Flores e pássaros

disciplinarização, agência e práticas de resistência em instituições totais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/18070337-122917

Palavras-chave:

abrigo, disciplinarização, instituição total, resistências, agência

Resumo

O presente artigo é fruto de um exercício analítico que aproxima duas investigações em instituições totais da cidade de Imperatriz (MA): a Comunidade Terapêutica Renascer Feminino e a Casa da Criança. O interesse pelo diálogo entre essas investigações nasce da percepção de que os pesquisadores envolvidos, em pesquisas dissociadas, interagiam com sujeitos que estavam em relação: algumas das mulheres que residem no CT Renascer Feminino são mães das crianças que habitam a Casa da Criança, sob a tutela do Estado, e aguardam o retorno de suas mães para reavê-las ou serão definitivamente encaminhadas para adoção. Foi assim que as duas etnografias produzidas revelaram os aspectos comuns que marcavam o funcionamento das duas instituições e as relações estabelecidas entre crianças, mulheres e entre ambos os grupos e os dirigentes. O fio condutor do artigo é a discussão sobre controle e disciplina exercidos sobre crianças e mulheres pelo Estado, cuja retórica repousa no possível reencontro dos dois agentes, caso se rendam ao controle do Estado. Por outro lado, estes agentes – crianças e mulheres – criam estratégias para burlar o controle disciplinar, resistindo ao controle total das instituições e engendrando novos modos de pertencimento às instituições que por ora habitam.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Wellington da Silva Conceição, Universidade Federal do Maranhão

Doutor em Ciências Sociais e Professor Adjunto da Universidade Federal do Maranhão.

Emilene Leite de Sousa, Universidade Federal do Maranhão

Doutora em Antropologia Social e Professora Associada da Universidade Federal do Maranhão.

Jéssica de Sousa Lima, Universidade Federal do Maranhão

Mestra em Sociologia e Pesquisadora do Grupo de Estudos Educação, Cultura e Infância (GECI) da Universidade Federal do Maranhão.

Ana Luísa Rocha Martins Naslausky, Universidade Federal do Maranhão

Mestra em Sociologia e Assessora na 6ª Promotoria de Justiça Especializada na Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa de Imperatriz.

Referências

ARAÚJO, José A. V. de. A região de influência de Imperatriz-MA: estudo da polarização de uma capital regional, destacando a regionalização dos serviços públicos de saúde. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Urbano) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2016. https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17859

CAVALCANTE, Lília Iêda C.; MAGALHÃES, Celina Maria C.; PONTES, Fernando Augusto R. Abrigo para crianças de 0 a 6 anos: um olhar sobre as diferentes concepções e suas interfaces. Revista Mal-Estar e Subjetividade, v. VII, n. 2, p. 329-352, 2007. https://ojs.unifor.br/rmes/article/view/1588

ELIAS, Nobert. O processo civilizador: formação do Estado e da civilização. Rio de Janeiro: Zahar, 1993. Vol. 2.

FEITOSA, Antônio Genivaldo S. A infância abrigada: impressões das crianças na Casa Abrigo. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. https://lume.ufrgs.br/handle/10183/35148

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. São Paulo: Graal, 2012.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: história da violência das prisões. Petrópolis: Vozes, 2008a.

FOUCAULT, Michel. Segurança, território, população: curso dado no Collège de France (1977-1978). São Paulo: Martins Fontes, 2008b.

GIDDENS, Anthony. A constituição da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

GOFFMAN, Erving. Manicômios, Prisões e Conventos. São Paulo: Editora Perspectiva, 1961.

LAHIRE, Bernard. O homem plural ou a Sociologia em escala individual. In: VANDENBERGH, F.; VÉRAN, J. (org.). Além do habitus: teoria social pós-bourdieusiana. Rio de Janeiro: 7Letras, 2016. p. 39-47.

LIMA, Jéssica de S. Casa de passarinho: a experiência com a infância vivenciada pelas crianças em uma instituição de acolhimento em Imperatriz-MA. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade Federal do Maranhão, 2021.

LIMA, Jéssica de S.; SOUSA, Emilene L. de. Autonomia das crianças versus controle institucional: uma análise da agência infantil em uma casa abrigo de Imperatriz. Revista Pós Ciências Sociais (REPOCS), v. 17, n. 33, p. 297-318, 2020. https://doi.org/10.18764/2236-9473.v17n33p297-318

MACHADO, Carly. Presos do lado de fora: comunidades terapêuticas como zonas de exílio urbano. In: FIORE. M; RUI, T. (ed.). Working Paper Series: Comunidades Terapêuticas no Brasil. Nova York: Social Science Research Council – Drugs, Security and Democracy Program, 2021.

MELO, Rosa Virgínia. O cuidado das mulheres na dependência química. SANTOS, M. P. G. (org.). Comunidades terapêuticas: temas para reflexão. Rio de Janeiro: IPEA, 2018. p. 121-133.

NASLAUSKY, Ana Luísa R. M. Entre flores, espinhos e cruz: etnografia de uma comunidade terapêutica feminina em Imperatriz/MA. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade Federal do Maranhão, 2021.

NASLAUSKY, Ana Luísa R. M.; CONCEIÇÃO, Wellington da S.; BRANDÃO, Beatriz. Proibicionismo brasileiro e seus desdobramentos: a moralidade na opinião pública e o papel da mídia maranhense. Áskesis, v. 8, n. 2, p. 77 - 95, 2019. http://dx.doi.org/10.46269/8219.430

PRESTES, Andréia B. Ao abrigo da família: emoções, cotidianos e relações em Instituições de abrigamento de crianças e adolescentes em situação de risco social e familiar. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Universidade Federal do Paraná, 2010. https://hdl.handle.net/1884/24158

RIBEIRO, Fernanda B. Os cabelos de Jennifer: por etnografias da participação de “crianças e adolescentes” em contextos da “proteção à infância”. Política & Trabalho, n. 43, p. 49-64, 2015.

SIMMEL, Georg. Filosofia da moda e outros escritos. Lisboa: Edições textos & Grafia, 2008.

SOUSA, Emilene L. As crianças e a etnografia: criatividade e imaginação na pesquisa de campo com crianças. Iluminuras, v. 16, n. 38, p.140-164, 2015. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/iluminuras/article/view/57434/34489

SOUSA, Emilene L. de. Autonomia Do Universo Infantil Versus Autonomia Infantil: A Agência Das Crianças No Contexto Camponês Capuxu. Temáticas, n. 51, p. 181-182, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.20396/tematicas.v26i51.11633

SOUSA, Emilene L. de; PIRES, Flávia F. “Entendeu ou quer que eu desenhe?” Os desenhos na pesquisa com crianças e sua inserção nos textos antropológicos. Revista Horizontes Antropológicos, v. 27, n. 2, 2021. https://doi.org/10.1590/S0104-71832021000200003

TARGINO, Janine; MESQUITA, Wania. O nascimento de boa mulher cristã: notas sobre a experiência de mulheres adictas em uma comunidade terapêutica religiosa. Religare, v. 17, n. 1, p. 205-232, 2020. https://doi.org/10.22478/ufpb.1982-6605.2020v17n1.47506

VILLAR, Nayara L.; SANTOS, Maria Paula G. Sexualidade e relações de gênero das comunidades terapêuticas: Notas a partir de dados empíricos. SANTOS, M. P. G. (org.). Comunidades terapêuticas: temas para reflexão. Rio de Janeiro: IPEA, 2018. p. 101-121.

Downloads

Publicado

2024-09-17

Como Citar

CONCEIÇÃO, W. da S.; SOUSA, E. L. de; LIMA, J. de S.; NASLAUSKY, A. L. R. M. Flores e pássaros: disciplinarização, agência e práticas de resistência em instituições totais. Sociologias, [S. l.], v. 26, n. 63, p. e-soc122917, 2024. DOI: 10.1590/18070337-122917. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/sociologias/article/view/122917. Acesso em: 23 abr. 2025.

Edição

Seção

Artigos