RACISMO ALGORÍTMICO, TECNODIVERSIDADE E A POSIÇÃO HUMANA ANTE A TECNOLOGIA

Resumo

Este artigo investiga a problemática do racismo algorítmico a partir da perspectiva dos Estudos Sociais de Ciência e Tecnologia, com ênfase na Teoria Ator-Rede. Destaca-se a relevância da abordagem da tecnodiversidade, proposta por Yuk Hui (2020), para compreender o papel das tecnologias em contextos de desigualdades. A inteligência artificial busca reproduzir as capacidades cognitivas humanas para permitir que máquinas gerem comportamentos autônomos. Por meio da vigilância distribuída, sistemas automatizados disseminam lógicas algorítmicas, aplicando a inteligência artificial em diversos processos cotidianos. Nesse sentido, as novas tecnologias digitais reproduzem e atualizam problemas sociais, como o racismo. A Teoria Ator-Rede contribui para problematizar as posições tradicionalmente atribuídas às tecnologias, que as consideram ora como supra-humanas ou supranaturais, ora como objetos que podem ser descartados. Por meio do reposicionamento tecnológico na rede sociotécnica, a tecnologia deixa de ser vista como homogênea e universal do ponto de vista antropológico, e seu funcionamento é assegurado e limitado por cosmologias particulares que vão além da mera funcionalidade e utilidade (HUI, 2020). Pensar a partir da perspectiva da tecnodiversidade implica em questionar a compreensão homogênea sobre a posição da tecnologia em relação ao humano, reconhecendo que esses vieses perduram porque são concretizados, embutidos nas tecnologias. 

DOI: 10.5935/2358-3541.2023131121-pt