A morte iminente de Quijano, a morte presente do governador Panza
DOI:
https://doi.org/10.19132/1807-8583201947.121-138Palabras clave:
Dom Quixote. Tempo presente. Morte. Função. Desconstrução.Resumen
A partir da definição que Sancho Pança dá de seu governo como "morte presente", ao abandoná-lo depois de tanto desejá-lo e buscá-lo, o artigo constrói a imagem de um tempo presente como detenção de qualquer fluxo e, no limite desse movimento, como morte da escritura. O posto de governador, preso a um sem número de códigos de conduta, converteu o objeto de suas aventuras em seu encerramento, em que o artigo vê a identidade das duas acepções de fim: como função e término. Paralelamente, também o episódio do testamento de Alonso Quijano é analisado, especialmente a retirada de cena que implica do Quixote, deixando ao lúcido e bem-comportado fidalgo de aldeia o papel de moribundo, inadequado ao delirante cavaleiro que criara. As galinhas de seu testamento permitem ver um eco da cena da preparação de Sócrates para seu envenenamento, o que contrapõe, ao finalismo de nossa cultura, o comportamento gratuito de Dom Quixote. Esse, porém, não é um tema específico do livro de Cervantes ou de seu tempo. Assim, o artigo busca construir outra imagem deste presente como tempo morto, a partir de aspectos próprios da realidade contemporânea, mas com a mesma detenção da escritura que o anterior. As formas de o cavaleiro manchego e seu escudeiro enfrentarem o tema da morte (presente ou iminente) são pensadas como modos de uma escritura de invenção, que não se atém ao corte entre funcional e disfuncional como critério de produção ou leitura.
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