O fascismo da cor de Muniz Sodré e a persistente tese da singularidade do racismo à brasileira
DOI:
https://doi.org/10.1590/1807-0337/e137030Palabras clave:
fascismo da cor, forma social escravista, racismo à brasileira, racismo estrutural, singularidade.Resumen
Esta resenha analisa o livro O fascismo da cor: uma radiografia do racismo nacional, que tem como objetivo criticar o conceito de racismo estrutural, de Silvio Almeida, e sustentar que a categoria forma social escravista seria capaz de explicar precisamente a singularidade do racismo à brasileira. Após apresentarmos os argumentos principais de Muniz Sodré, sustentamos que a obra repete as teses da sociologia das relações raciais dos anos 1950 e 1960 que analisava o preconceito de cor como herança pré-moderna da sociedade escravista e o racismo como ideologia. Embora o livro de Sodré identifique problemas inegáveis no conceito de racismo estrutural, sua proposta padece de uma concepção unitária e excessivamente estreita de estrutura social, que não considera a possibilidade de estruturas informais de desigualdade racial em diferentes níveis de generalização de sentido: macroestruturas, meso-estruturas e microestruturas. Assim, o livro, em que pese as críticas aos problemas existentes no conceito de racismo estrutural, oferece uma alternativa que, além de não conseguir explicar consistentemente o racismo brasileiro, reproduz a persistente tese da singularidade brasileira que é um importante entrave para que possamos compreender consistentemente as particularidades dos dilemas brasileiros numa ordem moderna e global.
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