Semicidadania induzida: neoliberalismo e discursos conservadores sobre gênero no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.22456/2238-152X.120617Keywords:
Conservadorismo, Neopentecostalismo, Neoliberalismo, Gênero.Abstract
O presente artigo trata de discutir algumas questões referentes ao cenário social e político brasileiro. Ainda que esteja previsto em lei a universalidade de direitos, alguns grupos de pessoas são sistematicamente vulnerabilizados e excluídos, o que se complexifica a depender dos diferentes fatores que atravessam interseccionalmente seus corpos e experiências, entre eles, gênero, sexualidade, classe, raça, etnia. Essa situação se agrava com a ascensão de certos grupos e discursos, os quais discutimos três: conservadorismo, neopentecostalismo e neoliberalismo. Mesmo que eles sejam heterogêneos, guardando entre si diferenças importantes, atuam em conjunto em diversas circunstâncias. Apresentamos uma leitura desse cenário, estabelecendo relações entre os elementos apresentados que são produtores de subjetividades e de formas de relações específicas.
Downloads
References
Almeida, R. (2017). A onda quebrada - evangélicos e conservadorismo. Cadernos Pagu, (50). doi: http://dx.doi.org/10.1590/18094449201700500001
Almeida, R. (2019). Bolsonaro presidente: conservadorismo, evangelismo e crise brasileira. Novos Estudos CEBRAP, 38(1). doi: http://dx.doi.org / 10.25091/ S01013300201900010010
Álvarez, P. L. (2010). Biopolítica, liberalismo y neoliberalismo: acción política y gestión de la vida en el íltimo Foucault. In S. Arribas, G. Cano & J. Ugarte (Coords.), Hacer vivir, dejar morir. Biopolítica y capitalismo (pp. 39-61). Madrid, Espanha: CSIC/Catarata.
Benevides, B. (2019). 2019: Brasil segue na liderança dos assassinatos contra pessoas trans no mundo. Antra, 13 de novembro de 2019. Recuperado de https://antrabrasil.org/2019/11/13/2019-brasil-segue-na-lideranca-dos-assassinatos-contra-pessoas-trans-no-mundo/
Benevides, B. (2020). Assassinatos de pessoas trans voltam a subir em 2020. Antra, 3 de maio de 2020. Recuperado de https://antrabrasil.org/category/violencia/
Bento, B. (2018). Necrobiopoder: Quem pode habitar o Estado-nação? Cadernos Pagu, (53). doi https://doi.org/10.1590/18094449201800530005
Bonassi, B. C., Amaral, M. S., Toneli, M. J. F. & Queiroz, M. A. (2015). Vulnerabilidades mapeadas, Violências localizadas: Experiências de pessoas travestis e transexuais no Brasil. Quaderns de Psicologia, 17(3), 83-98. doi: https://doi.org/10.5565/rev/qpsicologia.1283
Brasil (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. Recuperado de https://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1988/constituicao-1988-5-outubro-1988-322142-publicacaooriginal-1-pl.html
Burckhart, T. (2018). Constitucionalismo, Direitos Humanos e Laicidade: Neopentecostalismo e Política no Brasil Contemporâneo. Revista Eletrônica Direito e Política, 13(1), 389-415. doi: https://doi.org/10.14210/rdp.v13n1.p389-415
Butler, J. (2015). Quadros de Guerra. Rio de Janeiro, Brasil: Civilização Brasileira.
Butler, J. (2020). Corpos que importam: Os limites discursivos do “sexo”. São Paulo, Brasil: N1-edições.
Cardoso, F. G. & Reis, C. F. B. (2019). Velhos dilemas, antiquadas soluções: o Brasil na contramão do desenvolvimento. In R. Chaves (Ed.), Brasil: incertezas e submissão? (pp. 127-150). São Paulo, Brasil: Fundação Perseu Abramo.
Chaia, V. & Brugnago, F. (2014). A nova polarização política nas eleições de 2014: Radicalização ideológica da direita no mundo contemporâneo do Facebook. Revista Aurora, 7(21). Recuperado de https://revistas.pucsp.br/index.php/aurora/article/view/22032
Cohen, E. (2009). Semi-citizeenship in democratic politics. Cambridge, Reino Unido: Cambridge University Press.
Crenshaw, K. (2004). A intersecionalidade na discriminação de raça e gênero. Cruzamento: raça e gênero, 7-16. Recuperado de https://static.tumblr.com/7symefv/V6vmj45f5/kimberle-crenshaw.pdf
Custódio, T. (2019). Ninguém viu, ninguém vê: comentários sobre o estado da violência na atual democracia (de poucos). In R. P. Machado & A. Freixo (Orgs.), Brasil em Transe: Bolsonarismo, Nova Direita e Desdemocratização (pp. 95-112). Rio de Janeiro, Brasil: Oficina Raquel.
Dardot, P. & Laval, C. (2016). A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo, Brasil: Boitempo.
Duggan, L. (2003). The twilight of equality: Neoliberalism, cultural politics and the attack on democracy. Nova York, Estados Unidos da América: Beacon Press.
Evans, D. (1993). Sexual citizenship: The material construction of sexualities. Londres, Inglaterra: Routledge.
Falomir, E. (2011). Introducción. In A. Mbembe (A.a), Necropolítica (pp. 9-16). Santa Cruz de Tenerife, Espanha: Editorial Melusina.
Faustino, D. (2014). O pênis sem o falo: algumas reflexões sobre homens negros, masculinidades e racismo. In E. A. Blay (Org.), Feminismos e masculinidades: novos caminhos para enfrentar a violência contra a mulher (77-104). São Paulo, Brasil: Cultura Acadêmica.
Foucault, M. (2008). Nascimento da Biopolítica. São Paulo, Brasil: Martins Fontes.
Freixo, A. & Machado, R. P. (2019). Dias de um futuro (quase) esquecido: um país em transe, a democracia em colapso. In R. P. Machado & A. Freixo (Orgs.), Brasil em Transe: Bolsonarismo, Nova Direita e Desdemocratização (pp. 8-20). Rio de Janeiro, Brasil: Oficina Raquel.
Gadelha, S. & Duarte, A. (2014). O policiamento comunitário como dispositivo neoliberal de governo no campo da segurança. In N. Avelino & S. Vaccaro (Orgs.), Governamentalidade (pp. 129-169). São Paulo, Brasil: Intermeios.
Gallego, E. S. (2019). Quem é o inimigo? Retóricas de inimizade nas redes sociais no período 2014-2017. In R. P. Machado & A. Freixo (Orgs.), Brasil em Transe: Bolsonarismo, Nova Direita e Desdemocratização (pp. 66-78). Rio de Janeiro, Brasil: Oficina Raquel.
Hall, S. (2011). The neo-liberal revolution. Soundings, 48, 9-27. doi: https://doi.org/10.1080/09502386.2011.619886
Junqueira, R. D. (2018). A invenção da “ideologia de gênero”: a emergência de um cenário políticodiscursivo e a elaboração de uma retórica reacionária antigênero. Psicologia Política, 18(43), 449-502. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-549X2018000300004
Krieger, F. (2020). Datafolha: 50% dos brasileiros são católicos, 31%, evangélicos e 10% não têm religião. Informe Blumenau, 13 de janeiro de 2020. Recuperado de https://www.informeblumenau.com/datafolha-50-dos-brasileiros-sao-catolicos-31-evangelicos-e-10-nao-tem-religiao/
Limongi, M. I. (2007). A racionalização do medo na política. In: Novaes, A. Ensaios sobre o Medo. São Paulo, Brasil: Editora Senac.
Maia, T. V. & Pontin, F. (2019). Cidadania, semi-cidadania e democracia no Brasil contemporâneo. In R. P. Machado & A. Freixo (Orgs.), Brasil em Transe: Bolsonarismo, Nova Direita e Desdemocratização (pp. 113-120). Rio de Janeiro, Brasil: Oficina Raquel.
Mariano, R. (2011). Laicidade à brasileira: católicos, pentecostais e laicos em disputa na esfera pública. Civitas, 11(2), 238-258. doi: https://doi.org/10.15448/1984-7289.2011.2.9647
Mbembe, A. (2016). Necropolítica. Arte & Ensaios, 32, 123-151. Recuperado de https://revistas.ufrj.br/index.php/ae/article/view/8993
Messenberg, D. (2019). A cosmovisão da “nova” direita brasileira. In R. P. Machado & A. Freixo (Orgs.), Brasil em Transe: Bolsonarismo, Nova Direita e Desdemocratização (pp. 21-39). Rio de Janeiro, Brasil: Oficina Raquel.
Oliveira, J. M. (2013). Cidadania sexual sob suspeita: uma meditação sobre as fundações homonormativas e neo-liberais de uma cidadania de “consolação”. Psicologia & Sociedade, 25(1), 68-78. Recuperado de https://www.scielo.br/j/psoc/a/jC7kRjXmQLwGq4SXGgYt9kx/?format=pdf&lang=pt
Oliveira, J. M. (2014). A necropolítica e as sombras na teoria feminista. Ex aequo, (29), 69-82. doi: https://doi.org/10.22355/exaequo.2014.29.05
Ortunes, L., Martinho, S. G. & Chicarino, T. S. (2019). A instrumentalização do discurso do medo: pastores midiáticos e o período pré-eleitoral de 2014. Intercom – RBCC, 42(2), 121-146. doi https://doi.org/10.1590/1809-5844201926
Platero, L. M. (2014). La agencia de los jóvenes trans* para enfrentarse a la transfobia. Revista Internacional de Pensamiento Político, 9, 183-193. Recuperado de https://www.upo.es/revistas/index.php/ripp/article/view/3630
Prado, M. A. & Correa, S. (2018). Retratos transnacionais e nacionais das cruzadas antigênero. Psicologia Política, 18(43), 444-448. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-549X2018000300003
Richardson, D. (2004). Locating sexualities: From here to normality. Sexualities, 7(4), 391-411. doi: https://doi.org/10.1177/1363460704047059
Richardson, D. (2005). Desiring Sameness? The Rise of a Neoliberal Politics of Normalisation. Antipode, 37(3), 515–535. doi: https://doi.org/10.1111/j.0066-4812.2005.00509.x
Rios, R. R. (n.d). Democracia e debate constitucional: a garantia da laicidade e as ameaças fundamentalistas. Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos, 1-4. Recuperado de http://www.clam.org.br/uploads/arquivo/artigo_roger_fundamentalismo_.pdf
Rios, R. R., & Resadori, A. H. (2018). Gênero e seus/suas detratores/as: “ideologia de gênero” e violações de Direitos Humanos. Psicologia Política, 18(43), 622-636. Recuperado de https://docero.com.br/doc/nvexc5x
Silveira, S. A. (2019). Concentração, modulação e desinformação nas redes. In R. Chaves (Ed.), Brasil: incertezas e submissão? (pp. 27-44). São Paulo, Brasil: Fundação Perseu Abramo.
Todorov, T. (2012). Os inimigos íntimos da democracia. São Paulo, Brasil: Companhia das Letras.
Toneli, M. J. F. & Amaral, M. S. (2013). Sobre travestilidades e políticas públicas: como se produzem os sujeitos da vulnerabilidade. In H. C. Nardi, R. S. Silveira & P. S. Machado (Orgs.), Diversidade Sexual, Relações de Gênero e Políticas Públicas (pp. 32-48). Porto Alegre, Brasil: Meridional.
Vázquez, C. L., Toneli, M. J. F. & Oliveira, J. M. (2019). Necropolítica, políticas públicas interseccionales y ciudadanía trans*. Ex aequo, 40, 141-156. doi: https://doi.org/10.22355/exaequo.2019.40.09
Vergueiro, V. (2016). Pensando a cisgeneridade como crítica decolonial. In S. Messeder, M. G. Castro & L. Moutinho (Orgs.), Enlaçando sexualidades: uma tessitura interdisciplinar no reino das sexualidades e das relações de gênero (pp. 249-270). Salvador, Brasil: EDUFBA.
Weber, M. (1992). A objetividade do conhecimento nas Ciências Sociais. São Paulo, Brasil: Unicamp.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright Statement
Authorship Responsibility:
First author: ______________________________________________________________________
Manuscript title:___________________________________________________________________
Manuscript Number:________________________________________________________________
Co-author(s) identification (in the order that they should appear in the manuscript):____________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
1. Author Statement of Responsibility: - By this statement I guarantee, that in case of multiple authors, they read and agreed with the terms of this statement, granting me, through their written authorization, the right to sign this statement on their behalf; - Certify that it is an original and unpublished work, that neither, partially or totally, any other work with substantially similar content, of my authorship, was published or is being considered for publication elsewhere, electronically or printed; - Certify that, if requested, I will provide or cooperate in obtaining the information data on which the article was based, for examination by the editors; - Certify that all authors have participated sufficiently in this work, holding also the public responsibility for their content. In case of articles with more than six authors, the statement must specify the type(s) of participation(s) of each author, as specified below: - It is certify that In this work, (1) I, significantly contributed to the design, planning, collection and/or analysis and interpretation of data; (2) significantly contributed to the manuscript draft and/or in the critical revision of the content, (3) Participated effectively in the approval of the final version of the manuscript.
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Signature (on behalf of all authors):
________________________________________________________________________________
Date:____________________________________________________________________________
Copyright Transfer:
It is stated that, in case of recommendation for publication (acceptance) of the manuscript, I agree that its copyrights shall become the exclusive property of the journal Polis e Psique, implying the prohibition of any form of reproduction, totally or partially, in any other part or means of divulgation, printed or electronic, without the request of a prior authorization that, if obtained, I will provide the proper acknowledgment to the Polis e Psique Journal from Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Signature (on behalf of all authors):
________________________________________________________________________________
Date: