O PROCESSO DE FORMAÇÃO EM SAÚDE: UMA ANÁLISE DOS PLANOS DE ENSINO DAS ATIVIDADES CURRICULARES OBRIGATÓRIAS
DOI:
https://doi.org/10.54909/sp.v4i1.102022Resumen
A aplicação de concepções éticas, humanistas e cuidadoras no ensino e no exercício profissional no Sistema Único de Saúde (SUS), prerrogativa das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) estabelecidas há mais de uma década, ainda é um desafio nos currículos dos cursos da graduação em saúde do Brasil. Este estudo foi desenvolvido pelo grupo PET-Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde) GraduaSUS e teve o objetivo de utilizar os conteúdos dos planos de ensino das atividades curriculares obrigatórias para analisar os currículos dos cursos de graduação em Medicina, Odontologia, Nutrição, Enfermagem, Psicologia e Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A análise documental centrou-se na busca de termos que revelassem conteúdos e competências abordados nas atividades de ensino curriculares obrigatórias e que indicassem uma formação que contemplasse o SUS. Foi realizada análise documental de 325 planos de ensino de disciplinas e de estágios obrigatórios dos cursos, vigentes no ano de 2016, para caracterizar o processo de formação e relacionar com o trabalho no SUS. Os documentos foram examinados com o apoio do programa NVivo® versão 11.0, e os termos foram exportados para planilhas do Software Excel®, onde foram gerados quadros e gráficos. Observou-se grande diferença em relação à frequência dos termos pesquisados nas atividades de ensino curriculares ao longo da graduação dos diferentes cursos. Os planos de ensino analisados refletem fragilidades e apontam para processos formativos apoiados em práticas tecnicistas e hospitalocêntricas, mostrando que conteúdos e temas centrais para o trabalho no SUS, como educação permanente, liderança, integralidade e humanização, são abordados de forma incipiente quando comparados aos conteúdos básicos ou técnicos dos cursos. Destacam-se as ações dos estágios curriculares obrigatórios e seu papel na integração ensino-serviço-comunidade como propulsores da formação crítica e reflexiva, ancorada na realidade dos serviços de saúde e seu potencial transformador na formação em saúde.
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