Uma leitura sobre trabalho e teoria crítica
DOI:
https://doi.org/10.1590/18070337-132327Palavras-chave:
teoria crítica, reificação, economia flexível, novo welfare stateResumo
Este artigo reconstrói a trajetória do trabalho como categoria conceitual internamente à tradição intelectual que se designa como teoria crítica da sociedade, em suas transformações ao longo do século XX e na passagem para o século XXI. O artigo demonstrará um movimento de pêndulo: partindo de uma formulação teórica nos primórdios da Escola de Frankfurt, passou-se a uma concepção puramente empírica na sociologia do trabalho nos anos 1980, associada ao diagnóstico do “fim da sociedade do trabalho”, diagnóstico que se revela hoje questionável à luz das novas relações de trabalho da Gig Economy. Com isso, chega-se hoje a um movimento em que o trabalho pode voltar a ocupar a centralidade do pensamento crítico, inclusive rearticulando um programa político. Este artigo remonta esse movimento, mostrando como a centralidade da categoria trabalho oscilou ao longo do tempo, de acordo com as transformações estruturais do capitalismo mundial.
Downloads
Referências
ADORNO, Theodor W. Einleitungsvortrag zum 16. Deutschen Soziologentag. In: Adorno, T. W. (org.). Spätkapitalismus oder Industriegesellschaft? Verhandlungen des 16. Deutschen Soziologentages in Frankfurt am Main 1968. Stuttgart: Ferdinand Enke, 1969. p. 12-26.
ARAÚJO NETO, José A. C. de. O trabalho como elemento efetivo do reconhecimento em Axel Honneth. Kalagatos, v. 13, n. 27, p. 11-28, 2016. https://doi.org/10.23845/kalagatos.v13i27.6220
BACHUR, João Paulo. Intersubjetividade ou Solipsismo? Aporias da Teoria do Agir Comunicativo de Jürgen Habermas. Dados – Revista de Ciências Sociais, v. 60, n. 2, p. 541-575, 2017. https://doi.org/10.1590/001152582017128
BACHUR, João Paulo. Reificação como categoria crítica da teoria marxista. Cadernos CEMARX, v. 2, n. 2, p. 94-101, 2005. https://doi.org/10.20396/cemarx.v2i2.10828
BALIBAR, Étienne. La philosophie de Marx. Paris: La Découverte, 2001.
BECK, Ulrich. Schöne neue Arbeitswelt. Frankfurt: Campus, 1999.
BRESSIANI, Nathalie. Do trabalho ao reconhecimento: Axel Honneth entre Marx e Habermas. Cadernos de Filosofia Alemã, v. 25, n. 3, p. 13-34, 2020. https://doi.org/10.11606/issn.2318-9800.v25i3p13-34
CASTEL, Robert. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. São Paulo: Vozes, 1999.
COHN, Gabriel. Crítica e resignação: Max Weber e a teoria social. São Paulo: Martins Fontes, 2003/1978.
DEMIROVIĆ, Alex; STEINERT, Heinz. In memoriam Ludwig von Friedeburg (21.5.1924 – 17.5.2010). Soziologie, v. 39, n. 4, p. 485-492, 2010.
ESPING-ANDERSEN, Gøsta. The three worlds of welfare capitalism. Princeton: Princeton University, 1990.
FRASER, Nancy; HONNETH, Axel. Umverteilung oder Anerkennung? Eine politisch-philosophische Kontroverse. Frankfurt: Suhrkamp, 2003.
FRASER, Nancy; JAEGGI, Rahel. Capitalism. A conversation in critical theory. Cambridge: Polity, 2018.
FRIEDEBURG, Ludwig von. Soziologie des Betriebsklimas. Studien zur Deutung empirischer Untersuchungen in industriellen Großbetrieben. Frankfurt: Europäische Verlagsanstalt, 1963.
GORZ, André. Metamorfoses do trabalho: crítica da razão econômica. São Paulo: Annablume, 2003.
HABERMAS, Jürgen. Técnica e ciência como “ideologia”. Lisboa: Edições 70, 2001.
HABERMAS, Jürgen. A nova intransparência: a crise do estado de bem-estar social e o esgotamento das energias utópicas. Novos Estudos CEBRAP, v. 18, p. 103-114, 1987.
HADDAD, Fernando. Trabalho e linguagem. Rio de Janeiro: Azougue, 2004.
HADDAD, Fernando. De Marx a Habermas: o materialismo histórico e seu paradigma adequado. Tese (Doutorado em Filosofia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996. https://doi.org/10.11606/T.8.1996.tde-05082022-143202
HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento. São Paulo: Editora 34, 2003/1992.
HORKHEIMER, Max. Eclipse da razão. São Paulo: Unesp, 2016/1946.
HORKHEIMER, Max. Die gegenwärtige Lage der Sozialphilosophie und die Aufgaben eines Instituts für Sozialforschung. In: HORKHEIMER, M. Gesammelte Schriften. Frankfurt: Fischer, 1988/1931. p. 20-35.
HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor W. Gesammelte Schriften: Dialektik der Aufklärung und Schriften 1940-1950. Frankfurt: Fischer, 1997/1947. Vol. 5.
JAY, Martin. Dialektische Phantasie. Frankfurt: Fischer, 1991/1973.
LENHARD, Philipp. Introdução: as análises de Friedrich Pollock do nacional-socialismo. In: POLLOCK, F. Crise e transformação estrutural do capitalismo: artigos na Revista do Instituto de Pesquisa Social, 1932-1941. Florianópolis: NEFIPO, 2019. p. 8-34.
LESSENICH, Stephan (org.). Wohlfahrtsstaatliche Grundbegriffe. Frankfurt: Campus, 2003.
LESSENICH, Stephan. Die Neuerfindung des Sozialen: Der Sozialstaat im flexiblen Kapitalismus. Bielefeld: Transcript, 2008.
LESSENICH, Stephan. Neben uns die Sintflut: Der Externalisierungsgesellschaft und ihr Preis. Munique: Hanser, 2016.
LUKÁCS, Georg. História e consciência de classe. São Paulo: Martins Fontes, 2003/1923.
MARX, Karl. Das Kapital (v. 1) – Marx Engels Werke. Berlim: Dietz, 1968/1867. Vol. 23.
MARCUSE, Herbert. One-Dimensional Man. Londres: Routledge, 2007/1964.
MARCUSE, Herbert. Neue Quellen zur Grundlegung des Historischen Materialismus. In: MARCUSE, H. Schriften. Springe: zu Klampen, 2004a/1932. Vol. 1, p. 509-555.
MARCUSE, Herbert. Triebstruktur und Gesellschaft – Schriften. Springe: zu Klampen, 2004b/1955. Vol. 5.
MARCUSE, Herbert. An essay on liberation. Boston: Beacon, 1969.
MARCUSE, Herbert. Reason and revolution. Boston: Beacon, 1941.
MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro, Zahar, 1967.
MELO, Rúrion S. Reificação e reconhecimento: um estudo a partir da teoria crítica da sociedade de Axel Honneth. ethic@, v. 9, n. 2, p. 231-245, 2010. https://doi.org/10.5007/1677-2954.2010v9n2p231
MUSSE, Ricardo; KLEIN, Stefan. Um olhar sobre a teoria crítica no Brasil: entrevista com Gabriel Cohn. Tempo Social, v. 30, n. 3, p. 289-300, 2018. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2018.150494
NOBRE, Marcos. Lukács e os limites da reificação. Um estudo sobre História e consciência de classe. 1. ed. São Paulo: Editora 34, 2001.
OFFE, Claus. Capitalismo desorganizado: transformações contemporâneas do trabalho e da política. São Paulo: Brasiliense, 1989.
POLLOCK, Friedrich. A situação atual do capitalismo e as perspectivas de uma nova ordem de planificação econômica. In: POLLOCK, F. Crise e transformação estrutural do capitalismo: artigos na Revista do Instituto de Pesquisa Social, 1932-1941. Florianópolis: NEFIPO, 2019a/1932. p. 35-54.
POLLOCK, Friedrich. “Capitalismo de Estado: suas possibilidades e limitações”. In: POLLOCK, F. Crise e transformação estrutural do capitalismo: artigos na Revista do Instituto de Pesquisa Social,1932-1941. Florianópolis: NEFIPO, 2019b/1941. p. 89-118.
POLLOCK, Friedrich. Die planwirtschaftlichen Versuche in der Sowjetunion 1917-1927. Leipzig: C. L. Hirschfeld, 1929.
SOUZA, Luiz Gustavo da C. de. Redistribuição ou reconhecimento 15 anos depois. Um balanço do debate entre Nancy Fraser e Axel Honneth e de sua repercussão no Brasil. Política & Sociedade, v. 17, n. 40, p. 118-155, 2018a. https://dx.doi.org/10.5007/2175-7984.2018v17n40p118
SOUZA, Luiz Gustavo da C. de. Reconhecimento, desreconhecimento e demarcação simbólica: uma contribuição conceitual à análise do lado negativo do reconhecimento. Sociologias, v. 20, n. 49, p. 294-317, 2018b. https://dx.doi.org/10.1590/15174522-02004912
SOUZA, Luiz Gustavo da C de. O que há de especificamente sociológico na teoria do reconhecimento de Axel Honneth?”. Sociologia & Antropologia, v. 2, n. 4, p. 61-79, 2012.
SUNDARARAJAN, Arun. The sharing economy: The end of employment and the rise of crowd-based capitalism. Cambridge: MIT Press, 2017.
WEBER, Max. Wissenschaft als Beruf. In: WEBER, M. Max Weber Gesamtausgabe – Abteilung I. Tubinga: J.C.B. Mohr, 1992/1917. Vol. 17, p. 70-111.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Stefan Fornos Klein, João Paulo Bachur

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.