015 e do Núcleo Transdisciplinar Subjetividades, Violências e Processos de Criminalização (TRANSCRIM) da UFF. Membro da Secretaria Executiva do Comitê Estadual para a Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro (Lei 5778, de 2010) desde 2015.

Pedro Paulo Bicalho, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Possui graduação em Psicologia (UFF), especialização em Psicologia Jurídica (UERJ), mestrado e doutorado em Psicologia (UFRJ). Professor Associado do Instituto de Psicologia, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas em Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é membro da diretoria executiva do Conselho Federal de Psicologia, conselheiro efetivo do Conselho Nacional de Segurança Pública (CONASP) e do Comitê Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (CONATRAP), do Ministério da Justiça, bem como é membro da Comissão dos Direitos da População em Situação de Privação de Liberdade do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH)do Ministério dos Direitos Humanos. Membro da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), Associação Brasileira de Psicologia Política (ABPP), Associação Brasileira de Ensino da Psicologia (ABEP) e Associación Lationamericana para la Formación y la Enseñanza de la Psicología (ALFEPSI).

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Publicado

2019-01-01

Cómo citar

Correia, P. C., Rodrigues Navas Zamora, M. H., & Bicalho, P. P. (2019). Em nome da proteção: crianças, adolescentes e seus direitos violados. Revista Polis E Psique, 8(3), 180–209. https://doi.org/10.22456/2238-152X.78822