PODE A SUBALTERNA FALAR? BREVE CRÍTICA À CIÊNCIA ‘’SEM CORPO’’ E A DEFESA DE OUTRAS EPISTEMOLOGIAS PARA ENTENDERMOS O MUNDO
Resumo
Escolhi iniciar a primeira página deste trabalho com a citação do artigo de Bell Hooks, ‘’Intelectuais Negras’’, porque o trecho expressa exatamente o meu sentimento quando me defrontei com a possibilidade de escrever um ensaio como trabalho final de conclusão do meu curso de Doutorado. No presente texto, descrevo minha caminhada até a decisão de escrever um trabalho de tese integralmente autoral, baseado na minha experiência como mãe, mulher negra e periférica, assim como a experiência ancestral da maternidade das mulheres-mães da minha família. A tentativa deste ensaio é também empreender a crítica ao modelo de ciência hegemonicamente instituído na academia atualmente, o que denomino de um ‘’saber sem corpo’’ ou a ciência branca positivista. É fato que esse modelo exclui o conhecimento construído a partir da experiência. Isso significa dizer que o modelo acadêmico vigente invisibiliza as pessoas negras do que costumamos denominar de cânone da ciência, pois são estudos ancorados na experiência do ‘’ser negro’’. A provocação feita aqui constitui o trabalho de pensarmos outras maneiras de produzir conhecimento, diferentemente daquela que o colonizador europeu nos tem imposto desde a fundação desse país. Esse saber imposto tem apagado nossos saberes ancestrais e nos impedindo de contar a História a partir do nosso lugar no mundo. Esse lugar é o lugar do povo preto, com cosmologias e epistemologias que há tempos o homem branco tem desqualificado, deslegitimado e até mesmo criminalizado.Downloads
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