O destino dos rins transplantados tratados com OKT3 para rejeição córtico-resistente

Autores

  • Francisco José V. Veronese
  • Luís Felipe S. Gonçalves
  • André Bussmann
  • Luciano Vilarinho
  • Vanessa Macedo
  • Roberto C. Manfro

Palavras-chave:

Transplante renal, rejeição aguda córtico-resistente, OKT3, sobrevida do enxerto renal

Resumo

OBJETIVO: Avaliar o efeito do anticorpo monoclonal anti-CD3 (OKT3), utilizado para tratamento de rejeição aguda córtico-resistente em pacientes transplantados renais, em relação à função do rim transplantado e à sobrevida do enxerto e do paciente a longo prazo.
PACIENTES E MÉTODOS: Foram estudados 231 pacientes transplantados renais de doador vivo e cadavérico, tendo como imunossupressão de base prednisona, azatioprina e ciclosporina. O diagnóstico de rejeição aguda baseou-se em critérios clínicos e laboratoriais. Sessenta e três (27,2%) pacientes não apresentaram rejeição aguda, 135 (58,4%) tiveram rejeição córtico-sensível e 33 (14,2%) receberam OKT3 para rejeição córtico-resistente. Foram avaliados dados demográficos, função do enxerto, sobrevida do enxerto e do paciente até o quinto ano de transplante, bem como as causas de perda do rim transplantado e de óbito.
RESULTADOS: O tempo de anastomose vascular e a prevalência de necrose tubular aguda foram significativamente maiores nos pacientes que receberam OKT3. A média da creatinina sérica do grupo OKT3 não diferiu do grupo com rejeição córtico-sensível. A sobrevida do enxerto no primeiro ano foi significativamente pior no grupo tratado com OKT3 em relação ao pacientes sem rejeição (P = 0,001) e com rejeição córticoresponsiva (P = 0,04), mas a sobrevida ao final do seguimento não diferiu. Nos transplantes cadavéricos, a diferença ocorreu apenas entre o grupo OKT3 e os pacientes sem rejeição. A sobrevida do paciente em 5 anos foi semelhante entre os 3 grupos. Não houve diferença nas causas de perda do enxerto, mas a proporção de óbitos associados à infecção foi maior nos pacientes que utilizaram OKT3.
CONCLUSÕES: O uso de OKT3 como terapia de resgate não esteve associado a uma pior função ou pior sobrevida do enxerto renal em 5 anos, mas no primeiro ano a sobrevida do enxerto foi significativamente menor nos pacientes tratados com OKT3. O emprego de uma imunossupressão mais potente não se refletiu em maior mortalidade até o 5º ano do transplante, mas o grupo que utilizou OKT3 apresentou uma maior incidência de óbitos associados à infecção.

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Publicado

2022-06-23

Como Citar

1.
V. Veronese FJ, S. Gonçalves LF, Bussmann A, Vilarinho L, Macedo V, C. Manfro R. O destino dos rins transplantados tratados com OKT3 para rejeição córtico-resistente. Clin Biomed Res [Internet]. 23º de junho de 2022 [citado 28º de março de 2024];20(3). Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/hcpa/article/view/125382

Edição

Seção

Artigos Originais

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