Autotopografia – o desenho como metodologia vulnerável

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22456/2357-9854.144346

Palavras-chave:

Desenho, Autotopografia, Memória, Metodologia de vulnerabilidade, Performance

Resumo

Este artigo é uma revisão reflexiva sobre a autotopografia como metodologia vulnerável na investigação artística. Desenvolvido a partir do projeto “DRAWinU – Desenho Entre Fronteiras na Universidade”, a autotopografia explora o desenho como metodologia para uma investigação vulnerável, numa relação estreita com a escrita, o diálogo situado e a performance. O desenho é levado a cabo como uma prática de memória e um comportamento restaurado, a partir da experiência lembrada de um lugar e dos seus pontos de contacto com a memória coletiva. O mapa de relações construído por cada participante pode ser entendido como um fim em si mesmo, ou como guião para desdobramentos performativos.

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Biografia do Autor

Paulo Luís Almeida, Universidade do Porto – UP / Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade – i2ADS, Porto, Portugal

Nasceu em Lourenço Marques (atual Maputo), Moçambique. Formou-se em Artes Plásticas – Pintura, na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP). Foi Investigador Bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia em 2006 e doutorou-se pela Universidad del País Vasco (Espanha, em 2009), com uma tese sobre as interferências de processos performativos nas práticas pictóricas contemporâneas. Há alguns anos começou a realizar pequenas disrupções nos espaços e momentos do seu quotidiano. Estas intervenções não saiam do espaço doméstico da casa e da rua onde vivia, eram realizadas sem qualquer anúncio e geralmente mal documentadas. Percebeu depois que também podia fazer desenhos e pinturas para evitar a exposição pública das intervenções e contornar a impossibilidade da sua realização; que desenhar podia ser uma forma estimulante de as pensar, realizar e documentar. Esta relação entre contextos performativos e objectos pictóricos passou a contaminar o seu trabalho, um ensaio visual contínuo em torno de micro-narrativas do quotidiano (algumas das quais sem outra pretensão que não a de inventar fábulas para a vida de todos os dias). O trabalho, que se desdobra em desenho, pintura e performance, resulta de noções muito simples: a noção narrativa de prova; o deslocamento de gestos quotidianos; a transferência de acções entre contextos performativos. É Professor Associado na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto; Diretor do Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade (I2ADS)  e Co-IR do Projeto de I&D DRAWinU - Drawing Across the University Borders, financiado pela FCT (PTDC/ART-OUT/3560/2021); Diretor do Programa de Desenho (BA-Hons) da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

Mário Bismarck, Universidade do Porto – UP / Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade – i2ADS, Porto, Portugal

Obteve o Título de Agregado em Arte e Design – especialização em Desenho em 2010 pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Prestou provas de Agregação em Desenho em 1992 pela Escola Superior de Belas Artes do Porto. Licenciatura em Artes Plásticas-Pintura em 1983 pela Escola Superior de Belas Artes do Porto. É Professor Catedrático na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Publicou vários artigos em revistas especializadas. Possui 10 capítulos de livros. Orientou 4 teses de doutoramento. Orientou 15 dissertações de mestrado e/ou Provas de Aptidão Científica-pedagógica. Atua nas áreas de Humanidades com ênfase em Artes. No seu currículo Ciência Vitae os termos mais frequentes na contextualização da produção científica, tecnológica e artístico-cultural são: “desenho”; “teoria e história do desenho”; Pedagogia do desenho” e “usos e funções do desenho”. Como artista plástico participou em mais de 100 exposições coletivas e realizou 20 exposições individuais.

Silvia Simões, Universidade do Porto – UP / Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade – i2ADS, Porto, Portugal

Nasceu no Porto (Portugal) em 1974. Leciona na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto desde 2000, onde é atualmente Professora Auxiliar no Departamento de Desenho. Iniciou a prática artística em 1995, à qual se mantém, dando particular ênfase à área do desenho, fotografia e pintura. Como investigadora, é membro integrado do Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (I2ADS). Como investigadora, é membro integrado do Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (I2ADS). Doutorada em 2013 pela FBAUP, com o título: Perspectivas do Ensino Artístico Face aos Desafios da Tecnologia Digital. O ensino do desenho: do atelier à rede. Mestre em Artes Digitais, pela Universidade Católica em 2001 com o título: "O desenho na era digital - rupturas e continuidades. Licenciou-se em Pintura, pela FBAUP em 1998. 1997 – Bolseira Fundação Gomes Teixeira. Bolseira FCT de 2008 a 2012. Bolseira Fundação Luso Americana em 2013. Como artista visual, desenvolve trabalho no campo do vídeo, fotografia, pintura e desenho onde cruza as várias práticas na concretização dos seus projetos, representados em Portugal, Moçambique, Cabo Verde, Espanha e Holanda. Destacam-se: 2007- “Outras Paisagens 2.1” – Galeria Fuga pela Escada, Guimarães, 2012 “Várias hipóteses para a mesma coisa”, Galeria Gesto, Porto e 2012- “Cinco séculos de Desenho no Acervo da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto "Centro de Desenhos Sé XX e XXI. Museu Soares dos Reis, Porto. Como investigadora, destacam-se as participações e textos publicados: (2013) Investigação, através e a partir do desenho em contexto de aprendizagem na Drawing Research Network 2013 Conference / Thinking Through Drawing Seminar, Columbia, NY. (2013) “Investigação, através e a partir da arte na era digital”. EERA, European Educational Research Association. Istambul, Turquia. (2012), Os desafios do ensino e da aprendizagem na era da Web. 2.0. In MARTINS, C., TERRASÊCA M., MARTINS, V. (Ed.). Escritos após o encontro internacional em Cabo Verde. Porto: Gesto Cooperativa Cultural, CRL Foi também distinguida como artista e investigadora com os seguintes prémios: Em 2013 Prémio de Excelência em Doutoramento, FBAUP, 2001 e 2000 Menção Honrosa Bienal de Pintura de Penafiel e o prémio de Melhor Aluna do Curso de Pintura em 1998.

Maria Catarina Silva, Universidade do Porto – UP / Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade – i2ADS, Porto, Portugal

É atualmente estagiária de investigação no projeto DRAWinU - Drawing Across University Borders: Learning, Researching, and Communicating through Drawing in the University (PTDC/ART-OUT/3560/2021), financiado pela FCT. Estuda formas vegetais através do desenho, desenvolvendo trabalho a partir da natureza e do arquivo do Herbário do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP). Concluiu o mestrado em Desenho e Gravura em 2017 na FBAUP, com o projeto "Deambulação entre o Indefinido e a Maravilha: Uma investigação sobre os limites da percepção no desenho e na gravura". É licenciada em Escultura (FBAUP, 2014).

Referências

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Publicado

2024-12-02

Como Citar

ALMEIDA, P. L.; BISMARCK, M.; SIMÕES, S.; SILVA, M. C. Autotopografia – o desenho como metodologia vulnerável. Revista GEARTE, [S. l.], v. 11, 2024. DOI: 10.22456/2357-9854.144346. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/gearte/article/view/144346. Acesso em: 16 abr. 2025.

Edição

Seção

Dossiê Arte/Educação enREDE