Opinião pública, crenças e pós-verdade

uma análise a partir das teorias de Lippmann e Peirce

Autores

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583.56.137350

Palavras-chave:

desinformação, opinião pública, manipulação discursiva, pragmatismo, semiótica

Resumo

A emergência da desinformação e do conceito de pós-verdade tem levantado questões sobre a natureza da verdade e o papel da informação na sociedade. Com o objetivo de contribuir a esse debate, recorre-se a dois pensadores que influenciaram as bases do pensamento moderno sobre comunicação, crenças e cognição: Charles S. Peirce, com suas contribuições à lógica, semiótica e pragmatismo, e Walter Lippmann, em sua análise crítica da mídia e da opinião pública, fornecem subsídios valiosos para esta investigação. O texto, empregando uma revisão bibliográfica e teórica, argumenta que a pós-verdade, um fenômeno discursivo, utiliza estratégias que mobilizam consenso, crenças, estereótipos e signos.

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Biografia do Autor

Leonardo Ripoll, Universidade de São Paulo

Doutorando em Comunicação na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP). Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Gestão da Informação da Universidade do Estado de Santa Catarina (PPGInfo/UDESC) na linha Informação e Sociedade. Graduado em Biblioteconomia - Gestão da Informação (UDESC). Possui experiência nas áreas de Psicologia e Sistemas de Informação. Atua principalmente nos seguintes temas: Desinformação, Leitura Crítica, Filosofia da Informação, Disseminação da Informação, Semiótica, Mídias Sociais e nas intersecções entre Cinema, Literatura, Fotografia e Informação. Bibliotecário e agente de comunicação na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e coordenador do programa de extensão interinstitucional Comissão de Confiabilidade Informacional e Combate à Desinformação no Ambiente Digital (cidad.bu.ufsc.br).

Vinicius Romanini, Universidade de São Paulo

Possui graduação em Ciências da Comunicação (Jornalismo, 1990), mestrado (2001) e doutorado (2006) em Ciências da Comunicação, todos pela Universidade de São Paulo. Pós-doutorado pela Universidade de Indiana (EUA), em 2014. Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Filosofia e Teoria da Comunicação, Filosofia da Linguagem, Cultura e Semiótica. Como jornalista, foi repórter, editor ou colaborador em diversos meios de comunicação, nas quais cobriu principalmente assuntos de cultura, ciência e sustentabilidade. É o atual presidente da Sociedade Brasileira de Ciência Cognitiva (SBCC) para a gestão 2017-2019. É também editor-científico da revista SEMEIOSIS (Revista Transdisciplinar de Semiótica e Design), Membro de corpo editorial da Peter Lang Book Series Reflections on Signs and Language, além dos seguintes periódicos: Cadernos de Semiótica Aplicada (CASA), Brazilian Journal of Technology, Communication, and Cognitive Science, Texto Livre: Linguagem e Tecnologia e da Clareira- Revista de Filosofia da Região Amazônica. Coordenador do Grupo ECA pela Democracia.Pesquisador do Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (CELACC), do Centro de Lógica e Epistemologia da Ciência (CLE/Unicamp), do Grupo de Estudos em Sistemas Sígnicos do Design, bem como do Projeto UniTwin da Unesco (Unesp). Entre os prêmios que ganhou estão o Abril de Jornalismo, o Ethos de Jornalismo Ambiental e o Citi Journalistic Excellence Award. Integra os programas do pós-graduação PPGCOM (Comunicação) e PGEHA (Interunidades em Estética e Historia da Arte).

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Publicado

2024-07-31

Como Citar

Ripoll, L., e V. Romanini. “Opinião Pública, crenças E pós-Verdade: Uma análise a Partir Das Teorias De Lippmann E Peirce”. Intexto, nº 56, julho de 2024, doi:10.19132/1807-8583.56.137350.

Edição

Seção

Artigos