VIVÊNCIA PROFISSIONAL DE TRABALHADORES DA SAÚDE COM LONGO VÍNCULO INSTITUCIONAL: REFLEXÕES PRELIMINARES
DOI:
https://doi.org/10.54909/sp.v2i3.87937Resumo
O trabalho é categoria da vida e parte importante da condição humana vivenciada ao longo da existência. O objetivo do estudo é analisar como trabalhadores, com 31 a 35 anos de vínculo trabalhista no Grupo Hospitalar Conceição, Brasil, desenvolvem suas práticas profissionais e projetam o futuro no trabalho. Trata-se de um estudo de caso do tipo único holístico com abordagem qualitativa. Foram realizadas entrevistas com doze trabalhadores, cuja média de idade é 62 anos. As entrevistas abertas foram gravadas em áudio, transcritas na íntegra e os dados examinados com base nos fundamentos epistemológicos da análise do discurso. Busca-se compreender como se estabelecem as relações entre as práticas profissionais, entendendo-as no âmbito dos ingredientes do agir em competência e em relação aos processos de envelhecer no trabalho no contexto institucional. Resultados preliminares demonstram que as vivências no trabalho se constituem de modo concomitante à história da instituição. A preocupação com a técnica e em manter-se em consonância com protocolos de atendimento constituem o cotidiano e o reconhecimento do saber da experiência pelos pares. Os valores profissionais confundem-se com os da vida pessoal. Os achados iniciais da pesquisa contribuem para a compreensão das práticas profissionais de trabalhadores da saúde com longo vínculo de trabalho, bem como suscitam a problematização sobre o uso das tecnologias educacionais no contexto do envelhecer no trabalho.
Downloads
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Grupo Hospitalar Conceição. Gerência de Recursos Humanos. Relatório do número de trabalhadores conforme idade, sexo, tempo de vínculo empregatício e aposentadoria pelo INSS. Porto Alegre: Hospital Nossa Senhora da Conceição, out. 2017. Documento interno.
BRASIL. Ministério da Saúde. Grupo Hospitalar Conceição. Gerência de Recursos Humanos. Relatório do número de trabalhadores conforme tempo de vínculo empregatício, idade, cargo e setor de trabalho. Porto Alegre: Hospital Nossa Senhora da Conceição, maio 2018. Documento interno.
BRASIL. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília: Conselho Nacional de Saúde, DF, 2012.
BEAUVOIR, S. A velhice. Tradução: Maria Helena Franco Monteiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1990.
CAREGNATO, R. C. A.; MUTTI, R. Pesquisa qualitativa: análise de discurso versus análise de conteúdo. Texto & contexto enfermagem, Florianópolis, v. 15, n. 4, p. 679-684, out./dez. 2006.
CATANIA, L. «Qualification» et «compétences» au sein de l’espace social: quelles évolutions de la professionnalité prescrite? Ergologia, Aix-em-Provence, no. 10, p. 85-128, 2013.
CECCIM, R. B.; FEUERWERKER, L. C. M. O quadrilátero da formação para a área da saúde: ensino, gestão, atenção e controle social. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 41-65, 2004.
CONCEIÇÃO, M. V. T. Encarando a vida na aposentadoria: implicações da aposentadoria na perspectiva dos trabalhadores e dirigentes do GHC. 2008. 37 f. Projeto de Pesquisa (Curso de Especialização em Gestão Hospitalar) - Grupo Hospitalar Conceição, Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública, Porto Alegre, 2008.
FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 405p.
FRANÇA, L. H. F. P. et al. Aposentar-se ou continuar trabalhando: o que influencia essa decisão? Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, v. 33, n. 3, p. 548-563, 2013.
GASPERIN, C. Programa encontros com a vida: profissionais da saúde e a aposentadoria. 2016. 39f. Projeto de Intervenção (Curso de Especialização em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde) - Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul, Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública, Porto Alegre, 2016.
LIMA, V. V. Competência: distintas abordagens e implicações na formação de profissionais de saúde. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 9, n. 17, p. 369-379, mar./ago. 2005.
MERHY, E. E.; FEUERWERKER, L. C. M. Novo olhar sobre as tecnologias de saúde: uma necessidade contemporânea. In: MANDARINO, A. C. S.; GOMBERG, E. (Orgs.). Leituras de novas tecnologias e saúde. São Cristóvão: Editora UFS, 2009. p. 29-74.
MEYER, D. E.; FÉLIX, J.; VASCONCELOS, M. F. F. Por uma educação que se movimente como maré e inunde os cotidianos de serviços de saúde. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 17, n. 47, p. 859-871, 2013.
MINAYO, M. C. S. Amostragem e saturação em pesquisa qualitativa: consensos e controvérsias. Revista Pesquisa Qualitativa, São Paulo, v. 5, n. 7, p. 1-12, abr. 2017.
MOREIRA, J. O. Imaginários sobre aposentadoria, trabalho, velhice: estudo de caso com professores universitários. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 16, n. 4, p. 541-550, out./dez. 2011.
MOREIRA, J. O.; BARROS, F. M. B.; SILVA, J. M. Aposentadoria e exercício profissional: um encontro possível para os professores de uma universidade católica. Psicologia Argumento, Curitiba, v. 32, n. 79, supl. 2, p. 123-130, 2014.
NESPOLI, G. Os domínios da tecnologia educacional no campo da saúde. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 17, n. 47, p. 873-884, out./dez. 2013.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005.
PAULON, S. M.; ROMAGNOLI, R. C. Pesquisa-intervenção e cartografia: melindres e meandros metodológicos. Estudos e Pesquisas em Psicologia, Rio de Janeiro, ano 10, n. 1, p. 85-102, 2010.
SÁ, R. A.; WANDERBROOCKE, A. C. N. S. Os significados do trabalho face ao envelhecimento para servidoras de uma instituição pública de ensino superior. Boletim de Psicologia, São Paulo, v. 97, n. 145, p. 145-158, 2016.
SATO, A. T. et al. Processo de envelhecimento e trabalho: estudo de caso no setor de engenharia de manutenção de um hospital público do Município de São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 33, n.10, p. e00140316, 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v33n10/1678-4464-csp-33-10-e00140316.pdf> Acesso: 22 nov. 2018.
SCHERER, M. D. A.; PIRES, D.; SCHWARTZ, Y. Trabalho coletivo: um desafio para a gestão em saúde. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 43, n. 4, p. 721-725, 2009.
SCHWARTZ, Y. Concepções da formação profissional e dupla antecipação. Trabalho e Educação, Belo Horizonte, v. 22, n. 3, p. 17-33, set./dez. 2013.
SCHWARTZ, Y. Motivações do conceito de corpo-si: corpo-si, atividade, experiência. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 49, n. 3, p. 259-274, jul./set. 2014.
SCHWARTZ, Y. Conhecer e estudar o trabalho. Trabalho e Educação, Belo Horizonte, v. 24, n. 3, p. 83-89, set./dez. 2015a.
SCHWARTZ, Y. Manifesto por um ergoengajamento. In: SCHWARTZ, Y. et al. Trabalho e ergologia II: diálogos sobre a atividade humana. Belo Horizonte: Fabrefactum, 2015b. p. 325-369.
SCHWARTZ, Y.; DURRIVE, L. Trabalho e ergologia: conversas sobre a atividade humana. Niterói: EdUFF, 2007.
SILVA, C. R. S. Perfil do Envelhecimento dos Trabalhadores de um Hospital Público de Porto Alegre. 2013. 42 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Gestão da Atenção à Saúde do Idoso) - Grupo Hospitalar Conceição, Escola GHC, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.
SILVA, N. et al. Ambiente de acolhimento dos trabalhadores em fase de aposentadoria no GHC. 2008. 13 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização Técnica em Informação em Saúde) - Grupo Hospitalar Conceição, Escola GHC, Fundação Oswaldo Cruz, Porto Alegre, 2008.
SIMÕES, C. C. S. Relações entre as alterações históricas na dinâmica demográfica brasileira e os impactos decorrentes do processo de envelhecimento da população. Rio de Janeiro: IBGE, 2016.
SOUZA, R. F.; MATIAS, H. A.; BRETAS, A. C. Passarella. Reflexões sobre envelhecimento no trabalho. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 6, p. 2835-2843, 2010.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2010.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).