Anacronismo, corpo e memória nas imagens escatológicas de Francisco Toledo

Autores

  • Vanessa Daniele Moraes Universidade de Brasília – UnB, Brasília/ DF

DOI:

https://doi.org/10.22456/2357-9854.70894

Palavras-chave:

Memória. Escatologia. Francisco Toledo. Corpo.

Resumo

A ideia de que os fluidos do nosso corpo devem provocar nojo e repugnância atravessa séculos e tem explicações históricas, das quais buscamos alguns pensadores (Georges Vigarello e Mikhail Bakhtin) para elucidar as razões que solidificaram um imaginário do corpo sujo. Nas artes visuais, o artista mexicano Francisco Toledo (1940) desconstrói a noção do excremento como um dejeto que deve causar repúdio nas pessoas. Sua obra pode ser lida num duplo contato com o corpo: quando ele usa a merda como tema (dejeto corporal) e quando pensamos em suas pinturas pelo viés antropológico, onde as imagens têm um significado simbólico e são, literalmente, formadas no corpo humano. A carga afetiva e emocional que envolvem a formação das imagens no homem contribui para que a imaginação seja única, intransponível e anacrônica.

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Biografia do Autor

Vanessa Daniele Moraes, Universidade de Brasília – UnB, Brasília/ DF

Bacharel e Licenciada em Letras Português pela Universidade Federal de Santa Catarina. Mestre em Literatura pela mesma universidade. Doutoranda em Comunicação na linha de pesquisa "Imagem, som e escrita" pela Universidade de Brasília. Investiga as faces da abjeção nas artes e na Estética.

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Publicado

2017-04-30

Como Citar

MORAES, V. D. Anacronismo, corpo e memória nas imagens escatológicas de Francisco Toledo. Revista GEARTE, [S. l.], v. 4, n. 1, 2017. DOI: 10.22456/2357-9854.70894. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/gearte/article/view/70894. Acesso em: 29 abr. 2025.

Edição

Seção

O Corpo nas Artes e as Artes do(s) Corpo(s): um caminho (inter)artes para a ecologia de saberes