Parabolicamará: redundância e inovação na infomaré televisiva da Tropicália

Autores

  • Rafael Zincone Universidade Federal Fluminense
  • Marco Schneider Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT)/ Universidade Federal Fluminense (UFF)

DOI:

https://doi.org/10.19132/1808-5245243.316-333

Palavras-chave:

Tropicália. Teoria da informação. Economia política. Capital midiático. Televisão.

Resumo

Objetiva discutir a tensão entre redundância e inovação, na informação televisiva, do movimento musical tropicalista. Epistemologicamente, adota uma perspectiva interdisciplinar entre a Ciência da Informação e a Comunicação Social, explorando, mais particularmente, duas vertentes teóricas que lhes são comuns, em graus variados: a Teoria da Informação e a Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura. Metodologicamente, trata-se de pesquisa teórica e bibliográfica que estabelece um diálogo entre a Teoria da Informação, em sua apropriação por Augusto de Campos, no artigo Informação e redundância na música popular, e a Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura, mormente mediante seu desenvolvimento na Dialética do gosto, de Marco Schneider. Nessa perspectiva, situa o debate em torno do componente estético-informacional da Tropicália, no contexto da indústria cultural brasileira do fim dos anos 1960 e problematiza o modo como ela participa na conformação da informação midiatizada tropicalista. A problemática principal dá-se em torno da possibilidade do caráter de vanguarda ou de inovação do movimento musical nos palcos dos programas de auditório da TV da época. A questão de fundo é saber como a indústria cultural, apesar de sua tendência dominante à redundância, possibilitou ampla circulação de informação inovadora, na música popular brasileira, no período analisado. Sem ignorar a autonomia relativa e, portanto, a agência dos artistas tropicalistas, trabalha com a hipótese de que seu caráter inovador foi favorecido pelo estágio liberal e concorrencial do capital midiático de então, mais aberto à inovação do que as fases subsequentes, monopolistas e fictícias.

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Biografia do Autor

Rafael Zincone, Universidade Federal Fluminense

Mestre em Comunicação Social pelo Programa de Pós-graduação em Mídia e Cotidiano (PPGMC) da Universidade Federal Fluminense (UFF). Graduado em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Colabora com o Grupo de Estudos sobre Comunicação, Cultura e Sociedade (GRECOS) na UFF e com o Laboratório de Estudos Marxistas (LEMA) do Instituto de Economia da UFRJ. Na pesquisa de monagrafia "Economia e cultura: tropicalismo, indústria cultural e o desenvolvimentismo brasileiro" (2014), estabeleceu-se um cotejo entre a Tropicália e a economia brasileira de 1960/1970 a partir das controvérsias pertinentes ao tema do desenvolvimento e da dependência econômica e cultural. O trabalho identifica, assim, um paralelo entre as temáticas da "dependência" e da "antropofagia", os projetos de modernização da economia brasileira e da música popular. No mestrado, manteve-se o tema do tropicalismo musical. Sob a perspectiva da Comunicação, discutiu a fortuna crítica daquele movimento em programas de televisão de 1967 e 1968.

Marco Schneider, Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT)/ Universidade Federal Fluminense (UFF)

Pesquisador associado do Ibict. Professor do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - PPGCI-Ibict/UFRJ. Coordenador do PPGCI-Ibict/UFRJ no biênio 2017-2018. Professor adjunto do departamento de Comunicação e colaborador do mestrado em Mídia e Cotidiano (PPGMC) da Universidade Federal Fluminense (UFF-Niterói-RJ). Possui estágio pós-doutoral em Estudos Culturais, pelo Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ-2012). Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (ECA-USP-2008). Mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ-2003). Bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Produção Editorial (ECO-UFRJ-1999). Integrante do PACC-UFRJ. Autor do livro "A Dialética do Gosto: informação, música e política ", publicado em 2015 pela Editora Circuito, com bolsa de auxílio a publicação, da Faperj. Publicou também um livro de poesia, seis capítulos de livros (um deles em Cuba) e vinte e um artigos em periódicos científicos do Brasil e da América Latina, e em dois de Portugal. Vencedor dos concursos de ensaio Pensar a Contracoriente (Cuba-2003) e Mário Pedrosa, sobre arte e cultura contemporâneas (Brasil-2010). Professor universitário desde 2003. Interesses atuais de pesquisa: ética, epistemologia e economia política da informação, da comunicação e da cultura. Líder do grupo de pesquisa Perfil-i (Perspectivas Filosóficas em Informação). Diretor Científico eleito da Ulepicc-Brasil (União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura). Membro do ICIE (International Center for Information Ethics). Músico e escritor

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Publicado

2018-08-27

Como Citar

ZINCONE, R.; SCHNEIDER, M. Parabolicamará: redundância e inovação na infomaré televisiva da Tropicália. Em Questão, Porto Alegre, v. 24, n. 3, p. 316–333, 2018. DOI: 10.19132/1808-5245243.316-333. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/EmQuestao/article/view/76615. Acesso em: 16 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigo