
Este artigo se refere à apresentação do projeto de pesquisa para dissertação de mestrado, o qual se dedica a um grupo de mulheres que tem permeado a história da cultura e identidade brasileira, nas linguagens artísticas, culinárias, habituais e políticas. Em tempos de democracia participativa, se projetaram na esfera pública, promovendo novas formulações e propostas de políticas públicas. Essas mulheres são as mulheres de axé, as mães de santo, as Cacicas de Umbanda – sendo estes os variados nomes que as identificam, muitas vezes pejorativamente na sociedade - e que aqui chamo de Mulheres de Terreiro. Neste contexto racista, sexista e classista, pouco poder elas têm para mostrar o que expressam de si, do lugar de onde pensam e falam e do que podem efetivamente colaborar nos espaços de poder, onde foram e são objetificadas. Esta complexa matriz interseccional de opressões, recai sobre estas mulheres, nos seus corpos carregados de memória ancestral e disserto pretendendo a aproximação com suas linguagens de resistência, notadamente criadas como alternativas de sobrevivência e a produção de pensamento político crítico com a prática no terreiro. O texto demarca que a subalternidade não impõe limites de agência entre estas mulheres que se projetam na esfera pública empoderadas de suas próprias verdades, alicerçadas pela ancestralidade - a cosmopolítica afro-brasileira.
Palavras-chave: Racismo religioso, sociologia política, cosmopolítica afro-brasileira.