MONUSCO e a sociedade civil congolesa

uma crítica pós-colonial ao conceito liberal de construção de paz

Autores

  • Nathalia Déda da Silva Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
  • Eduarda Lattanzi Universidade do Estado do Rio de Janeiro https://orcid.org/0000-0002-1044-8330

DOI:

https://doi.org/10.22456/2178-8839.128778

Palavras-chave:

Teorias de Relações Internacionais, MONUSCO, Paz liberal, República Democrática do Congo

Resumo

O objetivo principal deste artigo é observar a atuação da Organização das Nações Unidas (ONU), através da Missão das Nações Unidas de Estabilização da República Democrática do Congo (MONUSCO), por uma perspectiva pós-colonial, a fim de compreender qual é o efeito do modelo liberal de construção de paz que orienta a instituição sobre as interações entre a MONUSCO e a sociedade civil congolesa. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica de caráter qualitativo e exploratório. A corrente pós-colonial foi mobilizada a fim de evidenciar as propostas e limitações presentes na teoria liberal, dando suporte ao argumento principal de que a forma como os esforços liberais em estabelecer um suposto caráter universalista dos valores europeus e ocidentais trouxe como consequência um formato top-down tanto no planejamento quanto na execução das missões de estabilização da ONU, onde a participação da sociedade civil local nas estratégias de construção de paz e resolução de conflitos é marginalizada. Conclui-se através dessa pesquisa que, apesar dos esforços por parte da MONUSCO para interagir com a população local, ela permanece subjugada pelos valores e métodos liberais da ONU.

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Biografia do Autor

Nathalia Déda da Silva, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Mestranda em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGRI/UERJ) como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio).

Eduarda Lattanzi, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutora em Relações Internacionais (UERJ), com período "sanduíche" (financiado pelo Programa PDSE/Capes) no Centro de Investigaciones y Estudios de Género (CIEG) da Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), mestra em Direito com ênfase em Políticas Públicas (Uni-Rio), bacharela em Relações Internacionais (Unilasalle-RJ) e pós-graduada em Administração Estratégica (Estácio). Pesquisadora do The Latin American Interdisciplinary Gender Network (LAIGN) de Yale University; Grupo de Relações Internacionais e Sul Global (GRISUL-UNIRIO); Laboratório de Ensino e Pesquisa em Relações Internacionais LabRI (UERJ) e da Plataforma de Pesquisa Latitude Sul (UNIRIO/IESP-UERJ). Foi pesquisadora visitante na Pós-graduação em Ciência Política da Universidade Federal de Pelotas - RS. Na tese, pesquisa sobre o tema de REDES DE ATIVISMO TRANSNACIONAL (transnational advocacy networks) nos casos de violência contra a mulher (Brasil e México), já tendo apresentado parte da pesquisa em Congressos Internacionais de Ciência Política, ocorridos no Uruguai e no México.

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Publicado

2023-05-31

Como Citar

Déda da Silva, N., & Lattanzi, E. (2023). MONUSCO e a sociedade civil congolesa: uma crítica pós-colonial ao conceito liberal de construção de paz. Conjuntura Austral, 14(66), 15–28. https://doi.org/10.22456/2178-8839.128778

Edição

Seção

ARTIGOS