WhatsApp e violência urbana nos telejornais
fluxo de flagrantes, desafios e novas rotinas profissionais
DOI:
https://doi.org/10.19132/1807-8583.55.130266Palavras-chave:
WhatsApp, violência urbana, flagrantes, telejornalismoResumo
Neste artigo, nosso objetivo é compreender as vantagens e os desafios da utilização do WhatsApp na produção telejornalística, especialmente na cobertura da violência urbana, com o propósito de discutir em que medida o fluxo de imagens que permeia o app afeta as rotinas profissionais. O WhatsApp tornou-se um dos aplicativos mais populares do mundo para o envio e recebimento de texto, som e imagem e os telejornais também exploram a sua instantaneidade a fim de conseguir flagrantes de violência, especialmente de regiões de conflito armado, hostis à presença de repórteres. Neste estudo, realizamos 13 entrevistas em profundidade com jornalistas de quatro emissoras de TV brasileiras. Essa metodologia foi complementada com a observação dos noticiários pelo período de seis meses. No geral, os jornalistas valorizam os flagrantes enviados pelo WhatsApp, pois a ferramenta se tornou fundamental para o preenchimento dos noticiários, permitindo acessar imagens de eventos de violência de determinados territórios conflagrados hostis à cobertura da imprensa tradicional, sem falar do potencial dos flagrantes para atrair a audiência. Mas, o fluxo intenso e multidirecional de flagrantes exige mais trabalho dos profissionais nos processos de apuração, o desenvolvimento de novas rotinas laborais e o dilema entre exibir ou não conteúdos não totalmente verificados.
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