Imagens do verde e da ferrugem: Crise e duração do trabalho ferroviário sul brasileiro
Palavras-chave:
Antropologia Visual, Antropologia do Trabalho, Etnografia da Duração, Pelotas, FerroviáriosResumo
Neste ensaio abordo a imagética da crise do transporte ferroviário, desde o regime de imagens de sua comunidade de trabalho, com a qual realizei trabalho de campo na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul. O conjunto de fotografias constelam ao entorno de dois principais conceitos — o de crise e o de duração — ambos derivados de minha filiação teórica à Etnografia da Duração. A crise é a ruptura dos tempos vividos organizados pelo trabalho, a descontinuidade dos vínculos afetivos e significativos, as ruínas dos espaços de vida, a precarização e a demissão. A duração é a insubordinação frente a finitude do tempo, são os envelhecimentos resilientes e combativos dos ferroviários/as e suas famílias. A indissociável relação entre crise e duração vem da própria experiência de trabalho de campo. As denúncias da crise, realizadas pela comunidade ferroviária, também são formas de durar no tempo. Por isso, busquei em fotografias produzidas durante o trabalho de campo que cumprissem o duplo papel de lamentar, evidenciando. Prantear, se insubordinando. Imagens do verde e da ferrugem. Das cercas e grades que separam as pessoas dos seus antigos espaços de trabalho. Da tinta descascada, do muro caído do sindicato ferroviário. Da crise e, também, da duração.
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Referências
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GÓMEZ, Guillermo Stefano Rosa. (2018.) Etnografia da Crise e da Duração Ferroviária em Pelotas: Um estudo antropológico de memória coletiva. 238 f. Dissertação (Mestrado) — Curso de Antropologia Social, IFCH, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Disponível em: <https://lume.ufrgs.br/handle/10183/179424>.
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