Comunicação e memória em textos de coletivos de teatro feminista no Brasil

Boneca de pano (SC, 2014) e Entre Nós: buzinas, chicotes e ácidos (CE, 2017)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583.55.127827

Palavras-chave:

comunicação, cultura midiática, coletivos de teatro feminista, teatro amador, memória social

Resumo

Apesar de os movimentos feministas terem se iniciado há mais de cem anos no Brasil, ainda são poucos os grupos brasileiros que desenvolvem dramaturgia escrita por e para mulheres, ainda que se considere o teatro amador. Apresentamos neste artigo a análise de dois textos teatrais (ou roteiros), ainda inéditos: Boneca de pano, do coletivo de teatro catarinense (Em) Companhia de Mulheres, e Entre Nós: buzinas, chicotes e ácidos, do coletivo cearense Arremate de Teatro. Temos como objetivo compreender, ao compararmos essas duas narrativas teatrais, semelhanças e diferenças dos temas em pauta, considerando seus locais de produção, bem como suas origens. Partimos da hipótese de que narrativas teatrais redigidas por coletivos que se assumem feministas funcionam como um espaço autorizado de fala das brasileiras, de identificação e de ruptura de comportamentos herdados da cultura patriarcal. Confirmamos, a partir dos suportes teóricos sobre teatro, análise do discurso, estudos culturais, de gênero e memória social, que os dois textos em tela se apresentam como formas igualmente potentes de catarse, sensibilização e resistência à domesticação e à opressão a que as mulheres ainda são submetidas.

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Biografia do Autor

Barbara Heller, Universidade Paulista

Docente do PPGCOM da Universidade Paulista. Possui graduação em Teoria Literária pela Universidade Estadual de Campinas (1982), mestrado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (1990) e doutorado em Teoria Literária pela Universidade Estadual de Campinas (1997). É pós-doutora em Comunicação pela Universidade Metodista (2011), sob a supervisão do Prof. Dr. Laan Mendes de Barros, e pela Escola de Comunicação e Artes da Usp (2015), sob a supervisão da profa. Dra. Maria Cristina Castilho Costa. Atualmente é docente e representante do Programa de Mestrado e Doutorado em Comunicação da Universidade Paulista (Unip nos fóruns da área. É líder do Grupo de Pesquisa Narrativas da Memória: Representações, Identidades e Culturas, cadastrado no diretório do CNPq, e membro fundadora da rede de pesquisa Rememora. É parecerista ad hoc da Fapesp e de diversos perióidicos em comunicação. Foi fundadora, vice-coordenadora e coordenadora do Grupo de Trabalho "Memória nas Mídias", da Associação dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós), de 2015 a 2017. Atualmente preside a Associação Liberdades Poéticas para remição de pena por leitura. Tem experiência na área de comunicação e literatura, com ênfase nos seguintes temas: censura, memória social, leitura, mídia impressa.

Paula Garcia, Universidade Paulista

Mestra do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação da Universidade Paulista - Unip (2021), sob orientação da Prof.ª Dr.ª Barbara Heller, com bolsa PROSUP/CAPES. Graduada em Comunicação Social, com ênfase em Jornalismo, pela Universidade Paulista (2011), formada em Arte Dramática pelo Teatro Escola Macunaíma (2016) e pós-graduada em Comunicação Pública pela Faculdade Alfamérica (2019). Servidora pública desde 2011 na Universidade Federal de São Paulo, atuando no Departamento de Comunicação Institucional. Participante do grupo de pesquisa "Narrativas da memória: representações, identidades e culturas" da Unip.

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Publicado

2023-05-03

Como Citar

Heller, B., e P. Garcia. “Comunicação E memória Em Textos De Coletivos De Teatro Feminista No Brasil: Boneca De Pano (SC, 2014) E Entre Nós: Buzinas, Chicotes E ácidos (CE, 2017)”. Intexto, nº 55, maio de 2023, p. 127827, doi:10.19132/1807-8583.55.127827.

Edição

Seção

Artigos