O PROCESSO DE FORMAÇÃO EM SAÚDE: UMA ANÁLISE DOS PLANOS DE ENSINO DAS ATIVIDADES CURRICULARES OBRIGATÓRIAS

Autores

  • Renata Riffel Bitencourt
  • Manuella Goulart Buchmann UFRGS
  • Cristiane Machado Mengatto UFRGS
  • Juliana Rombaldi Bernardi UFRGS
  • Vanuska Lima da Silva UFRGS
  • Eliziane Nicolodi Francescato Ruiz UFRGS
  • Fabiana Schneider Pires Professora Adjunta do Departamento de Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Professora Permanente do Programa de PósGraduação Modalidade Mestrado Profissional Ensino na Saúde (PPGENSAU) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

DOI:

https://doi.org/10.54909/sp.v4i1.102022

Resumo

A aplicação de concepções éticas, humanistas e cuidadoras no ensino e no exercício profissional no Sistema Único de Saúde (SUS), prerrogativa das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) estabelecidas há mais de uma década, ainda é um desafio nos currículos dos cursos da graduação em saúde do Brasil. Este estudo foi desenvolvido pelo grupo PET-Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde) GraduaSUS e teve o objetivo de utilizar os conteúdos dos planos de ensino das atividades curriculares obrigatórias para analisar os currículos dos cursos de graduação em Medicina, Odontologia, Nutrição, Enfermagem, Psicologia e Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A análise documental centrou-se na busca de termos que revelassem conteúdos e competências abordados nas atividades de ensino curriculares obrigatórias e que indicassem uma formação que contemplasse o SUS. Foi realizada análise documental de 325 planos de ensino de disciplinas e de estágios obrigatórios dos cursos, vigentes no ano de 2016, para caracterizar o processo de formação e relacionar com o trabalho no SUS. Os documentos foram examinados com o apoio do programa NVivo® versão 11.0, e os termos foram exportados para planilhas do Software Excel®, onde foram gerados quadros e gráficos. Observou-se grande diferença em relação à frequência dos termos pesquisados nas atividades de ensino curriculares ao longo da graduação dos diferentes cursos. Os planos de ensino analisados refletem fragilidades e apontam para processos formativos apoiados em práticas tecnicistas e hospitalocêntricas, mostrando que conteúdos e temas centrais para o trabalho no SUS, como educação permanente, liderança, integralidade e humanização, são abordados de forma incipiente quando comparados aos conteúdos básicos ou técnicos dos cursos. Destacam-se as ações dos estágios curriculares obrigatórios e seu papel na integração ensino-serviço-comunidade como propulsores da formação crítica e reflexiva, ancorada na realidade dos serviços de saúde e seu potencial transformador na formação em saúde.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Renata Riffel Bitencourt

Pós-Graduanda. Residente em Saúde da Família e Comunidade do Grupo Hospitalar Conceição (GHC). Curso de Graduação em Odontologia, Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Manuella Goulart Buchmann, UFRGS

Acadêmica. Curso de Graduação em Odontologia, Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Cristiane Machado Mengatto, UFRGS

Professor. Departamento de Odontologia Conservadora, Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Juliana Rombaldi Bernardi, UFRGS

Professor. Departamento de Nutrição, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

 

Vanuska Lima da Silva, UFRGS

Professor. Departamento de Nutrição, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

 

Eliziane Nicolodi Francescato Ruiz, UFRGS

Professor. Departamento de Nutrição, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Fabiana Schneider Pires, Professora Adjunta do Departamento de Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Professora Permanente do Programa de PósGraduação Modalidade Mestrado Profissional Ensino na Saúde (PPGENSAU) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Professora Adjunta do Departamento de
Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Professora Permanente do Programa de PósGraduação Modalidade Mestrado Profissional Ensino na Saúde (PPGENSAU) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Referências

ALMEIDA FILHO, N. M. Contextos, impasses e desafios na formação de trabalhadores em saúde coletiva no Brasil. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 6, p. 1677-1682, 2013. DOI: 10.1590/S1413-81232013000600019

AMANCIO FILHO, A. Dilemas e desafios da formação profissional em saúde. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 8, n. 15, p. 375-380, 2004. DOI: 10.1590/S1414-32832004000200019

ANASTASIOU, L.; ALVES, L. P. Processos de ensinagem na universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. 8. ed. Joinville: UNIVILLE, 2009.

BATISTA, N. A. Educação interprofissional em saúde: concepções e práticas. Cad. FNEPAS, Rio de Janeiro, n. 2, p. 25-28, 2012.

BATISTA, K. B. C.; GONÇALVES, O. S. J. Formação dos profissionais de saúde para o SUS: significado e cuidado. Saúde soc., São Paulo, v. 20, n. 4, p. 884-899, 2011. DOI: 10.1590/S0104-12902011000400007

BRAID, L. M. C.; MACHADO, M. F. A. S.; ARANHA, A. C. Estado da arte das pesquisas sobre currículo em cursos de formação de profissionais da área da saúde: um levantamento a partir de artigos publicados entre 2005 e 2011. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 16, n. 42, p. 679-692, 2012. DOI: 10.1590/S1414-32832012000300008

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES 3/2014. Diário Oficial: República Federativa do Brasil: seção 1, Brasília, DF, p. 8-11, 23 de junho de 2014.

CARVALHO, G. A saúde pública no Brasil. Estud. av., São Paulo, v. 27, n. 78, p. 7-26, 2013. DOI: 10.1590/S0103-40142013000200002

CASTRO, M. M. Formação em Saúde e Serviço Social: as residências em questão. Textos & Contextos, Porto Alegre, v. 12, n. 2, p. 349-360, 2013.

CECCIM, R. B.; FEUERWERKER, L. C. M. Mudança na graduação das profissões de saúde sob o eixo da integralidade. Cad. saúde pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 5, p. 1400-1410, 2004. DOI: 10.1590/S0102-311X2004000500036

CELLARD, A. A análise documental. In: POUPART, J. A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis: Vozes, 2008.

COTTA, R. M. M. et al. Pobreza, injustiça e desigualdade social: repensando a formação de profissionais de saúde. Rev. bras. educ. med., Rio de Janeiro, v. 31, n. 3, p. 278-286, 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-55022007000300010

COSTA, C. R. B. S. F.; SIQUEIRA-BATISTA, R. As teorias do desenvolvimento moral e o ensino médico: uma reflexão pedagógica centrada na autonomia do educando. Rev. bras. edu. med., Rio de Janeiro, v. 28, n. 3, p. 242-250, 2004.

COSTA, M. V. (org.). O currículo nos limiares do contemporâneo. Rio de Janeiro: DP&A, 1998.

GENTIL, D. F.; ABILIO, E. S.; CORDEIRO, M. J. J. A. Limites e desafios curriculares na formação de profissionais para atuar no Sistema Único de Saúde. Interfaces da educ., Paranaíba, v. 6, n. 17, p. 77-96, 2015.

JAEGER, W. Paidéia: a formação do Homem grego. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

MONTANARI, P. M. Formação para o trabalho no ensino das graduações em saúde. Saúde soc., São Paulo, v. 27, n. 4, p. 980-986, 2018.

MORAES, A. B.; COSTA, N. Análise Documental de Currículos da Área da Saúde no Brasil. In: CONGRESSO IBERO-AMERICANO DE INVESTIGAÇÃO QUALITATIVA, 15., 2015. Anais [...]. Lisboa: CIAIQ, 2015. v. 1, p. 224-228. Disponível em: https://proceedings.ciaiq.org/index.php/ciaiq2015/article/view/52/50. Acesso em: 26 maio 2020.

MOREIRA, A. F. B.; SILVA, T. T. (org.). Currículo, cultura e sociedade. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1999.

NORONHA, A. B.; SOPHIA, D.; MACHADO, K. Formação profissional em saúde. Radis, Rio de Janeiro, v. 3, p. 11-17, 2002.

PAIVA, C. H. A.; TEIXEIRA, L. A Reforma sanitária e a criação do Sistema Único de Saúde: notas sobre contextos e autores. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, p. 653-67, 2014.

PEREIRA, A. L. F. As tendências pedagógicas e a prática educativa na ciência da saúde. Cad. saúde pública, Rio de Janeiro, v. 19, n. 5, p. 1527-1534, 2003.

SACRISTÁN, J. G. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

SILVA, T. T. O que produz e o que reproduz em educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

SILVA, V. O.; SANTANA, P. M. M. A. Conteúdos curriculares e o Sistema Único de Saúde (SUS): categorias analíticas, lacunas e desafios. Interface (Botucatu), v. 19, n. 52, p. 121-132, 2015. DOI: 10.1590/1807-57622014.0017. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832015000100121&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 20 mar. 2020.

SIQUEIRA-BATISTA, R. et al. Educação e competências para o SUS: é possível pensar alternativas à(s) lógica(s) do capitalismo tardio?. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 1, p. 159- 170, 2013. DOI: 10.1590/S1413-81232013000100017

Downloads

Publicado

2020-08-11

Como Citar

BITENCOURT, R. R.; BUCHMANN, M. G.; MENGATTO, C. M.; BERNARDI, J. R.; SILVA, V. L. da; RUIZ, E. N. F.; PIRES, F. S. O PROCESSO DE FORMAÇÃO EM SAÚDE: UMA ANÁLISE DOS PLANOS DE ENSINO DAS ATIVIDADES CURRICULARES OBRIGATÓRIAS. Saberes Plurais Educação na Saúde, [S. l.], v. 4, n. 1, p. 62–78, 2020. DOI: 10.54909/sp.v4i1.102022. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/saberesplurais/article/view/102022. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 3 4 > >>