Todos os caminhos ainda levam a Roma?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22456/2179-8001.118739

Palavras-chave:

escrita fotográfica, memória, arquitetura, deslocamentos, espacialidades, espaço

Resumo

Nos caminhos da Pompéia, percebo, nas fachadas das casas antigas e nos rastros das demolições recentes, elementos de uma arquitetura de inspiração neoclássica em vias de desaparecimento. Colunas remixadas de diferentes ordens, estátuas sem templos, árvores inativas de origem mediterrânea. Construções copiadas e traduzidas. Versão brasileira de outras civilizações. A relação imediata do nome do bairro com a cidade historicamente conhecida pelo resguardo patrimonial involuntário, frisa e influencia a construção do discurso de interpretação superficial proposto pela nomeação. Jogo de palavras acentuado pela localização geográfica do bairro que faz fronteira com a Vila Romana. No vaguear pelos nomes, tomo notas fotográficas das traduções aparentes durante o trajeto, estranhamentos que se destacam na paisagem urbana. Afinal, todos os caminhos ainda levam a Roma? A experiência de uma ideia de vazio que poderíamos imaginar de uma edificação demolida não dura mais que duas semanas. Logo surgem as imagens porvir em pré-moldados: plantas baixas individuais projetadas em 10.000 exemplares, encenações de alojamentos particulares; arbustos recém-instalados num jardim natimorto. O futuro nas alturas acompanhado de slogan. Nessa especulação imobiliária o nome Pompeia se apaga, é sobreposto por Perdizes, que vale mais.

Abstract

On the paths of Pompéia, I notice, in the facades of old houses and in the traces of recent demolitions, elements of a neoclassical-inspired architecture that is on the way out. Remixed columns of different orders, statues without temples, inactive trees of Mediterranean origin. Copied and translated constructions. Brazilian version of other civilizations. The immediate relationship of the neighborhood's name with the city historically known for its involuntary patrimonial protection, emphasizes and influences the construction of the superficial  interpretation discourse proposed by the nomination. A play on words accentuated by the geographic location of the neighborhood that borders Vila Romana. As I wander through the names, I take photographic notes of the apparent translations along the way, estrangements that stand out in the urban landscape. After all, do all roads still lead to Rome? The experience of an idea of ​​emptiness that we might imagine of a demolished building lasts no more than two weeks. Soon, the images to come in pre-molded appear: individual floor plans projected in 10,000 copies, reenactments of private accommodations; newly installed shrubs in a stillborn garden. The future in the heights accompanied by a slogan. In this real estate speculation the name Pompeia is erased overlaid by Perdizes, which is worth more.

 

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Biografia do Autor

Júlia Milward, Universidade de Brasília

Graduada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora [BR] e em Artes Plásticas pela Université Paris 8 [FR]. Mestre em Fotografia Contemporânea pela École Nationale Supérieure de la Photographie [FR] e em Artes Visuais/Poéticas Contemporâneas pela Universidade de Brasília [BR]. Doutora em Artes Visuais/Deslocamentos e Espacialidades pela Universidade de Brasília [BR].Expôs coletivamente 51 vezes em 4 países diferentes [Brasil, França, China, Canadá]. Individualmente, 8 vezes. Participou de 16 publicações e 4 residências artísticas. Ganhou 5 prêmios [Arca-Suiss + Transborda Brasília + Funarte + Salão de Guarulho + Diário Contemporâneo] e foi indicada para um outro [Pipa].

Arquivos adicionais

Publicado

2021-12-20

Como Citar

Milward, J. (2021). Todos os caminhos ainda levam a Roma?. PORTO ARTE: Revista De Artes Visuais (Qualis A2), 26(46). https://doi.org/10.22456/2179-8001.118739

Edição

Seção

Ensaio Visual | Visual Essay

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