A relação entre a memória social e sociocognição: busca do contexto social na Organização do Conhecimento
DOI:
https://doi.org/10.19132/1808-5245241.65-85Palavras-chave:
Memória social. Sociocognição. Memória discursiva sociocognitiva. Organização do conhecimento.Resumo
Este artigo tem como objetivo evidenciar a relação entre memória social e cognição social e as perspectivas de compreensão do contexto para organização do conhecimento. A pesquisa é exploratória e adota como procedimento metodológico a pesquisa bibliográfica. O estudo compreende a memória social como fonte de conhecimento que pressupõe a experiência coletiva de um grupo. Caracteriza a sociocognição, os estudos sobre a linguagem e as discussões que este campo contempla sob a perspectiva do paradigma da cognição social. Aponta a interseção entre a memória social e a sociocognição, no ponto em que, para a interpretação da memória é necessário a compreensão do seu contexto, que possui características sociocognitivas de seus interlocutores, ou seja, a visão de mundo de quem o interpreta. O campo da memória discursiva sociocognitiva é interpretado como o âmbito onde se constituem as práticas sociocomunicativas de representação e memória. A pesquisa mostra que as questões sobre o discurso, os contextos de uso, as intenções comunicativas e sociais efetivadas pelos falantes são elementos de estudo no campo da memória discursiva sociocognitiva. Constata que a base indicada pela sociocognição para os estudos da memória social, fornece subsídios para a organização do conhecimento no que diz respeito às formas como as comunidades discursivas produzem e organizam seus conhecimentos socialmente construídos.
Downloads
Referências
AMORIM, Igor Soares. Análise de domínio sob a luz do conceito de agenciamento de Gilles Deleuze. 2015. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Centro de Ciências da Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015.
ANDERSON, John. R. Cognitive psychology and its implications. New York: Freeman, 1995.
APOTHÉLOZ, Denis; REICHLER-BÉGUELIN, Marie-José. Construction de la référence et stratégies de désignation. TRANEL, Neuchâtel, n. 23, p. 227-271, déc. 1995.
BERGSON, Henri. Matéria e memória: ensaio da relação do corpo com o espírito. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
BERMUDEZ, José Luis. Cognitive science: an introduction to the science of the mind. New York: Cambridge University, 2010.
CLARK, Herbert H. Using language. Cambridge: Cambridge University Press, 1996.
COLLIS, Jill; HUSSEY, Roger. Pesquisa em administração: um guia prático para alunos de graduação e pós-graduação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
FENTRESS, James; WICKHAM, Chris. Social memory: new perspectives on the past. Cambridge: Blackwell, 1992.
FERREIRA, Tânia Brisanti. Sociocognição: uma abordagem relevante para a compreensão dos processos de construção de sentido. In: SEMANA DE HUMANIDADES, 17, 2009, Natal. Anais... Natal: UFRN, 2009. p. 1-10.
GARDNER, Howard. A nova ciência da mente. São Paulo: EDUSP, 2003.
GUIMARÃES, Arthur; GOMYDE, Heloisa. Émile Durkheim: para o sociólogo francês, a principal função do professor é formar cidadãos capazes de contribuir para a harmonia social. 2011.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2004.
HIGGINS, E. Tory. Social cognition: learning about what matters in the social world. European Journal of Social Psychology, Sussex, v. 30, n. 1, p. 3-39, Jan./Feb. 2000.
HJORLAND, Birger. Epistemology and the socio-cognitive perspective in information science. Journal of the American Society for Information Science and Technology, New York, v. 53, n. 4, p. 257-270, 2002.
HOBART, Michael E.; SCHIFFMAN, Zachary S. Information ages: literacy, numeracy, and the computer revolution. Maryland: John Hopkings University Press, 2000.
JARDIM, José Maria. A invenção da memória nos arquivos públicos. Ciência da Informação, Brasília, v. 25, n. 2, p. 1-13, 1995.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Construção dos sentidos no discurso: uma abordagem sociocognitiva. Revista Investigações, Recife, v. 18, n. 2, 2005.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; CUNHA-LIMA, Maria Luiza. Do cognitivismo ao sociocognitivismo. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Ana Christina (Org.). Introdução à linguística: volume 3: fundamentos epistemológicos. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; MARCUSCHI, Luiz Antônio. Processos de referenciação na produção discursiva. DELTA, São Paulo, v. 14, n. esp, p. 169-190, 1998.
LAGE, Ana Lúcia; BURNHAM, Teresinha Fróes; MICHINEL, José Luis. Abordagens epistemológicas da cognição: a análise cognitiva na investigação da construção de conhecimento. In: BURNHAM, Teresinha Fróes et al. (Org.). Análise cognitiva e espaços multireferenciais de aprendizagem: currículo, educação à distância e gestão/difusão do conhecimento. Salvador: EDUFBA, 2012.
LE GOFF, Jacques. História e memória. 7. ed. Campinas: Ed. UNICAMP, 2013.
MACHADO, Bruno Focas Vieira. A memória cognitivo-discursiva: entre discurso, psicanálise e cognição. Revista de Estudos da Linguagem, Belo Horizonte, v. 24, n. 1, p. 225-255, 2016.
MARCUSCHI, Luiz Antônio; KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Estratégias de referenciação e progressão referencial na língua falada. In: ABAURRE, Maria Bernadete (Org.). Gramática do português falado: volume III. Campinas: Ed. UNICAMP, 2002.
MILLER, George A. The cognitive revolution: a historical perspective. Trends in Cognitive Science, Cambridge, v. 7, n. 3, p. 141-144, Mar. 2003.
MOIRAND, Sophie. Discours, mémoires et contextes: à propos du fonctionnement de l’allusion dans la presse. Corela, Poitiers, n. HS-6, nov. 2007.
MONDADA, Lorenza. Gestion du topic et organization de la conversation. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, v. 41, p. 7-36, 2001.
MONTYSUMA, Marcos; KARPINSKI, Cezar. Memória e história oral. Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2010.
OLICK, Jeffrey K.; ROBBINS, Joyce. Social memory studies: from “collective memory” to the historical sociology of mnemonic practices. Annual Review of Sociology, Palo Alto, v. 4, p. 105-140, 1998.
OLIVEIRA, Eliane Braga de; RODRIGUES, Georgete Medleg. As concepções da memória na ciência da informação no Brasil: estudo preliminar sobre a ocorrência do tema na produção científica. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 9., 2008, São Paulo. Anais... São Paulo, 2008.
OLIVEIRA, Luis Felipe. O debate sobre o representacionalismo nas ciências cognitivas. Kínesis, Marília, v. 8, n. 17, p. 85-114, jul. 2016.
OLIVEIRA, Marcos Barbosa de. Cognitivismo e ciência cognitiva. Trans/Form/Ação, São Paulo, v. 13, p. 85-93, 1990.
ORLANDI, Eni. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 6. ed. Campinas: Pontes, 2005.
POLLAK, Michael. Memória, silêncio e esquecimento. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 3-15, 1989.
SALOMÃO, Maria Margarida Martins. Razão, realismo e verdade: o que nos ensina o estudo sociocognitivo da referência. Caderno de Estudos Linguísticos, Campinas, n. 44, p. 71-83, jan./jun. 2003.
TULVING, Endel. Elements of episodic memory. New York: Oxford University Press, 1983.
VARELA, Francisco. Invitation aux sciences cognitives. 2. ed. Paris: Éditions du Seuil, 1996.
VYGOTSKY, Lev Semyonovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2017 Juliana Rabelo do Carmo, Cezar Karpinski, Marisa Bräscher

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution (CC BY 4.0), que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista, como publicar em repositório institucional, com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Os artigos são de acesso aberto e uso gratuito. De acordo com a licença, deve-se dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Não é permitido aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.