Da Perfectibilidade Negativa ao Ato Artístico em Czelawa Kwoka
DOI:
https://doi.org/10.22456/2179-8001.108691Palavras-chave:
Fotografia. Memória. Arte e Trauma. Arte e Holocausto. Faces of Auschwitz.Resumo
Este trabalho procura ampliar discussões anteriores sobre a construção da potência do retrato fotográfico e a apresentação do gesto da arte no trabalho de colorização da artista Marina Amaral, a partir de uma fotografia icônica realizada por Wilhem Brasse, fotógrafo prisioneiro em Auschwitz que realizou mais de 45.000 fotos em estilo de identificação, durante os anos de 1940-1944, e a reverberação da foto em arte (pintura, desenhos, arte gráfica). A foto, da menina Czelawa Kwoka, produzida por Brasse em 1943, marca uma iconicidade da memória sobre o inominável e a carga imaginária e visual sobre a Shoah. O objetivo geral do trabalho é pensar fotografias históricas e formas artísticas, utilizando como principal metodologia a análise de transcrição visual, cotejando conceitos, entre outros, como ‘rosticidade’ (Lévinas), ‘narração do trauma’ (Seligman-Silva), representação, arte e catástrofe (Hartman). Como resultado final, é possível observar que a gestualidade artística promove uma singularização da imagem, e uma nova narratividade visual que clama pela sobrevivência da rememoração.
Abstract
This work seekes to broaden previous discussions about the construction of the power of the photographic portrair and the presentation of the gesture of art in the work of colorization by the artist Marina Amaral, from na iconic photography by Wilhem Brasse, prisoner photographer in Auschwitz who took more tan 45.000 photos in identification style, during the years 1940-1944, and the reverberation oh the photo in art (painting, drawings, graphic art). The photo, of the girl Czelawa Kwoka, produced by Brasse in 1943, marks na iconicity of memory on the nameless and the imaginary and visual charge on Shoah. The general objective of the work is to think about historical photographs and artistic forms, using as main methodology the analysis of visual transcription, comparing concepts, among others, such as 'rosticity' (Lévinas), 'trauma narration' (Seligman-Silva), representation, art and catastrophe (Hartman). As final result, it is possible to observe that artistic gestures promote a singularization of the image, and a new visual narrativity that calls for the survival of recollection.
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