A sociedade estancieira: reflexões sobre a pecuária e poder no mundo rural brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.1590/1807-0337/e133057Palavras-chave:
estancieiros, elites, classe dominante, estudos ruraisResumo
Esta resenha analisa o livro Senhores da terra, senhores da guerra: sociologia histórica do patronato estancieiro do Rio Grande do Sul (1920-2019), do professor Marcos Botton Piccin (UFSM). Fruto de avanço em pesquisas de sua tese de doutorado – apresentada na UNICAMP, em 2014 –, o estudo trata dos estancieiros gaúchos entre século XX e parte inicial do XXI. Lugar de origem de nomes na política nacional – de Getúlio Vargas, João Goulart, Ernesto Geisel a Emilio Garrastazu Médici –, os estancieiros ainda careciam de um estudo acerca de suas estratégias sociais, cálculos, investimentos escolares, práticas sociais e estilos de vida. Destaca-se o cálculo estancieiro em torno da articulação entre honra, prestígio em estratégias que envolvem o estoque do gado e a manutenção de patrimônios e estilos de vida distintos. A resenha destaca a contribuição da obra junto a alguns pontos críticos: desde as escolhas da narrativa escrita de modo impessoal – e, em certo sentido, exagero bourdieusiano –, até insistir na visão do mundo estancieiro como “ilha” autônoma comparando-o à casa-grande canavieira. Por fim, a obra traz um exercício comparativo entre elites do mundo rural do Brasil e abre um espaço criativo para novas pesquisas, não somente sobre estancieiros, mas sobre elites, classes dominantes no mundo rural brasileiro.
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