Metanarrativa, ficção e não ficção em Táxi Teerã, de Jafar Panahi
DOI:
https://doi.org/10.19132/1807-8583202152.92653Palabras clave:
Metanarrativa, Ficção e não ficção, Cinema iranianoResumen
O objetivo deste artigo é discutir como o cinema contemporâneo vem evidenciando o tensionamento dos limites entre ficção e não ficção por meio do emprego estratégico de recursos metanarrativos. A metanarrativa expõe e problematiza os inevitáveis processos de ficcionalização da narrativa, ao pretender ofertar provas de autenticação do real, suposta e dialeticamente construído nas relações limítrofes da interferência subjetiva de uma instância enunciadora. No caso da cinematografia do diretor iraniano Jafar Panahi, marcada pela autorreflexão, a proposta é que a arte olhe para dentro e reconheça a si mesma enquanto discurso. Metodologicamente, analisa-se o filme Táxi Teerã (2015), cuja eleição de linguagem e discurso é resultante dos constrangimentos operacionais a que está submetido Panahi, por conta de ter sido proibido pela justiça iraniana de fazer cinema. Buscando apresentar situações ordinárias da vida em Teerã, o diretor liga uma câmera dentro de um táxi, onde desempenha a função de motorista enquanto conversa com os passageiros. Conclui-se que Panahi faz cinema para, metanarrativamente, problematizar e posicionar esse fazer enquanto um ato político, ao mostrar a impossibilidade de limitar a natureza do audiovisual e ao mostrar, por extensão, a natureza dos próprios princípios reguladores da produção audiovisual no país, denunciando o aparato repressivo que age sobre a produção cinematográfica.
Descargas
Citas
AMARAL, Aline Moreira do. A representação da mulher em O círculo de Jafar Panahi: o Irã, o Islã e o cinema (1979-2001). 2015. Dissertação (Mestrado em História) - Programa de Estudos Pós-Graduados em História, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015.
ANDERSON, Perry. As origens da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
ANDRADE, Ana Lúcia. O filme dentro do filme: a metalinguagem no cinema. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999
AUMONT, Jacques et al. A estética do filme. Campinas: Papirus, 1995.
BARTHES, Roland. Análise estrutural da narrativa. Petrópolis: Vozes, 2008.
BAZIN, André. O cinema: ensaios. São Paulo: Brasiliense, 1991.
BERNARDO, Gustavo. O livro da metaficção. Rio de Janeiro: Tinta Negra, 2010.
CAMARGOS, Marcia; CARRANCA, Adriana. O Irã sob o chador: duas brasileiras no país dos 96 aiatolás. Rio de Janeiro: Globo, 2010.
COSTA, Bruno. Paixão e nostalgia pelo real. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO, 19., 2010, Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de Janeiro: PUC-RJ, 2010. p. 1-13.
FIGUEIREDO, Vera Lúcia Follain de. Novos realismos, novos ilusionismos. In: GOMES, Renato Cordeiro; MARGATO, Izabel (org.). Novos realismos. Belo Horizonte: UFMG, 2012. p. 119-132.
GAUDREAULT, André; JOST, François. A narrativa cinematográfica. Brasília: UnB, 2009.
GOMES, Renato Cordeiro. Por um realismo brutal e cruel. In: GOMES, Renato Cordeiro; MARGATO, Izabel (org.). Novos realismos. Belo Horizonte: UFMG, 2012. p. 71-90.
HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção. Rio de Janeiro: Imago, 1999.
HUTCHEON, Linda. Narcissistic narrative: the metafictional paradox. Waterloo: Wilfrid Laurier University Press, 1980.
JAGUARIBE, Beatriz. O choque do real: estética, mídia e cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.
JAMESON, Fredric. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. 2. ed. São Paulo: Ática, 1997.
LOPES, Denílson. Estéticas do artifício, estéticas do real. In: GOMES, Renato Cordeiro; MARGATO, Izabel (org.). Novos realismos. Belo Horizonte: UFMG, 2012. p. 147-162.
LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. 8. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2004.
MELEIRO, Alessandra. O novo cinema iraniano: arte e intervenção social. São Paulo: Escrituras, 2006.
METZ, Christian. Linguagem e cinema. São Paulo: Perspectiva, 1980.
MOUSINHO, Luiz Antonio; OLIVEIRA, Rayssa Mykelli de Medeiros. Os dispositivos metaficcionais e a imbricação de forma e conteúdo em O artista. Revista Livre de Cinema, João Pessoa, v. 5, n. 1, p. 4-15, 2018.
TÁXI Teerã. Direção de Jafar Panahi. Teerã: Jafar Panahi Films Production, 2015. 1 disco (82 min), son., color.
ZIZEK, Slavoj. Bem-vindo ao deserto do real! cinco ensaios sobre o 11 de setembro e datas relacionadas. São Paulo: Boitempo, 2002.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2021 Pedro Piccoli Garcia, Fabiana Quatrin Piccinin

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0.
Los derechos de autor de los artículos publicados en esta Revista pertenecen a los autores, y los derechos de la primera publicación están garantizados para la revista. Por estar publicados en una revista de acceso libre, los artículos son de uso gratuito, con la atribución apropiada, en las actividades educativas y no comerciales.
La revista utiliza la Licencia Creative Commons Attribution (CC BY-NC 4.0), que permite el intercambio de trabajo con el reconocimiento de la autoría.
Autoarchivo (política de repositorios): se permite a los autores depositar todas las versiones de sus trabajos en repositorios institucionales o temáticos, sin período de embargo. Se solicita, siempre que sea posible, que se agregue la referencia bibliográfica completa de la versión publicada en Intexto (incluido el enlace DOI) al texto archivado.
Intexto no cobra ninguna tarifa por el procesamiento de artículos (article processing charge).