Um sermão filosófico travestido de conhecimento social: a etnografia da ciência de Bruno Latour

Autores

  • Luís de Gusmão Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.1590/15174522-019004612

Palavras-chave:

Epistemologia normativa, Etnografia da ciência, Comunidade científica, Explicação empírica

Resumo

O artigo apresenta uma reflexão sobre a crítica da epistemologia normativa levada a cabo por Bruno Latour em seus estudos da comunidade científica, com mais exatidão nos livros A vida de laboratório e Ciência em ação, sublinhando basicamente duas dificuldades internas dessa crítica, a saber: 1) na etnografia da ciência desenvolvida por Latour, a abordagem normativa, ao contrário do prometido ao leitor, não cede lugar à abordagem empírica, pois a caracterização da “tribo dos cientistas” ali oferecida permanece clara e inequivocamente valorativa; 2) nessa etnografia, temos, ao mesmo tempo, o recurso metodológico explícito ao empirismo enquanto lógica geral de validação de alcance transcontextual e a defesa da tese de acordo com a qual a validação das conclusões da ciência pode ser explicada, de forma exaustiva, com base em variáveis contextuais, coisas logicamente incompatíveis. Nesse sentido, Latour acaba de fato fracassando em sua tentativa de superar, por meio da pesquisa etnográfica, a distinção formulada pela epistemologia normativa entre explicação empírica e justificação racional do conhecimento humano. 

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Biografia do Autor

Luís de Gusmão, Universidade de Brasília

Professor Adjunto IV

Instituto de Ciências Humanas, Departamento de Sociologia

Universidade de Brasília

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Publicado

2017-12-19

Como Citar

GUSMÃO, L. de. Um sermão filosófico travestido de conhecimento social: a etnografia da ciência de Bruno Latour. Sociologias, [S. l.], v. 19, n. 46, 2017. DOI: 10.1590/15174522-019004612. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/sociologias/article/view/74118. Acesso em: 29 mar. 2024.