Ateu, graças a Deus: a crítica ao sacerdócio no cinema de Luis Buñuel
DOI:
https://doi.org/10.19132/1807-8583202050.127-145Palavras-chave:
Luis Buñuel. Surrealismo. Religiosidade. Sacerdócio. Ateísmo.Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar como o cinema de Luis Buñuel lida com a devoção de protagonistas no exercício de algum grau no sacerdócio, especialmente o cristão, permeado pelo ateísmo do cineasta e pelo surrealismo em sua obra, já que os infortúnios da religiosidade são recorrentes como tema em sua filmografia. A partir dos conceitos de surrealismo e suas estratégias na construção audiovisual da desarticulação racional, três filmes com protagonistas sacerdotais são analisados em termos de quanto eles se alinham ou diferem daqueles atributos do movimento surrealista, em busca de particularidades. Os filmes são Nazarin (de 1959), Viridiana (de 1961) e Simão do deserto (de 1965). Eles também são comparados entre si e com as características surrealistas específicas e críticas da religião, recorrentes no trabalho do cineasta espanhol, a fim de observar em que medida elas se aplicam a cada um deles. Em todos os três filmes, as adversidades dos protagonistas reforçam a sensação de que sua devoção e seu sacrifício não podem tornar os beneficiários melhores nem realizar seus próprios planos. Na prática, a perspectiva supostamente isenta defendida pelo diretor reitera a inutilidade da fé, numa construção lógica que se afasta do princípio subconsciente surrealista, estratégia que somente Simão do deserto (de 1965) recupera claramente, embora mantendo a mesma tese.
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