ILHAS LINGUÍSTICAS ALEMÃS EM MUNICÍPIOS ITALIANOS

Resumo

Nota preliminar: o texto cuja tradução se apresenta a seguir foi publicado no Kalender für die Deutschen in Brasilien, editado por Rotermund & Cia., São Leopoldo, em sua edição de 1922, às páginas 127-132, com o título “Deutsche Sprachinseln in italienischen Munizipen”. O autor era pastor itinerante luterano ligado ao Sínodo Riograndense, e se identificou pelo pseudônimo W. von der Elbe, ou seja, “W. do Elba”, dizendo-se nativo de uma pequena cidade às margens deste rio. A base da narrativa é uma viagem feita por ele, no ano de 1916, à antiga região de colonização italiana, para visitar comunidades teuto-evangélicas localizadas nos então extensos municípios de Alfredo Chaves, Guaporé e Encantado. Eventualmente, são feitas menções a viagens posteriores: o autor refere, por exemplo, a existência de estrada de ferro ligando Carlos Barbosa a Bento Gonçalves, trecho que somente foi concluído em agosto de 1919. No relato, transparece interessante pensamento de um pastor luterano alemão, com formação universitária, no Rio Grande do Sul dos anos 1920. A contemplação da paisagem natural ocupa boa parte da narrativa. Revela grande preocupação com a manutenção do caráter germânico das populações de língua alemã, e com a concorrência religiosa do Sínodo Missouri. Ao mesmo tempo, embora o convívio com a população de origem italiana seja descrito como amistoso – e isso em plena Primeira Guerra Mundial –, há o registro de um movimento tendente à homogeneização étnica, com o deslocamento de populações teutas das áreas limítrofes com a colônia italiana para outras frentes de colonização, fenômeno que também foi registrado por Jean Roche. A presente tradução pretende-se pequena contribuição para o estudo da quase desconhecida história de áreas no interior da região de colonização italiana que foram, inicialmente, povoadas por colonos de língua alemã. (Nota de Vicente Martins Dalla Chiesa).