Ressignificações do patrimônio modernista
o processo de musealização da Igreja São Francisco de Assis
DOI:
https://doi.org/10.1590/1808-5245.30.139068Palavras-chave:
musealização, patrimonialização, memória, Pampulha, Igreja São Francisco de AssisResumo
Este estudo busca apresentar considerações acerca do potencial que alguns sítios históricos apresentam para assumirem características de espaços musealizados, a partir da tendência social à prática turística enquanto espaço de visitação. Para tal, realizou-se uma revisão extensiva da literatura acadêmica sobre musealização, patrimonialização. Além disso, foram consultados documentos oficiais, relatórios e publicações relacionadas ao processo de classificação da Igreja São Francisco de Assis, na Pampulha, em Belo Horizonte-MG, como Patrimônio da Humanidade. Escolhida como objeto principal de análise devido à sua significativa transformação após a concessão do título de Patrimônio da Humanidade, este estudo de caso examina como a Igreja São Francisco de Assis passou a ser musealizada, analisando o processo de ressignificação do patrimônio sacro modernista em Belo Horizonte, considerando o contexto histórico, social e político. A pesquisa incluiu ainda visitas ao local para observar a dinâmica da visitação, a interação dos visitantes com o espaço e as práticas de conservação e apresentação da Igreja. Por fim, apresenta, na prática, como ocorreu o processo de musealização no templo, atentando-se aos embates e contradições concatenados à edificação, uma vez que a musealização e a patrimonialização não são processos livres de interesses e disputas. E a análise dos dados coletados focou em como a transformação da Igreja em um espaço museológico reflete e influencia a percepção pública do patrimônio sacro modernista.
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