A cartomante perdeu seus poderes
uma análise da reconfiguração do imaginário sob a ótica da midiatização
DOI:
https://doi.org/10.19132/1807-8583.57.141212Palabras clave:
imaginário, midiatização, sentido, reconfiguração, jornalismoResumen
Neste artigo apresentamos um recorte da pesquisa realizada em nossa tese de doutoramento, onde analisamos a reconfiguração de sentidos da ordem do imaginário sob a ótica da midiatização. No que toca ao imaginário, neste recorte específico focamos no imaginário mítico, ou seja, em sentidos da ordem do mágico e do sobrenatural que, no que têm de imaginário, transbordam para além da concretude do mundo empírico. A partir dos apontamentos da epistemologia da midiatização, entendemos que mesmo esses sentidos ficam à mercê de reconfigurações quando materializados em dispositivos de mídia – no caso sob análise, jornais impressos. Equivale a dizer que, por força de processos que se estabelecem no transcurso do tempo e das mudanças sociais e culturais, e, também, pela interferência de outros agentes enunciadores, o sentido materializado reconfigura-se no ato interpretativo, desviando-se do que foi proposto pelo autor. Aqui, focaremos na reconfiguração do imaginário que pairava sobre uma cartomante, apresentada como testemunha nas investigações sobre o chamado Caso Kliemann, episódio policial verídico amplamente divulgado pela imprensa na década de 1960 no Rio Grande do Sul. Entendemos que a análise das narrativas jornalísticas da época dos fatos, na comparação com uma narrativa jornalística mais recente dos mesmos episódios, possibilita a observação de sentidos que, materializados nos jornais dos anos 1960, passaram por reconfigurações durante esse transcurso do tempo.
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