Para branquear a pele

as publicidades de produtos de beleza no Correio da Manhã de 1902 a 1924

Autores

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583.57.142372

Palavras-chave:

publicidade, discurso, eugenia, raça, historiografia da mídia

Resumo

Este artigo analisa as publicidades de produtos de beleza para branquear a pele no Brasil do início do século XX. A partir de uma abordagem da Comunicação e História, realizamos um mapeamento dos anúncios publicitários veiculados no jornal carioca Correio da Manhã e documentamos o discurso publicitário das três primeiras décadas do século XX, no período de 1902 a 1924, a partir da concepção de rastros e vestígios do passado. Identificamos que os discursos sobre o embelezamento, na época, revelavam os dilemas raciais da nação e o surgimento do discurso médico-eugenista na capital da Primeira República. Acreditamos que as publicidades de produtos para branquear a pele exerceram um importante papel na construção da brancura como valor estético e moral das elites cariocas.

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Biografia do Autor

Julio Cesar Sanches, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutor em Comunicação e Cultura do PPGCOM/UFRJ. Professor Adjunto do Departamento de Teoria da Comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Pós-doutorando da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).

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Publicado

2025-04-10

Como Citar

Sanches, J. C. “Para Branquear a Pele: As Publicidades De Produtos De Beleza No Correio Da Manhã De 1902 a 1924”. Intexto, nº 57, abril de 2025, doi:10.19132/1807-8583.57.142372.

Edição

Seção

Artigos