
O bolo de arroz compõe um amplo leque de tradições alimentares do estado de Mato Grosso. Como gerador de sociabilidades, reúne pessoas no processo de aprender, fazer, comer, trabalhar e rememorar. Configura-se como trabalho desenvolvido, em sua maioria, por mulheres que visualizam no quitute uma oportunidade para geração de renda. Diversos são os saberes, fazeres e significados construídos a partir dessa comida e dada a sua representatividade, tornou-se emblemática do estado. A produção do bolo de arroz, apesar de utilizar reduzido número de ingredientes, envolve um processo consideravelmente demorado. O trabalho em equipe é quase sempre adotado e o consumo também carrega características coletivas. Esse estudo buscou descrever a produção e o consumo do bolo de arroz mato-grossense e destacar aspectos que se impuseram nos últimos meses no que tange as formas de fazer e consumir o bolo de arroz no momento pandêmico, também, como isso impacta essa tradição alimentar. Os dados apresentados são recortes da tese da autora com a adição de novos “ingredientes” gerados a partir de conversas via redes sociais e ligações telefônicas com as mesmas participantes do estudo citado. Os resultados indicaram que algumas produções continuam e outras foram paralisadas. O desejo de retomar a produção nos moldes “antigos” é unânime entre as produtoras, pois para elas trata-se da construção de suas próprias vidas reunir pessoas, compartilhar saberes e saborear uma tradição que entra pelos corpos e permanece de forma simbólica. Discute-se, ainda, se o “novo normal” permitirá a retomada em tais moldes.
Palavras-chave: Pandemia Covid-19; Alimentação; Bolo de arroz; Tradição; Mato Grosso.