Corpos descartáveis: neosoberania e exclusão na era digital
DOI:
https://doi.org/10.1590/15174522-111759Palavras-chave:
neosoberania, capitalismo digital, vigilância, subjetivação, exclusãoResumo
A pesquisa tem por objetivo estudar a formação de um regime neosoberano de poder na contemporaneidade influenciado pelas tecnologias digitais, as quais fortalecem novas configurações socioeconômicas em um processo geral de construção de relações virtuais de trabalho. Utilizando alguns aspectos do pensamento foucaultiano, busca analisar as atuais dinâmicas das relações de poder permeadas pela criação de novas subjetividades administradas por manobras necropolíticas de enfraquecimento psíquico, e, mesmo, eliminação física daqueles que não se encaixam na extração cotidiana de riquezas.
Downloads
Referências
ABÍLIO, Ludmila C.; AMORIM, Henrique.; GROHMANN, Rafael. Uberização e plataformização do trabalho no Brasil: conceitos, processo e formas. Sociologias, v. 23, n. 57, p. 26-56, 2021.
AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. São Paulo: Boitempo, 2004.
AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua I. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
ANTUNES, Ricardo. O trabalho, sua nova morfologia e a era da precarização estrutural. Revista Theomai, n. 19, p. 47-57, 2009.
AYUB, João Paulo. Introdução à analítica do poder de Michel Foucault. São Paulo: Intermeios, 2014.
BEIGUELMAN, Giselle. Políticas da imagem. Vigilância e resistência na dadosfera. São Paulo: Ubu Editora, 2021.
BOBBIO, Norberto. O Futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
BOLTANSKI, Luc; CHIAPELLO, Ève. O novo espírito do capitalismo. São Paulo: Martins Fontes, 2020.
BOURDIEU, Pierre. Sobre o Estado. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
BOURDIEU, Pierre. O fim de um mundo. In: BOURDIEU, P. (org.). A miséria do mundo. Petrópolis: Vozes, 2008. p.365-370.
BOURDIEU, Pierre. Meditações pascalianas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
BRUM, Eliane. O suicídio dos que não viram adultos nesse mundo corroído. El País, 19 jun. 2018. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/06/18/opinion/1529328111_109277.html
BRUNO, Fernanda. Máquinas de ver, modos de ser: Vigilância, tecnologia e subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2013.
BURMESTER, Ana Maria de O. A vida como obra de arte: o sujeito como autor? In: RAGO, M.; VEIGA-NETO, A. (org.). Para uma vida não fascista. Estudos Foucautianos. São Paulo: Autêntica, 2015. p. 27-34.
CAILLÉ, Alain; VANDENBERGHE, Frédéric. Por uma nova Sociologia Clássica. Re-unindo teoria social, filosofia moral e os studies. Petrópolis: Vozes, 2021.
CAILLÉ, Alain ; VANDENBERGHE, Frédéric ; VÉRAN, Jean-François. (org.). O manifesto convivialista. Seguido de Comentários sobre a sociedade convivial. São Paulo: AnnaBlume, 2014.
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em rede. A era da informação: economia, sociedade e cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. Vol. I.
CASTRO, Edgardo. Lecturas foucaulteanas. Una historia conceptual de la biopolítica. La Plata: UNIPE Editorial Universitaria, 2011.
CRARY, Jonathan. 24/7. Capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Ubu Editora, 2016.
CUNHA, Fábio. A uberização da política e o poder digital. Rio de Janeiro: Clube dos Autores, 2021.
DARNAI, Gergeli, et al. Internet addiction and functional brain networks: task-related fMRI study. Scientific Reports, v. 9, n. 1, 15777, 2019. https://doi.org/10.1038/s41598-019-52296-1
DAS, Veena. Life and words: violence and the descent into the ordinary. Berkeley: University of California Press, 2006.
DATASUS. Saúde Pública em Alerta: No Brasil, mortes por depressão crescem mais de 700% em 16 anos mostram dados do DATASUS. DATASUS, 20 ago. 2021. http://datasus.saude.gov.br/noticias/atualizacoes/512-saude-publica-em-alerta-no-brasil-mortes-por-depressao-crescem-mais-de-700-em-16-anos-mostram-dados-do-datasus
DELEUZE, Gilles. Conversações. Rio de Janeiro: Editora 34, 1990.
DELEUZE, Gilles. Foucault. São Paulo: Brasiliense, 1988.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O Anti-Édipo. Capitalismo e esquizofrenia 1. Rio de Janeiro: Ed. 34, 2010.
DOWBOR, Ladislau. A era do capital improdutivo. São Paulo: Autonomia Literária, 2017.
DREYFUS, Hubert; RABINOW, Paul. Michel Foucault. Uma trajetória filosófica para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.
DUARTE, Luiz F. Dias. Da vida nervosa nas classes trabalhadoras urbanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999.
DURKHEIM, Émile. Formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Martins Fontes, 2013.
DURKHEIM, Émile. O Suicídio. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
ESPOSITO, Roberto. Bios: biopolítica e filosofia. Lisboa: Edições 70, 2010.
FELDKIRCHER, Gabriela F. Autos de resistência: o extermínio dos invisíveis. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. https://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.25461
FOUCAULT, Michel. O enigma da revolta. Entrevistas inéditas sobre a revolução iraniana. São Paulo: N-1 Edições, 2018.
FOUCAULT, Michel. Régimes de pouvoir et régimes de verité. In: FOUCAULT, M. Philosophie - Anthologie. Paris: Folio Essais, 2011p. 381-648.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1999.
FOUCAULT, Michel. Os anormais. In: FOUCAULT, M. Resumo dos Cursos do Collège de France (1970-1982). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997. P. 59-68.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1993.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 1987.
FRANCO, Fábio Luís. Necropolítica, necrogovernamentalidade e melancolia. Aller Editora, 15 out. 2019.Disponível em: https://www.allereditora.com.br/artigo-necropolitica-necrogovernamentalidade-e-melancolia/
GUYAU, Jean-Marie. Esboço de uma moral sem obrigação nem sanção. São Paulo: Publicação independente, 2019.
HAN, Byung Chul. Sociedade da transparência. Petrópolis: Vozes, 2017.
HARTMANN, Paula B. Pandemia por Covid-19 e o Risco de Suicídio. Pebmed, 9 jun. 2020. Disponível em: https://pebmed.com.br/covid-19-e-o-risco-de-suicidio/
HENRIQUES, Dolores. Suicídio e ideação suicida na pediatria. Houve aumento dos casos durante a pandemia? Pebmed, 4 abr. 2021. Disponível em: https://pebmed.com.br/suicidio-e-ideacao-suicida-na-pediatria-houve-aumento-dos-casos-durante-a-pandemia/
HILL, Ryan; RUFINO, Katrina; KURIAN, Sherin; SAXENA, Johanna; SAXENA, Kirti; WILLIAMS, Laure. Suicide ideation and attempts in a pediatric emergency department before and during COVID-19. Pediatrics, v. 147, n. (3): e2020029280, 2021. https://doi.org/10.1542/peds.2020-029280
HOFFMAN, Mark; BEARMAN, Peter. “Bringing anomie back in exceptional events and excess suicide.” Sociological Science, v. 2, p. 186-210, 2015. https://doi.org/10.15195/v2.a10
HUI, Yuk. Tecnodiversidade. São Paulo: Ubu Editora, 2020.
INGOLD, Tim. Beyond biology and culture. The meaning of evolution in a relational world. Social Anthropology, v. 12, n. 2, p. 209-221, 2004. https://doi.org/10.1017/S0964028204000291
INGOLD, Tim. A evolução da sociedade. In: FABIAN, A. C. (org.). Evolução, sociedade, ciência e universo. Baurú: EDUSC, 2003.
INGOLD, Tim. Humanity and animality. In: INGOLD, T. (ed.). Companion encyclopedia of anthropology. Londres: Routledge, 1994. p. 14-32.
INGOLD, Tim. An anthropologist looks at biology. Man: New Series, v. 25, n. 2, p. 208-229, 1990. https://doi.org/10.2307/2804561
KUSHLEV, Konstantin; HEINTZELMAN, Samantha. Put the phone down: testing a complement-interfere model of computer-mediated communication context of face-to-face interactions. Social Psychological and Personality Science, v. 9, n. 6, p. 702-710, 2018. https://doi.org/10.1177/1948550617722199
LAPOUJADE, David. As existências mínimas. São Paulo: N-1 Edições, 2017.
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. São Paulo: Editora 34, 2009.
LATOUR, Bruno. On Interobjectivity. Mind, Culture and Activity, v. 3 n. 4, p. 228-245. 1996. https://doi.org/10.1207/s15327884mca0304_2
LÉVI-STRAUSS, Claude. Introdução à obra de Marcel Mauss. In: MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. São Paulo: EPU; EDUSP, 1974.
LÉVY, Pierre. Tecnologias da Inteligência. O futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: Ed. 34, 1993.
MACHADO, Roberto. Impressões de Michel Foucault. São Paulo: N-1 Edições, 2017.
MACHADO, Roberto. Deleuze e a Filosofia. Rio de Janeiro: Graal, 1990.
MCKINNON, Susan. Genética neoliberal. Uma crítica antropológica da psicologia evolucionista. São Paulo: Ubu Editora, 2020.
MALVEZZI, Amarildo. Estética, liberdade e reflexividade: repensando Bourdieu. Sociologias, Porto Alegre, ano 21, n. 52, set-dez 2019, p. 192-219.
MARX, Karl. O 18 Brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: Boitempo, 2011.
MARX, Karl. O Capital. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
MATTOS, Rafael da S. Sobrevivendo ao estigma da gordura. São Paulo: Vetor, 2012.
MATTOS, Rafael da S.; LUZ, Madel T. Sobrevivendo ao estigma da gordura. Physis Revista de Saúde Coletiva, v. 19, n. 2, p. 489-507, 2009.
MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a dádiva, forma e razão da troca nas sociedades arcaicas. In: MAUSS, M. Sociologia e Antropologia. São Paulo: EPU; EDUSP, 1974.
MAUSS, Marcel; HUBERT, Henri. Sobre o sacrifício. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. Biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. São Paulo: N-1 Edições, 2018.
MERTON, Robert. Social structure and anomie. Nova York: Irvington Pub, 1993.
MILLER, Daniel; HORST, Heather (eds.). Digital Anthropology. Abingdon: Routledge Berg Publishers, 2012.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Suicídio: Ministério da Saúde divulga dados inédito sobre tentativas e mortes. Portal do Ministério da Saúde, 21 set. 2017. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/webradio/audios/29698-suicidio-ministerio-da-saude-divulga-dados-ineditos-sobre-tentativas-e-mortes
MISSE, Michel. Violência, crime e corrupção. In: SANTOS, J. V.T.; TEIXEIRA, A. N. (org.). Conflitos sociais e perspectivas da paz. Porto Alegre, Tomo Editorial, 2012. p. 25-42.
MOROZOV, Evgeny. Big Tech. Ascensão dos dados e a morte da política. São Paulo: Ubu Editora, 2018.
NEGRI, Antonio. Como e quando li Foucault. São Paulo: N-1 Edições, 2016.
PELBART, Peter P. Políticas da vida, produção do comum e a vida em jogo. Saúde e Sociedade, v. 24, supl. 1, p. 19-26, 2015. https://doi.org/10.1590/S0104-12902015S01002
PELBART, Peter P. Vida capital: ensaios de biopolítica. São Paulo: Iluminuras, 2011.
PRECIADO, Paul B. La izquierda bajo la piel. Um prólogo para Suely Rolnik. In: ROLNIK, S. Esferas da insurreição. Notas para uma vida não cafetinada. São Paulo: N-1 Edições, 2018. p. 11-21.
ROLNIK, Sueli. Esferas da insurreição. Notas para uma vida não cafetinada. São Paulo: N-1 Editora, 2018.
SAFATLE, Vladimir; SILVA JÚNIOR, Nelson; DUNKER, Christian. (org.). Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico. São Paulo: Autêntica, 2021.
SANTOS JR. Clodoaldo; VIEIRA, Ana Lúcia. A influência das redes sociais nos casos de suicídios entre jovens e adolescentes brasileiros e seu aumento durante a pandemia. OAB GOIÁS, 2021. https://www.oabgo.org.br/oab/publicacoes/opiniao/a-influencia-das-redes-sociais-nos-casos-de-suicidio-entre-jovens-e-adolescentes-brasileiros-e-o-seu-aumento-durante-a-pandemia/
SCHMITT, Carl. Sobre el parlamentarismo. Madri: Tecnos, 1996.
STRATHERN, Marilyn. O efeito etnográfico. São Paulo: Cosac Naify, 2014.
VIANA, Silvia. Rituais de sofrimento. São Paulo: Boitempo, 2013.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Metafísicas canibais. Elementos para uma Antropologia pós-estrutural. São Paulo: Ubu; N-1 Edições, 2018.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem. Rio de Janeiro: Cosac Naify, 2002.
WACQUANT, Loïc. Corpo e alma. Notas etnográficas de um aprendiz de boxe. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 2002.
WACQUANT, Loïc. Os condenados da cidade. Rio de Janeiro: Revan, 2001.
WAISELFISZ, Jacobo L. Os jovens do Brasil. Mapa da Violência 2014. Disponível em: http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2014/Mapa2014_JovensBrasil.pdf
WEBER, Max. Economía y Sociedad. Cidade do México: Fondo de Cultura Económica, 1997.
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Perspectiva, 1996.
WEBER, Max. Burocracia. In: WEBER, M. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 1971.
WERMUTH, Miguel A. D. O conceito de biopolítica em Michel Foucault: um canteiro arqueológico inacabado. São Paulo: Empório do Direito, 13mar. 2017. Disponível em: https://emporiododireito.com.br/leitura/o-conceito-de-biopolitica-em-michel-foucault-notas-sobre-um-canteiro-arqueologico-inacabado
ZARIAS, Alexandre ; LE BRETON, David. Corpos, emoções e risco: vias de compreensão dos modos de ação individual e coletivo. Sociologias, v. 21, n. 52, p. 20-32, 2019. https://doi.org/10.1590/15174522-97680
ZHANG, Gohua; YANG, Xue; TU, Xialian; DING, Nani; LAU, Joseph T. F. Prospective relationships between mobile phone dependence and mental health status among Chinese undergraduate students with college adjustment as a mediator. Journal of Affective Disorders, v. 260, 498 - 505. 2020. https://doi.org/10.1016/j.jad.2019.09.047
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 cesar sabino
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.