O Flamengo, os corpos pretos e as relações de devires

Autores

  • Elder Silva Correia Universidade Federal de Sergipe - UFS
  • Perolina Souza Teles Universidade Federal de Sergipe - UFS
  • Sandra Raquel Santos de Oliveira Universidade Federal de Sergipe - UFS https://orcid.org/0000-0001-6611-9969
  • Fabio Zoboli Universidade Federal de Sergipe - UFS https://orcid.org/0000-0001-5520-5773

DOI:

https://doi.org/10.22456/2595-4377.141924

Palavras-chave:

Corpos pretos, Flamengo, Devir, Racismo, Futebol

Resumo

O presente escrito tem como objetivo interpelar relações em devir entre o Flamengo e os corpos pretos demarcados pela apropriação e ressignificação de signos/traços de sua massiva torcida por termos pejorativos que podem ser vistos como depreciações racistas. Desse modo, o ensaio tensiona os usos incorporados e ressignificados pelo Flamengo de sua mascote, “urubu”, e do uso de termos recorrentes para fazer menção ao seu torcedor: “favelado” e “mulambo”. Estes signos/traços, ao serem utilizados de forma pejorativa para descrever os corpos pretos de sua torcida, também trazem consigo a potência do devir na medida em que oferecem condições de possibilidade para uma ação política no interior da estrutura do racismo, que pode evadir pela via da atividade pedagógica da escrita de outras possibilidades de contar histórias. Conclui-se que, se por um lado, o Flamengo se tornou o que é ao ser uma espécie de catalisador ao tempo que dá corpo para os afetos do povo preto e favelado, por outro, tal povo, foi capaz de operar novas maneiras de se dizer, ao ecoarem, Brasil afora, que Flamengo é time de preto!

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Biografia do Autor

Elder Silva Correia, Universidade Federal de Sergipe - UFS

Doutor em Educação pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Mestre em Educação Física pela Universidade Fderal do Espírito Santo (UFES). Professor do Departamento de educação Física da UFS. Membro do Grupo de pesquisa "Corpo e política".

Perolina Souza Teles, Universidade Federal de Sergipe - UFS

Professora da rede pública do estado de Sergipe. Atualmente é doutoranda no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe. Membra do Grupo de pesquisa “Corpo e política”.

Sandra Raquel Santos de Oliveira, Universidade Federal de Sergipe - UFS

Professora do Programa de Pós-graduação em Educação e do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Membra do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Exclusão, Cidadania e Direitos Humanos (GEPEC). Doutora em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Fabio Zoboli, Universidade Federal de Sergipe - UFS

Pós doutorando em "Educação do Corpo" pela Faculdad de Humanidades y ciencia de la Educación de la Universidad Nacional de La Plata - UNLP/Argentina. Professor do Programa de Pós-graduação em Educação PPGED e do Programa de Pós-graduação em Cinema - PPGCINE da Universidade Federal de Sergipe - UFS. Professor do Departamento de Educação Física da UFS. Membro do grupo de pesquisa "corpo e política".

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Publicado

11-12-2024

Como Citar

CORREIA, E. S.; TELES, P. S.; OLIVEIRA, S. R. S. de; ZOBOLI, F. O Flamengo, os corpos pretos e as relações de devires. Cadernos do Aplicação, Porto Alegre, v. 37, 2024. DOI: 10.22456/2595-4377.141924. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/CadernosdoAplicacao/article/view/141924. Acesso em: 23 abr. 2025.

Edição

Seção

Temática Especial 3