Dossiê - PRÁTICAS ORGANIZACIONAIS NO CONTEXTO AMBIENTAL, SOCIAL E DE GOVERNANÇA

2024-04-26

A Revista Eletrônica de Administração da UFRGS (REAd) divulga chamada inicial para o primeiro dossiê a ser publicado durante 2024 e 2025. Com o tema Práticas organizacionais no contexto Ambiental, Social e de Governança , Antonio Zanin, Edicreia Andrade dos Santos, Jonatas Dutra Sallaberry e Silvana Dalmutt Kruger convidam pesquisadoras(es) a enviarem publicações relacionadas para o dossiê. 

Período para submissão de artigos: até 10/12/2024.

Para realizar a submissão, autores(as) devem acessar o sistema de submissão da REAd e escolher o referido dossiê.

 

Práticas organizacionais no contexto Ambiental, Social e de Governança

Prácticas organizacionales en el contexto Ambiental, Social y de Gobernanza

Organizational practices in the Environmental, Social and Governance context

 

Ementa

As discussões acerca do conceito de desenvolvimento sustentável trouxeram inúmeras mudanças acerca do uso dos recursos naturais e a necessidade de minimizar impactos ambientais (Zemanová; Druláková, 2020). No ambiente organizacional a gestão da sustentabilidade demanda a compreensão e o equilíbrio das dimensões ambiental, social e econômica (Santiago-Brown et al., 2015), e as premissas do triple bottom line demandam novas abordagens e formas de conduzir os negócios (Elkington, 2012; Zanin et al., 2023).

Cabe às empresas a integração de práticas e ações alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) (Kuzma et al., 2017), ponderando os inúmeros desafios evidenciados pelas metas de erradicar a pobreza e a fome, além de reduzir desigualdades sociais e de gênero, produzir e gerir os recursos de forma sustentável etc. (Nações Unidas, 2023). Neste sentido, a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), e os 17 ODS tornam-se um projeto civilizatório, necessário para orientar o futuro das organizações e da humanidade (Olsson; Kruger, 2021).

Frente a esse contexto, a sociedade de forma geral tem demandado das organizações melhorias na evidenciação e qualidade das informações ambientais, sociais e de governança (Environmental, Social and Governance - ESG), no anseio de avaliar os esforços e impactos dessas ações, e de melhorar o desempenho e o comprometimento dessa pauta pelas organizações (Arvidsson; Dumay, 2022). Dumay et al. (2019) contextualizam que as empresas buscam a legitimidade por meio do reporte em ESG, bem como, muitas empresas estabelecem indicadores e estratégias voltadas ao desempenho corporativo em ESG (Rajesh; Rajendran, 2020).

A partir das preocupações com o comprometimento das organizações em prol da sustentabilidade, o International Sustainability Standards Board (ISSB) publicou em 2023 duas normativas voltadas a qualificação da evidenciação das informações relacionadas à sustentabilidade, a International Financial Reporting Standards (IFRS) S1 - Requerimentos gerais de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade e a IFRS S2 – Informações financeiras relacionadas ao clima, as quais deverão ser incorporadas no relato das demonstrações financeiras (IFRS Foundation, 2023).

Mesmo antes da aplicação desses normativos específicos, pesquisas tem apresentado evidências quantitativas das relações entre investimentos em ESG e outras métricas de desempenho das organizações (Cheng; Kim; Ryu, 2023). Além da preocupação com o retorno das organizações e dos investimentos, discussões tem revelado inquietações que o não atendimento às expectativas ESG pode limitar o acesso a mercados de capitais (Deng et al., 2023).

Justifica-se neste sentido a relevância de pesquisas voltadas a investigação de práticas e ações voltadas ao contexto da adoção do ESG e implementação das normativas IFRS S1 e IFRS S2 pelas organizações, especialmente, diante dos desafios de integrar estratégias de sustentabilidade voltadas à Agenda 2030, e a legalidade normativa da implementação requerida para a evidenciação das informações de sustentabilidade a partir de 2024. Dado o contexto apresentado, esta chamada busca promover estudos voltados à gestão da sustentabilidade e práticas em ESG, contemplando pesquisas que agreguem, mas não exclusivamente, os seguintes subtemas:

  • Aplicações e estudos voltados ao contexto de práticas organizacionais sob o enfoque das discussões de ESG;
  • Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS);
  • Desafios e dificuldades da implementação das práticas ESG;
  • Discussões relacionadas às IFRS S1 e IFRS S2;
  • Implementação de práticas de sustentabilidade e processos de evidenciação;
  • Indicadores e avaliação de desempenho em sustentabilidade;
  • Relação entre investimentos em ESG e desempenho organizacional;
  • Contribuições e impactos das ações organizacionais em ESG para a promoção do desenvolvimento social e proteção do meio ambiente;
  • Possibilidades e campo para a ESG na Gestão Pública.

 

Versão em Inglês

Discussions surrounding the concept of sustainable development have brought numerous changes regarding the use of natural resources and the need to minimize environmental impacts (Zemanová; Druláková, 2020). In the organizational environment, sustainability management demands the understanding and balance of environmental, social and economic dimensions (Santiago-Brown et al., 2015), and the premises of the triple bottom line demand new approaches and ways of conducting business (Elkington, 2012; Zanin et al., 2023).

It is up to companies to integrate practices and actions aligned with the Sustainable Development Goals (SDGs) (Kuzma et al., 2017), considering the numerous challenges highlighted by the goals of eradicating poverty and hunger, in addition to reducing social and gender inequalities, produce and manage resources sustainably, etc. (United Nations, 2023). In this sense, the United Nations (UN) Agenda 2030 and the 17 SDGs become a civilizational project, necessary to guide the future of organizations and humanity (Olsson; Kruger, 2021).

Faced with this context, society in general has demanded from organizations improvements in the disclosure and quality of environmental, social and governance information (Environmental, Social and Governance - ESG), in the desire to evaluate the efforts and impacts of these actions, and to improve performance and commitment to this agenda by organizations (Arvidsson; Dumay, 2022). Dumay et al. (2019) contextualize that companies seek legitimacy through ESG reporting, as well as many companies establishing indicators and strategies aimed at corporate performance in ESG (Rajesh; Rajendran, 2020).

Based on concerns about organizations' commitment to sustainability, the International Sustainability Standards Board (ISSB) published in 2023 two regulations aimed at qualifying the disclosure of information related to sustainability, the International Financial Reporting Standards (IFRS) S1 - General requirements of financial information related to sustainability and IFRS S2 – Climate-related financial information, which must be incorporated into the reporting of financial statements (IFRS Foundation, 2023).

Even before the application of these specific regulations, research has presented quantitative evidence of the relationships between investments in ESG and other performance metrics of organizations (Cheng; Kim; Ryu, 2023). In addition to concerns about the return of organizations and investments, discussions have revealed concerns that failure to meet ESG expectations could limit access to capital markets (Deng et al., 2023).

In this sense, the relevance of research aimed at investigating practices and actions focused on the context of ESG adoption and implementation of IFRS S1 and IFRS S2 regulations by organizations is justified, especially given the challenges of integrating sustainability strategies aimed at the 2030 Agenda, and the normative legality of the implementation required to disclose sustainability information from 2024 onwards. Given the context presented, this call seeks to promote studies aimed at sustainability management and ESG practices, including research that adds, but not exclusively, the following subtopics:

  • Applications and studies aimed at the context of organizational practices under the focus of ESG discussions;
  • Agenda 2030 and the Sustainable Development Goals (SDGs);
  • Challenges and difficulties in implementing ESG practices;
  • Discussions related to IFRS S1 and IFRS S2;
  • Implementation of sustainability practices and disclosure processes;
  • Indicators and assessment of sustainability performance;
  • Relationship between investments in ESG and organizational performance;
  • Contributions and impacts of organizational actions in ESG to promote social   development and environmental protection;
  • Possibilities and scope for ESG in Public Management.

 

Referências

Arvidsson, S.; Dumay, J. Corporate ESG reporting quantity, quality and performance: Where to now for environmental policy and practice? Business Strategy and the Environment, v. 31, n. 3, p. 1091-1110, 2022. https://doi.org/10.1002/bse.2937.

 

Deng, P.; Wen, J., He, W.; Chen, Y. E.; Wang, Y. P. Capital market opening and ESG performance. Emerging Markets Finance and Trade, v. 59, n. 13, p. 3866-3876, 2023. https://doi.org/10.1080/1540496X.2022.2094761

 

Dumay, J.; Hossain, M. A. Sustainability risk disclosure practices of listed companies in Australia. Australian Accounting Review, v. 29, n. 2, p. 343-359, 2019. https://doi.org/10.1111/auar.12240

 

Cheng, R.; Kim, H.; Ryu, D. ESG performance and firm value in the Chinese market. Investment Analysts Journal, p. 1-15, 2023. https://doi.org/10.1080/10293523.2023.2218124

 

Elkington, J. Canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books, 2012. Cannibals with forks: the triple bottom line of 21st century business, Capstone Publishing, 1999. https://doi.org/10.5860/choice.36-3997.

 

Kuzma, E. L.; Doliveira, S. L. D.; Silva, A. Q. Competências para a sustentabilidade organizacional: uma revisão sistemática. Cadernos EBAPE, v. 15, p. 428-444, 2017.  https://doi.org/10.1590/1679-395160726.

 

Nações Unidas. Agenda  2030, 2023. Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/ agenda2030/.

 

Olsson, G.; Kruger, S. D. Governança corporativa e externalidades: um olhar sobre o desenvolvimento pluridimensional na Agenda 2030. Revista eletrônica do curso de direito da UFSM, v. 16, n. 2, e39752, 2021. https://doi.org/10.5902/1981369439752.

 

Rajesh, R.; Rajendran, C. Relating environmental, social, and governance scores and sustainability performances of firms: An empirical analysis. Business Strategy and the Environment, v. 29, n. 3, p. 1247–1267, 2020. https://doi.org/10.1002/bse.2429.

 

Santiago-Brown, I.; Metcalfe, A.; Jerram, C.; Collins, C. Sustainability assessment in wine-grape growing in the new world: Economic, environmental, and social indicators for agricultural businesses. Sustainability, v. 7, n. 7, p. 8178-8204, 2015.

 

Zanin, A.; Camargo, A.; Kruger, S. D. Assessment of the Sustainability of the Swine Supply Chain. Revista de Administração da UFSM, v. 16, e4, p. 1-24, 2023. https://10.5902/1983465974172.

 

Zemanová, Š.; Druláková, R. Mainstreaming global sustainable development goals through the un global compact: the case of visegrad countries. Journal of Risk and Financial Management, v. 13, n. 3, p. 41, 2020. https://doi.org/10.3390/jrfm13030041.

 

Antonio Zanin – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

Doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Pós-Doutorado na Universidade do Minho (Portugal). Mestrado em Contabilidade e Finanças pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Graduação em Ciências Contábeis. Professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis UFMS (PPGCC/UFMS).

 

Edicreia Andrade dos Santos - Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Doutora em Contabilidade pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre em Contabilidade pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Graduada em Ciências Contábeis. Professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), atuando na Graduação de Ciências Contábeis e no Programa de Pós-Graduação em Contabilidade (PPGCONT/UFPR). Coordenadora do curso de Graduação de Ciências Contábeis da UFPR, desde agosto de 2022. 

 

Jonatas Dutra Sallaberry - Universidade do Contestado (UNC)

Doutor em Contabilidade pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com dupla titulação pela Universidad de Murcia, Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade de Brasília (UNB), Especialista em Auditoria Governamental e Direito Comercial, Bacharel em Ciências Contábeis. Professor do Programa de Mestrado Profissional em Administração da Universidade do Contestado (UNC), Perito Contábil do Ministério Público Federal. 

 

Silvana Dalmutt Kruger - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

Doutora em Contabilidade pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Mestra em Contabilidade pela UFSC, Especialista em Contabilidade Gerencial Estratégica, Graduada em Ciências Contábeis. Professora do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS/CPNA), Professora do Programa de Pós-Graduação Gestão de Organizações, Liderança e Decisão (PPGOLD) da Universidade Federal do Paraná (UFPR).