MERSBE - mercado de ruídos e sons para o bem-estar: modulações da escuta e cultura aural contemporânea

Autores

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583202152.98204

Palavras-chave:

MERSBE, Ruído, Bem-Estar, Cultura Aural

Resumo

O presente artigo explora um mercado sonoro único: o MERSBE – Mercado de Ruídos e Sons para o Bem-Estar. Tal mercado se caracteriza por apresentar propostas ruidosas com fins diversos, tais como o aprimoramento da memória e da qualidade do sono, aumento da capacidade de concentração, curas físicas e psíquicas, dentre outras, sempre comprometidas com o bem-estar. A emergência do MERSBE revela, ainda, como a cultura contemporânea estabelece novos modos de se relacionar com os ruídos, invertendo o que parecia ser a lógica dos seus usos até há pouco tempo. De uma posição provocadora e contestatória - como no caso do Manifesto Futurista de Russolo, na música concreta, ou ainda em músicos como E. Varese e J. Cage, até o movimento punk e o noise japonês – os ruídos parecem, agora, servir a mercados globais, sendo acolhidos e cultivados como experiências positivas e dóceis. Como isso pode afetar a cultura aural contemporânea? Essa é a questão central desse artigo, que foi elaborado a partir de uma imersão em sites de redes sociais, como o Youtube, para a observação dos produtos sônicos analisados. Como referência teórica principal estão os Estudos de Som e autores que trabalham com as materialidades da comunicação, principalmente. Como resultados finais, o artigo aponta alguns fatores que já podem ser entrevistos como partícipes relevantes, na modulação da escuta de ruídos na cultura aural contemporânea.

Downloads

Biografia do Autor

Vinícius Andrade Pereira, UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Pós doutorado no The Brown Institute For Media Innovation, na Universidade Columbia (EUA), Doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ, com estágio doutoral no McLuhan Program in Culture and Technology, na Universidade de Toronto, Canadá. Professor do departamento de teoria da Comunicação e do PPGCom da Faculdade de Comunicação Social da UERJ.

Referências

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Lisboa: Martin Claret, 2013.

BAPTISTA, L.GRAY, P. M., KRAUSE, B. et al. The Music of Nature and the Nature of Music. Science. v. 291, n. 5501, p. 52-54, 2001.

BIANCHI, E.P.; SCALABRIN, A.C.; PENTERICH, E. Uma análise do bem-estar psicológico das pessoas nos ambientes organizacionais: Reflexões para a gestão da qualidade de vida no trabalho. RACRE – Revista de Administração, Espírito Santo do Pinhal, v. 6, n. 10, p.93-105, jan/dez. 2006.

BOIVIN, N. Material cultures, material minds: the impact of things on human thought, society and evolution. Cambridge: Cambridge Univ. Press, 2009.

BULL, M.; BACK, L. (orgs.). The auditory culture reader. Oxford: Berg. Pub, 2003.

DE NORA, T. Music in everyday life. Massachussets: Cambridge Univ. Press, 2000.

FORD, S. Wreckers of civilisation: the story of coum transmissions & throbbing gristle. London: Black Dog Publishing, 1999.

GUMBRECHT, H.U. Production of Presence: what meaning cannot convey. Stanford: Stanford Univ. Press, 2004.

HEGARTY, P. Noise/Music: a history. London: Continuum, 2007.

KRAUS, N.; NICOL, T. The power of sound for brain health. Nature human behaviour, [s.l.], v. 1, n. 10, p. 700, 2017.

KRAUS, N.; WHITE-SCHWOCH, T. Neurobiology of everyday communication: What have we learned from music?. The Neuroscientist, [s.l.], v. 23, n. 3, p. 287-298, 2017.

MCLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Cultrix, 2001.

NOVAK, D. JAPANOISE – Music at the edge of circulation. Durham and London: Duke Univ. Press, 2013.

OSTER, G. Auditory beats in the brain. Scientific American, [s.l.], v. 229, n. 4, p. 94-103, 1973.

PEREIRA, V.A. Reflexões sobre as materialidades dos meios: embodiment, afetividade e sensorialidade nas dinâmicas de comunicação das novas mídias. Revista Fronteiras: Estudos Midiáticos, São Leopoldo, v.8, n.3, p.93-101, set-dez, 2006.

PEREIRA, V.A.; CASTANHEIRA, J.C.; SARPA, R., Simbiotecnoises: ruídos extremos na cultura do entretenimento. In: SÁ, S.P. de, (org.) Rumos da Cultura da Música – Negócios, Estéticas, Linguagens e Audibilidades. Porto Alegre: Sulina, 2010.

RUSSOLO, L. L’Arte dei rumore. [Itália]: Stampa Alternativa Ed., 2009.

SÁ, S.P. de. A trilha sonora de uma historia silenciosa: som, música, audibilidades e tecnologias na perspectiva dos Estudos de Som. In: SÁ, S.P. de, (org.) Rumos da Cultura da Música – Negócios, Estéticas, Linguagens e Audibilidades. Porto Alegre: Sulina, 2010.

SCHAFER, R.M. A Afinação do Mundo. São Paulo: UNESP, 2001.

SCORSOLINI-COMIN, F.; SANTOS, M.A. O estudo científico da felicidade e a promoção da saúde: revisão integrativa da literatura. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Ribeirão Preto, v. 18, n.3, p.188-195, mai-jun/2010.

STERNE, J. O mp3 como um artefato cultural. In: SÁ, S.P. de (org.) Rumos da Cultura da Música – Negócios, Estéticas, Linguagens e Audibilidades. Porto Alegre: Sulina, 2010.

STERNE, J. The audible past: cultural origins of sound reproduction. Durham and London: Duke University Press, 2003.

THOMPSON, E. The Soundscape of Modernity: Architectural Acoustics and the Culture of Listening in America, 1900-1933. Cambridge: Mit Press, 2004.

VARELA, F. J. Neurophenomenology: A methodological remedy for the hard problem. Journal of Consciousness Studies, [s.l.], v. 3, n. 4, p. 330-349, 1996.

Downloads

Publicado

2021-05-27

Como Citar

Pereira, V. A. “MERSBE - Mercado De ruídos E Sons Para O Bem-Estar: Modulações Da Escuta E Cultura Aural contemporânea”. Intexto, nº 52, maio de 2021, p. 98204, doi:10.19132/1807-8583202152.98204.

Edição

Seção

Artigos